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terça-feira, 28 de agosto de 2018

Trabalhadores do setor de manutenção esperam por solução de seus problemas


Na Campanha Salarial – 2018 feita pelo Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SINDMOTORISTAS – SP), ficou convencionado que as empresas teriam 60 (sessenta) dias para solucionar as distorções, inclusive de natureza salarial no Plano de Carreira do Setor de Manutenção.

Os membros da CNS - Comissão de Negociação Salarial -  que representaram os trabalhadores (as) deste seguimento, fizeram um levantamento de todos os problemas e pendências encontrados nas empresas de ônibus, elaboraram um relatório e entregaram para Valmir Santana da Paz (Sorriso), presidente em exercício da entidade.

Desde o dia 28 de junho foi protocolado em todas empresas de ônibus urbano da cidade de São Paulo, pautas de reivindicações que já deveriam ter sido, ao menos, discutida com os diretores e delegados do SINDMOTORISTAS. A morosidade para solucionar as irregularidades apontadas, tem provocado ansiedade e revolta nos que esperam por soluções de suas demandas.

De acordo com Nailton Francisco de Souza (Porreta) coordenador geral da CNS, em algumas garagens, o descrédito e a desilusão têm estimulado os associados darem baixa no seu cadastro no sindicato. “Temos que evitar a debandada. O momento exime mais aglutinação e não dispersão. Sugiro que a diretoria do sindicato encare a situação com maior dedicação e vigor”, diz Nailton.

Para minimizar a situação apresenta como sugestão, a elaboração de um calendário de reuniões regionais entre os representantes da categoria, a partir de setembro, para fazer um estudo das cláusulas da CCT – Convenção Coletiva de Trabalho – específicas do setor e que são desrespeitadas integralmente pelos patrões.

“Precisamos decidir conjuntamente qual caminho seguir. Em última hipótese, devemos organizar manifestações por empresa e denunciá-las na SRT – Superintendência Regional do Trabalho – órgão vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)”, recomenda Porreta.

Eleições 2018 o que candidato podem e não podem durante a campanha


Candidatos e eleitores devem respeitar regras estabelecidas pela Justiça Eleitoral a partir desta quinta-feira (16), início da propaganda eleitoral, conforme resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso contrário, estarão sujeitos a multas e até a cassação do mandato, no caso dos eleitos.

Em 7 de outubro, brasileiros vão às urnas escolher candidatos a presidente e vice-presidente da República, governador e vice-governador, senador, deputado federal e deputado estadual ou distrital. Onde houver segundo turno, a campanha nas ruas vai até 27 de outubro, na véspera da votação (28, domingo).

Veja abaixo um resumo do que podem e não podem fazer candidatos e eleitores durante a campanha eleitoral deste ano:

O que pode o candidato

  • Distribuir folhetos, adesivos e impressos, independentemente de autorização, sempre sob responsabilidade do partido, da coligação ou do candidato (o material gráfico deve conter CNPJ ou CPF do responsável pela confecção, quem a contratou e a tiragem);
  • Colar propaganda eleitoral no para-brisa traseiro do carro em adesivo microperfurado; em outras posições do veículo também é permitido usar adesivos, desde que não ultrapassem meio metro quadrado;
  • Usar bandeiras móveis em vias públicas, desde que não atrapalhem o trânsito de pessoas e veículos;
  • Usar em carreatas, caminhadas e passeatas ou durante reuniões e comícios alto-falantes, amplificadores, carros de som e minitrios entre 8h e 22h, desde que estejam a, no mínimo, 200 metros de distância de repartições públicas, hospitais, escolas, bibliotecas, igrejas e teatros.
  • Realizar comícios entre 8h e 24h, inclusive com uso de trios elétricos em local fixo, que poderão tocar somente jingle de campanha e emitir discursos políticos;
  • Fixar propaganda em papel ou adesivo com tamanho de até meio metro quadrado em bens particulares, desde que com autorização espontânea e gratuita do proprietário;
  • Pagar por até 10 anúncios em jornal ou revista, em tamanho limitado e em datas diversas, desde que informe, na própria publicidade, o valor pago pela inserção;
  • Arrecadar recursos para a campanha por meio de financiamento coletivo (crowdfunding ou vaquinha virtual)
  • Fazer propaganda na internet, desde que gratuita e publicada em site oficial do candidato, do partido ou da coligação hospedados no Brasil ou em blogs e redes sociais;
  • Promover o impulsionamento de conteúdo na internet (post pago em redes sociais), desde que identificado como tal e contratado exclusivamente por partidos políticos, coligações e candidatos e seus representantes, devendo conter o CNPJ ou CPF do responsável e a expressão “Propaganda Eleitoral”;
  • Fazer propaganda em blogs, redes sociais e sites de mensagens instantâneas com conteúdo produzido ou editado por candidato, partido ou coligação;
  • Usar ferramentas para garantir posições de destaque nas páginas de respostas dos grandes buscadores;
  • Enviar mensagens eletrônicas, desde que disponibilizem opção para descadastramento do destinatário, que deverá ser feito em até 48 horas.

