Com o fechamento das coligações partidárias e o registro das chapas nesta
quarta-feira (15/08), o Brasil ingressa de vez no debate sobre a sucessão
presidencial. Serão apenas 55 dias de campanha, no processo eleitoral mais
curto da história recente do país. Após o golpe parlamentar-judicial-midiático
que depôs Dilma Rousseff e levou ao poder a quadrilha de Michel Temer e, ainda,
da prisão política do ex-presidente Lula, o maior líder popular da história
brasileira, a eleição é uma total incógnita.
Como irá se comportar a mídia monopolista, controlada por sete famílias,
neste processo? Apesar dos abalos recentes no seu modelo de negócios, como
indicam as cruéis demissões no Grupo Abril, a mídia segue com enorme
protagonismo na sociedade. É o maior partido da direita, do capital, no Brasil.
Uma diretriz editorial ela já definiu. Não aceita, de jeito nenhum, a
candidatura do ex-presidente Lula. A Folha golpista, em recente editorial,
decretou – substituindo o Judiciário e pautando seus ministros – que o líder
petista não deve ser candidato. Já a revista IstoÉ, que muitos chamam
carinhosamente de QuantoÉ, estampou na capa da edição da semana passada que
"Lula não poderá ser candidato". A Veja, o detrito de maré do império
decadente da Abril, também já oficializou esta decisão. E o Grupo Globo, que de
fato manda na mídia brasileira, faz de tudo para esconder Lula no cárcere de
Curitiba. Transformou o ex-presidente em um desaparecido político, como na
época da ditadura militar.
Uma segunda diretriz editorial também parece já definida. A mídia
golpista vai de Geraldo Alckmin, o picolé de chuchu que não decola. Foi o que
restou para ela, depois de várias tentativas de lançar outsiders. Nas suas
redes sociais, a Veja até já estampou a foto do candidato tucano. O Estadão manifestou
apoio em editorial. E a TV Globo evita dar destaque às inúmeras denúncias de
corrupção contra o tucanato de São Paulo. Dersa, trensalão, merenda escolar e
outras sujeiras são abafadas. Alckmin é um Santo – conforme seu apelido nas
planilhas de propina da Odebrecht.
Já a terceira diretriz editorial ainda está confusa. A mídia golpista não
sabe como tratar a sua mais famosa criatura, Jair Bolsonaro. O fascista foi
chocado pela mídia, com sua criminalização da política e sua escandalização da
violência no país. O medo e a insegurança projetaram politicamente o ex-capitão
amante da ditadura, da tortura e do ódio. Para viabilizar a ida ao segundo
turno do picolé de chuchu, a direita extremada precisará tirar do esgoto as
sujeiras e inconsistências de Jair Bolsonaro. A indicação de Ana Amélia,
ex-funcionária da Globo, para vice de Alckmin visa exatamente disputar o voto
desta direita insana.
Mas se desgastar muito o fascista, a eleição tende a ser entre a direita
e a esquerda. A mídia ainda teme esse cenário. Teme perder pela quinta vez uma
eleição presidencial. Para ela, o cenário ideal seria o da disputa entre a
direita extremada (Alckmin-Ana Amélia) e a extrema-direita (Bolsonaro-Mourão).
As próximas semanas ajudarão a definir a terceira diretriz editorial do partido
único da mídia. A conferir!
Por: Altamiro Borges, Jornalista.
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