“Sem
abalo social e confronto direto, o Brasil não avançará”. Quem sentencia é Mino
Carta, jornalista e diretor da CartaCapital, que falou hoje (4) a dirigentes e
jornalistas da CUT. Ele abriu o Ciclo de Debates com a mesa “Liberdade de
expressão em tempos de golpe”. Vagner Freitas, presidente nacional da Central,
participou da abertura na sede nacional, no Brás, SP.
Nascido
na Itália Mino vive no Brasil desde 1946, onde construiu uma respeitável
carreira, à frente de importantes veículos. CartaCapital, um semanário
progressista, sofre os efeitos da crise econômica e do boicote publicitário
governamental. Por isso, setores sindicais se mobilizam por uma campanha de
assinaturas nas entidades de classe, informa o metalúrgico João Cayres,
secretário-geral da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM).
Crítico
duro da grande imprensa Mino rechaça o caráter classista e preconceituoso dos
nossos meios. Ele diz: “Nem digo que a mídia brasileira serve à elite, porque a
elite já seria uma coisa melhor. Na prática, serve à Casa Grande. Sem contar
que é uma imprensa de quinta categoria, que maltrata o vernáculo”.
Alinhado
à esquerda – definida por ele como busca da igualdade – Mino Carta mantém
fortes laços com o ex-presidente Lula, desde seu surgimento no sindicalismo.
“Dei a primeira capa de revista a Lula, em fevereiro de 1979”, conta, sem
deixar de criticar o tratamento dos governos petistas à mídia progressista.
“Adotaram o critério técnico, que favoreceu os grandes meios”, comenta, para
lembrar que, na Argentina, “os Sindicatos apoiaram o jornal Página 12 e a
senhora Kirchner enfrentou os grandes grupos”.
Destaca
participação da imprensa na luta por direitos
Limbo
- Ao reafirmar o caráter classista da grande mídia, Mino Carta alertou que o
povo brasileiro vive à margem. “A classe trabalhadora é pobre e vive no limbo”,
ressalta. Para o jornalista, o Brasil precisa de um partido de esquerda, que
dirija as lutas. “Sem confronto direto, não sairemos desse limbo em que se
encontra o País”. Ele menciona o Partido Comunista Italiano, que tirou o País
do atraso. Diz Mino: “A Itália tem pouca terra fértil e muita pedra, quase só
pedra. Ainda assim, se tornou a quarta economia do mundo”.
Espaço
- Mino Carta, afora o apoio a Lula e ao sindicalismo que ressurgia, lembra que
lançou jornal diário em 1979 (Jornal da República), que publicava uma página
sobre sindicalismo e trabalho. A ampliação da parceria entre CartaCapital e
sindicalismo, junto à CUT e a outras entidades, segundo Mino, pode ajudar a
revista a se levantar. “Não temos anúncio do governo e de empresas, até porque
boa parte desses empresários quer apenas ser rentista”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário