Os
50 senadores que votaram pela reforma trabalhista não nos representam e deles
não se espera nenhum benefício para a classe trabalhadora. São elementos
orgânicos da exploração do capital; são, também, grandes empresários cujas
fortunas foram feitas com o suor e o sangue operário, e agora, soltam os seus
sorrisos de abutres, comemorando a vitória, fazendo as contas do lucro que vão
obter com a reforma trabalhista.
Novos
iates, mansões, jatinhos, desvio dos roubos trabalhistas para os paraísos
fiscais e mais dinheiro para comprar políticos que continuarão a defender os
seus interesses.
A
derrota no Senado mostra, para quem quiser ver, a essência da luta de classes.
Os grandes capitalistas, nacionais e estrangeiros, solidamente unidos para
garantir os seus privilégios em detrimento do trágico empobrecimento do
proletariado brasileiro, do desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT e
a precarização das condições laborais.
Assim,
a vitória patronal no Senado e, antes, na Câmara dos Deputados, foi a consequência
lógica do confronto de classe. Nós, trabalhadores e trabalhadoras; nós,
proletários e proletárias, perdemos uma dura batalha, entre tantas que são
comuns no enfrentamento entre capital e trabalho. Resta-nos, neste cenário de
terra desolada, recompor as forças e continuar a luta. A força do capital
exibiu o poderio das suas armas políticas, um Congresso ao seu dispor e um
governo curvado e submetido às suas exigências de lucros e mais valia.
Não
fomos traídos. Só mesmo a ingenuidade de classe e a conciliação vergonhosa
poderiam esperar outro resultado, acreditando em bondosa caridade dos
exploradores. Coeso e fortalecido com o golpe do impeachment, o mundo do
capital deu as cartas e bancou o jogo.
Uma
exibição de força do mesmo poder do dinheiro que põe e tira governos, elege e
manda nos parlamentares subservientes às suas ordens, compra e controla juízes
definindo sentenças, detém o monopólio absoluto dos meios de comunicação,
manipula e ordenha a opinião pública, incluindo, entre esta, uma grande parcela
da classe trabalhadora, cooptada e alienada às narrativas dos seus próprios
dominadores.
Os
patrões capitalistas, proprietários dos meios de produção e compradores da
força de trabalho a preço vil, nunca serão aliados do mundo do trabalho, pois,
eles servem a um único deus: o dinheiro, e se curvam em um único altar: o
mercado. Por isso não fomos traídos. Fomos derrotados.
Com
esse Congresso que aí está, deu a lógica possível e ficou a lição: se o
movimento sindical, rural e urbano, em aliança com os movimentos populares, com
os setores democráticos e progressistas e com o campo da esquerda, não for
capaz de alterar a presente correlação de forças políticas nos governos e nos
parlamentos, em especial no plano federal, estaremos condenados a outras
derrotas. Nesse entendimento o ano de 2018.
Exige-se,
mais do que nunca, o vínculo permanente com as bases, o retorno às mobilizações
e o permanente enfrentamento com o poder do capital. Neste sentido, a posição
de classe deve prevalecer sobre os discursos da harmonia e da união, acreditar
na pacificação da Nação para eleger Rodrigo Maia presidente é oportunismo
carreirista ou traição de classe. Acreditar em bondades de Michel Temer para
amenizar efeitos da Reforma é querer curar a ferida aumentando a sangria.
O
momento é outro, reconhecer a perda e preparar novas batalhas. Há muito a
fazer, com o princípio de guerra sem tréguas à exploração do capital com a
máxima unidade do movimento sindical. Pôde-se partir para questões concretas, a
luta por um referendo derrogatório da Reforma Trabalhista e a autorregulação da
organização sindical brasileira, por exemplo.
São
caminhos imediatos, enquanto respostas urgentes ao massacre imposto sobre
direitos trabalhistas e sindicais. Nenhuma trégua aos abutres que destruíram a
CLT e romperam o pacto civilizatório, mesmo precário, que ainda existia nas
relações de trabalho no Brasil. Perdemos a batalha, mas a guerra não acabou.
Por
isso, só podemos dizer, com a história na mão, que, se nos arrancam cem flores,
outras mil renascerão. Com o nosso esforço coletivo e unidade na luta seremos
capazes de manter a esperança por uma nova primavera, na qual, com as nossas
ações, seremos capazes de resistir, avançar e garantir nenhum direito a menos.
Por:
Sebastião Soares, Diretor Nacional de Formação Sindical da Nova Central
Sindical de Trabalhadores - NCST
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