Powered By Blogger

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Exploração e alienação, não aparecem como atributos da esfera da produção


No século XIX, o resplendor do progresso não oculta a questão social, caracterizada pelo recrudescimento da exploração do trabalho e das condições subumanas de vida: extensas jornadas de trabalho, de dezesseis a dezoito horas, sem direito a férias, sem garantia para velhice, doença e invalidez; arregimentação de crianças e mulheres, mão de obra mais barata; condições insalubres de trabalho, em locais mal iluminados e sem higiene; mal pagos, os trabalhadores também viviam mal alojados e em promiscuidade.

Com a ampliação do setor de serviços, aumenta a classe média, multiplicam-se as profissões de forma inimaginável e nos aglomerados urbano os escritórios abrigam milhares de funcionários executivos e burocratas em geral.

Na nova organização acentuam-se as características do individualismo que levam à atomização e dispersão dos indivíduos o que faz aumentar o interesse pelos assuntos da vida privada (e menos pelas questões públicas e políticas), além da procura hedonista de formas de lazer e satisfação imediata (talvez justamente porque o prazer lhes é negado no trabalho alienado).

Assim, a exploração e a alienação, embora ainda existam, não aparecem como atributos da esfera da produção, mas da esfera do consumo. Ao prosperarem materialmente, os trabalhadores (as) passam a compartilhar do “espírito capitalista”, sucumbe aos apelos e promessas da sociedade de consumo.

O torvelinho produção-consumo em que está mergulhado o homem contemporâneo impede-o de ver com clareza a própria exploração e a perda de liberdade, de tal forma se acha reduzido na alienação ao que Marcuse chama de uni-dimensionalidade (ou seja, a uma só dimensão).

Ao deixar de ser centro de si mesmo, o homem perde a dimensão de contestação e crítica, sendo destruída a possibilidade de oposição no campo da política, da arte, da moral. Os sistemas de controle da sociedade aprisionam o indivíduo numa rede aparentemente sem saída. E infelizmente, a maioria dos brasileiros (as) tem pobreza no falar, pobreza no pensar e impotência no agir.

Enquanto prevalecerem as funções divididas do homem que pensa e do homem que só executa, será impossível evitar a dominação, pois sempre existirá a ideia de que só alguns sabem e são competentes e, portanto, decidem: a maioria que nada sabe é incompetente e obedece. Por isso, a questão fundamental, hoje, é a da necessidade da reflexão moral sobre os fins a que a técnica atende e observar se está a serviço do homem ou da sua exploração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário