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A crise da hora envolvendo o
filho do meio Carlos Bolsonaro e o ex-presidente do PSL e atual ministro
Gustavo Bebiano é algo impensável que nem o mais crítico observador imaginaria
acontecer.
Carlos não tem nenhum
mandato federal, é vereador do Rio e deveria estar cuidando de sua castigada
cidade – Flávio é senador e Eduardo, deputado federal -, mas é o filho mais
ouvido pelo presidente, estando sempre ao lado do pai, desde a solenidade de
posse ao acompanhamento na internação de no Hospital Albert Einstein, onde
Bolsonaro se submeteu a uma cirurgia abdominal. Controla das redes sociais e a
comunicação do presidente. Tudo de maneira informal, já que o governo possui um
porta-voz nomeado e no exercício da função.
A situação é surreal. Um
filho do presidente da República, sem qualquer importância funcional formal
dentro do governo, chega e chama um ministro de Estado de mentiroso. O que faz
o pai-presidente? Dá uma enquadrada no filho boquirroto? Tenta demonstrar que o
governo não é o que parece? Nada disso. A reação de Bolsonaro-pai é deixar o
seu ministro pendurado no pincel ao dizer praticamente a mesma coisa que disse
o filho pseudo porta-voz.
Não que Bebiano seja isento
de responsabilidade pelo rastilho de pólvora que se arma e precocemente começa
a explodir a credibilidade do presidente, do governo e do partido. Ele foi o
presidente do PSL antes de Luciano Bivar e tem tanta culpa quanto o sucessor na
proliferação do imenso laranjal em que se transformou a legenda. Praticamente
todo dia, a imprensa traz uma laranja nova, adubada com centenas de milhões de
reais do fundo partidário e que responderam com as menores mais caras votações
da História. Mas, daí pegar Bebiano e deixar ele torrar no forno armado por
Carlos Bolsonaro, já são outros quinhentos.
A crise toma fôlego a cada
lance desse episódio bizarro. A ponto de o presidente da Câmara dos Deputados
chegar e jogar azeite na panela fervente. Sem usar de meias-palavras, Rodrigo
Maia acusou Bolsonaro de se esconder atrás do filho para demitir um ministro.
Mais claro, impossível.
Para um presidente da
República, ouvir que não tem coragem de afastar um ministro e precisa, para
tal, de um biombo familiar, convenhamos, é algo inédito na República. Não há
notícia de um governo que, com 45 dias de vida, esteja tão enrolado, em boa
parte, por causa da parentada do chefe do Executivo. E de um chefe de Executivo
que não consegue conter a parentada intrometida.
O Brasil não é a casa dos
Bolsonaro. Alguém, no entanto, precisa dizer isto ao presidente. Mas não é o
bastante. E é bom o próprio presidente ter ouvidos e sensibilidade para
entender, aceitar e efetivamente mudar a situação. A pena para essa surdez pode
ser dura demais. Para o presidente e para o país.
Nessa crise envolvendo
Carlos Bolsonaro e Gustavo Bebiano, assistir ao noticiário do governo na
televisão tem sido constrangedor. Parece um bando de desnorteados tentando
disfarçar a gravidade, tanto do escândalo envolvendo o PSL quanto do
agravamento da crise de relacionamento que isto provocou.
O quadro é muito ruim. A
ingerência dos "garotos" em tudo e sobre todos deixa o País parado,
após dois meses e meio de governo. O resultado é uma horda de aliados magoados
e desrespeitados. É uma base parlamentar dividida e atônita. A maioria, vale
lembrar, não simpatiza com Carlos Bolsonaro e fecha com Bebiano. Como é o caso,
também, do vice-presidente Hamilton Mourão e até do ministro Chefe da Casa
Civil, Onix Lorenzoni.
Resta saber se essa
"unanimidade" afetará Bolsonaro e o fará se decidir entre ser o
presidente ou o pai superprotetor. O segundo caso vence com folga, até agora.
Por: Gilvandro Filho, dos
Jornalistas pela Democracia.
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