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quarta-feira, 5 de julho de 2017

Desabafo alienado de uma trabalhadora contra os sindicatos

Pelo seu protagonismo no embate contra a reforma Trabalhista (PLC 38/17), o movimento sindical está em evidência, talvez como nunca estivesse nos últimos 20 ou 30 anos. Por isso, é atacado pelos três poderes e a mídia, que apoiam a reforma para criar adversidades e prejudicar os trabalhadores (as) e suas organizações políticas e sociais.

O objetivo das profundas mudanças introduzidas no texto pela Câmara — para além do aumento da exploração da mão de obra e da maximização do lucro — é tornar o movimento sindical irrelevante, incapaz de agir e reagir à ampliação dos desequilíbrios que a “reforma” vai produzir nas relações de trabalho.

Diante desse cenário, a grande maioria dos brasileiros (as) pouco se importa se o país passa por um golpe de estado, se os direitos humanos já foram pro vinagre, se não existe mais democracia, se a constituição foi rasgada, se existe prisão política, se haverá uma ditadura militar, se os pobres da cracolândia estão sendo tratados como lixo.

Certamente alienada pela manipulação dos noticiários, uma motorista da empresa (BR Mobilidade Baixada Santista), postou em seu perfil no Facebook, críticas sobre a decisão de um Juiz que desobriga o desconto da contribuição sindical dos não associados do sindicato. No seu desabafo, infelizmente, exagera ao acusar todos os sindicalistas de receberem vantagens indevidas de benefícios garantidos em Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho.

“Receber pra representar é tolerável... O que é inadmissível é ganhar do convênio; Ganhar da Cesta-Básica; Ganhar do PLR; Empregar quem quiser e demitir sem motivo as pessoais; Ter premiações com aumento de tarifa etc...”, escreve a internauta que chama de mentiroso quem discordar de sua opinião.

“E quem falar pra mim que tem um convênio que preste, uma cesta que preste, um aumento merecido, tá mentindo. Porque sindicatos de todas as categorias não começaram a receber a partir da decisão desse juiz, mas sim, há décadas e nada muda! Enfim... O trabalhador acostumou a sofrer e tá tudo certo. A grande realidade é que ninguém tem pra onde correr. Ou sustenta os bebedores de whisky, ou cai na unha do patrão!”, complementa a trabalhadora.

Para Nailton Francisco de Souza (Porreta), diretor Nacional de Comunicação da Nova Central, mais que combater as reformas do governo Temer (PMDB), que visam liquidar o Direito do Trabalho, dificultar e até inviabilizar o direito à aposentadoria e o acesso a outros benefícios previdenciários para a maioria da população, precisa - se "construir uma agenda programática e, sobretudo, ações de enfretamento às cruéis contradições da realidade, em face à crise que assola o país nas suas dimensões éticas, econômica, política e social".

Relata que de acordo com artigo da professora Alessandra Vieira, de modo análogo, a maioria dos brasileiros se ocupa apenas da sobrevivência e da dura conquista do básico: moradia, comida, escola e saúde. E mesmo os poucos que conseguem manter esse básico (especialmente a classe média) não têm tempo para se preocupar com mais nada: acordam muito cedo, trabalham mais de 8 horas, retornam exaustos, assistem o Jornal Nacional e vão dormir para reiniciar a labuta no dia seguinte. A vida se resume a uma luta individualista, egoísta e solitária pela manutenção do básico.

Em sua análise as TVs, os jornais e revistas reforçam e martelam diariamente essa ideologia do individualismo e do trabalho maquinal: pense apenas em você; invista apenas em você; é cada um por si; não reclame, trabalhe; não seja vagabundo, trabalhe até o fim da vida; sempre foi e sempre será assim; com esforço você conseguirá vencer; a meritocracia fará você vencer; os sindicatos não servem pra nada; a política não presta; o coletivismo é um sonho; o socialismo morreu; os empresários vão melhorar sua vida; o capitalismo selvagem e sem grilhões é o futuro.


Ou seja, tudo isso é mostrado ao público através de um lustro acadêmico e profissional. A propaganda é tão intensa e tão bem feita que poucos conseguem perceber a grande farsa que existe por trás dessa forma de pensar, alerta a professora.

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