Pelo
seu protagonismo no embate contra a reforma Trabalhista (PLC 38/17), o
movimento sindical está em evidência, talvez como nunca estivesse nos últimos
20 ou 30 anos. Por isso, é atacado pelos três poderes e a mídia, que apoiam a
reforma para criar adversidades e prejudicar os trabalhadores (as) e suas
organizações políticas e sociais.
O
objetivo das profundas mudanças introduzidas no texto pela Câmara — para além
do aumento da exploração da mão de obra e da maximização do lucro — é tornar o
movimento sindical irrelevante, incapaz de agir e reagir à ampliação dos
desequilíbrios que a “reforma” vai produzir nas relações de trabalho.
Diante
desse cenário, a grande maioria dos brasileiros (as) pouco se importa se o país
passa por um golpe de estado, se os direitos humanos já foram pro vinagre, se não
existe mais democracia, se a constituição foi rasgada, se existe prisão
política, se haverá uma ditadura militar, se os pobres da cracolândia estão
sendo tratados como lixo.
Certamente
alienada pela manipulação dos noticiários, uma motorista da empresa (BR Mobilidade Baixada Santista), postou em seu perfil no
Facebook, críticas sobre a decisão de um Juiz que desobriga o desconto da
contribuição sindical dos não associados do sindicato. No seu desabafo,
infelizmente, exagera ao acusar todos os sindicalistas de receberem vantagens
indevidas de benefícios garantidos em Convenções ou Acordos Coletivos de
Trabalho.
“Receber
pra representar é tolerável... O que é inadmissível é ganhar do convênio; Ganhar
da Cesta-Básica; Ganhar do PLR; Empregar quem quiser e demitir sem motivo as
pessoais; Ter premiações com aumento de tarifa etc...”, escreve a internauta
que chama de mentiroso quem discordar de sua opinião.
“E
quem falar pra mim que tem um convênio que preste, uma cesta que preste, um
aumento merecido, tá mentindo. Porque sindicatos de todas as categorias não
começaram a receber a partir da decisão desse juiz, mas sim, há décadas e nada
muda! Enfim... O trabalhador acostumou a sofrer e tá tudo certo. A grande
realidade é que ninguém tem pra onde correr. Ou sustenta os bebedores de
whisky, ou cai na unha do patrão!”, complementa a trabalhadora.
Para Nailton Francisco de Souza (Porreta), diretor Nacional de Comunicação da Nova Central, mais
que combater as reformas do governo Temer (PMDB), que visam liquidar o Direito
do Trabalho, dificultar e até inviabilizar o direito à aposentadoria e o acesso
a outros benefícios previdenciários para a maioria da população, precisa - se "construir
uma agenda programática e, sobretudo, ações de enfretamento às cruéis
contradições da realidade, em face à crise que assola o país nas suas dimensões
éticas, econômica, política e social".
Relata que de
acordo com artigo da professora Alessandra Vieira, de modo análogo, a maioria
dos brasileiros se ocupa apenas da sobrevivência e da dura conquista do básico:
moradia, comida, escola e saúde. E mesmo os poucos que conseguem manter esse
básico (especialmente a classe média) não têm tempo para se preocupar com mais
nada: acordam muito cedo, trabalham mais de 8 horas, retornam exaustos,
assistem o Jornal Nacional e vão dormir para reiniciar a labuta no dia
seguinte. A vida se resume a uma luta individualista, egoísta e solitária pela
manutenção do básico.
Em
sua análise as TVs, os jornais e revistas reforçam e martelam diariamente essa
ideologia do individualismo e do trabalho maquinal: pense apenas em você;
invista apenas em você; é cada um por si; não reclame, trabalhe; não seja
vagabundo, trabalhe até o fim da vida; sempre foi e sempre será assim; com
esforço você conseguirá vencer; a meritocracia fará você vencer; os sindicatos
não servem pra nada; a política não presta; o coletivismo é um sonho; o
socialismo morreu; os empresários vão melhorar sua vida; o capitalismo selvagem
e sem grilhões é o futuro.
Ou
seja, tudo isso é mostrado ao público através de um lustro acadêmico e
profissional. A propaganda é tão intensa e tão bem feita que poucos conseguem
perceber a grande farsa que existe por trás dessa forma de pensar, alerta a
professora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário