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quarta-feira, 12 de julho de 2017

Maia erra e implode acordo trabalhista de Temer

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, implode um acordo político feito pelo governo ao dizer que engavetará futura medida provisória de Michel Temer que suavize pontos da reforma trabalhista aprovada ontem no Senado.

Maia também comete um erro político, porque quebra um entendimento que viabilizou a aprovação da reforma. Isso é mau sinal na política.

Também é mais um indicativo de que o presidente da Câmara se movimenta de forma independente do governo e abraça uma agenda própria, de quem se candidata indiretamente ao lugar de Temer. Maia fez mais um gesto de descolamento de Temer.

A reforma trabalhista foi aprovada rapidamente e com o texto integral da Câmara, sem mudanças pelo Senado, porque o governo se comprometeu a editar a medida provisória alterando pontos do projeto, como proibir a liberação para que grávidas e lactantes trabalhem em locais insalubres e flexibilizar o imposto sindical, deixando de torná-lo obrigatório.

Engavetar a medida provisória agradará ao lobby empresarial, que foi o grande vencedor ontem, mas renderá contestações políticas a Maia. Ele dá um passo para se colocar como um fiador radical de reformas desejadas pelo mercado financeiro e o empresariado. Pode buscar uma candidatura presidencial como um candidato de direita que não tenha a inconsistência de Jair Bolsonaro e que seja menos dúbio do que os tucanos. Esse posicionamento vai atrair aliados, mas também inimigos.

Maia (DEM-RJ) alega que não participou do acordo para suavizar a reforma e que seria preciso parar de mentir no Brasil e aprovar projetos de mudança. No entanto, ele deveria ter dito isso antes da votação no Senado, já que invoca o argumento de que não se pode mentir mais no país. O partido dele, o DEM, também deveria ter abraçado essa posição publicamente.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), criticou Maia. Disse que é inadmissível o presidente da Câmara ter dito isso após a aprovação do projeto. Até agora, pelo menos publicamente, o DEM faz parte da base de apoio do governo.

Mais: a trabalhista é uma reforma delicada. Os defensores afirmam que gerará emprego. Os críticos dizem que prejudicará os trabalhadores, porque direitos conquistados há décadas foram extintos e flexibilizados. Obviamente, é uma reforma que fragiliza os empregados na negociação com os empregadores.

A declaração de Maia mostra que as senadoras que protestaram ontem tinham razão. Um argumento apresentado por elas é que Temer não teria condição política de aprovar via medida provisória, por exemplo, a mudança em relação a grávidas e lactantes. Sem o apoio de Maia, que controla a pauta de votação da Câmara, vai vigorar a versão mais draconiana da reforma. Obviamente, é pior para os trabalhadores.

Descolamento

A aprovação da reforma trabalhista ajuda a estratégia de Temer para sobreviver no cargo, mas não resolve o problema. Teria sido um desastre para o presidente a rejeição da reforma, porque equivaleria a um diagnóstico de fim da força congressual, de fim de governo. Nesse sentido, a aprovação dá fôlego a Temer para continuar lutando.

Mas a decisão de Maia de engavetar a futura medida provisória do presidente, se for mantida, vai deixar Temer mal politicamente. Maia também tem sido um apoiador da agenda de reformas de Temer. Sinalizava ter compromisso com o presidente. Essa decisão de engavetar a MP enfraquece Temer.

Por: Kennedy Alencar (http://www.blogdokennedy.com.br)

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