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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Novos congressistas assumem com o desafio de superar velhas práticas políticas


Discursar, apresentar projetos de lei, fiscalizar os gastos públicos e ajudar a definir o orçamento são algumas das principais atribuições de um parlamentar. Essas atividades corriqueiras do Congresso Nacional serão uma novidade na vida de um em cada cinco congressistas que exercerão mandato a partir de 2019.

Dos 567 a serem empossados nesta sexta-feira (1º), 118 deputados e 10 senadores jamais ocuparam cargo eletivo. São militares, militantes políticos, apresentadores de TV, entre outros. Um número inédito e revelador das mudanças que as eleições impuseram ao cenário político do país.

Esse, porém, é apenas um entre os vários ineditismos que caracterizam o novo Parlamento, o mais fragmentado da história. Nunca tantos partidos conquistaram cadeiras na Câmara (30) e no Senado (21). Embalado pela popularidade do presidente eleito Jair Bolsonaro, o inexpressivo PSL virou a segunda maior força da Câmara. Sua ascensão marca, na avaliação de vários críticos e analistas políticos, a estreia da extrema direita no Congresso brasileiro.

Por outro lado, pela primeira vez também terão representação no Legislativo federal uma mulher indígena, a deputada Joênia Wapichana (Rede-RR), um deficiente visual, Felipe Rigoni (PSB-ES), e um senador homossexual assumido, Flávio Contarato (Rede-ES). A representação feminina alcançou o recorde de 77 eleitas na Câmara. Entre elas, a primeira deputada federal a receber mais de 1 milhão de votos, a jornalista Joice Hasselmann (PSL-SP).

Novidade também será a presença de dois generais entre os deputados – Girão (PSL-RN) e Peternelli (SP) –, algo que não ocorria desde a redemocratização do país. Os dois integrarão a chamada bancada da bala, que prega o armamento e o endurecimento das leis penais e ocupará aproximadamente 100 assentos, três vezes mais que na legislatura anterior.

Bancadas setoriais

Juntas, as bancadas da bala, ruralista e evangélica reúnem pelo menos 267 deputados e 47 senadores – alguns fazem parte das três, segundo levantamento preliminar da Revista Congresso em Foco. Conhecidas por atuarem em conjunto em várias pautas, viraram a aposta de um novo relacionamento entre o Executivo e o Parlamento.

Desde a montagem do ministério, Bolsonaro tem dito que priorizará as negociações com os integrantes das frentes setoriais em detrimento dos líderes partidários, associados ao tradicional “toma lá, dá cá”. Evangélicos e ruralistas, por exemplo, emplacaram ministros. Mas há dúvidas quanto à eficácia da fórmula.

“Sem ‘toma lá, dá cá’, a aliança em torno do governo será mais volátil. Será muito difícil para o governo manter uma base parlamentar sólida se não fizer alguma negociação com os partidos. Bolsonaro traz uma pauta com vários temas polêmicos, como Escola Sem Partido, privatização e redução da maioridade penal; com medidas às vezes impopulares; e pode sofrer interferências externas, seja da conjuntura nacional e internacional, seja por parte da opinião pública”, adverte o deputado reeleito Fábio Trad (PSD-MS), que deverá se manter neutro em relação ao novo governo.

Para Trad, Bolsonaro só terá sucesso se priorizar, no começo do governo, a agenda econômica. “Vir com pauta moralista agora é jogar gasolina na fogueira. O clima está acirrado e nada vai acirrar mais os ânimos do que a pauta moral. Do ponto de vista do governo e do país, é muito mais interessante discutir primeiro as reformas estruturantes, como as medidas para a economia, a redução do Estado etc.”, defende. Na pauta moral citada pelo deputado, estão temas relacionados a questões de gênero, aborto e direitos homoafetivos, explorados à exaustão na campanha por Bolsonaro e aliados.

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