O que não pode o candidato

  • Fixar propaganda em bens públicos, postes, placas de trânsito, outdoors, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus, árvores, inclusive com pichação, tinta, placas, faixas, cavaletes e bonecos;
  • Fazer propaganda em bens particulares por meio de inscrição ou pintura em fachadas, muros ou paredes;
  • Jogar ou autorizar o derrame de propaganda no local de votação ou nas vias próximas, mesmo na véspera da eleição;
  • Fazer showmício com apresentação de artistas, mesmo sem remuneração. Cantores, atores ou apresentadores que forem candidatos não poderão fazer campanha em suas atrações;
  • Fazer propaganda ou pedir votos por meio de telemarketing;
  • Confeccionar, utilizar e distribuir camisetas, chaveiros, bonés,canetas, brindes, cestas básicas, bens ou materiais que proporcionem vantagem ao eleitor;
  • Pagar por propaganda na internet, exceto o impulsionamento de publicações em redes sociais;
  • Publicar propaganda na internet em sites de empresas ou outras pessoas jurídicas, bem como de órgãos públicos;
  • Fazer propaganda na internet, atribuindo indevidamente sua autoria a outra pessoa, candidato, partido ou coligação;
  • Usar dispositivos ou programas como robôs, conhecidos por distorcer a repercussão de conteúdo;
  • Usar recurso de impulsionamento somente com a finalidade de promoção ou benefício dos próprios candidatos ou suas agremiações e para denegrir a imagem de outros candidatos;
  • Fazer propaganda eleitoral em sites oficiais ou hospedados por órgãos da administração pública (da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios);
  • Agredir e atacar a honra de candidatos na internet e nas redes sociais, bem como divulgar fatos sabidamente inverídicos sobre adversários;
  • Ao fazer divulgação do financiamento coletivo (crowdfunding ou vaquinha virtual) para arrecadação de recursos de campanha, os candidatos estão proibidos de pedir votos;
  • Veicular propaganda no rádio ou na TV paga e fora do horário gratuito, bem como usar a propaganda para promover marca ou produto;
  • Degradar ou ridicularizar candidatos, usar montagens, trucagens, computação gráfica, desenhos animados e efeitos especiais no rádio e na TV;
  • Fazer propaganda de guerra, violência, subversão do regime, com preconceitos de raça ou classe, que instigue a desobediência à lei ou que desrespeite símbolos nacionais.
  • Usar símbolos, frases ou imagens associadas ou semelhantes às empregadas por órgão de governo, empresa pública ou estatal;
  • Inutilizar, alterar ou perturbar qualquer forma de propaganda devidamente realizada ou impedir propaganda devidamente realizada por outro candidato.

O que pode o eleitor

  • Participar livremente da campanha eleitoral, respeitando as regras sobre propaganda nas ruas e na internet aplicadas aos candidatos;
  • Apoiar candidato com gastos de até R$ 1.064,10, com emissão de comprovante da despesa em nome do eleitor (bens e serviços entregues caracterizam doação, limitada a 10% da renda no ano anterior);
  • Fazer doações acima de R$ 1.064,10 apenas mediante transferência eletrônica (TED) da conta bancária do doador direto para a conta bancária do candidato beneficiado;
  • Fazer doações para candidatos por meio de sites habilitados pela Justiça Eleitoral para realizar financiamento coletivo (crowdfunding ou vaquinha virtual);
  • Ceder uso de bens móveis ou imóveis de sua propriedade, com valor estimado de até R$ 40 mil;
  • Prestar serviços gratuitamente para a campanha;
  • No dia da votação, é permitida só manifestação individual e silenciosa da preferência pelo partido ou candidato, com uso somente de bandeiras, broches, dísticos e adesivos;
  • Manifestar pensamento, mas sem anonimato, inclusive na internet.

O que não pode o eleitor

  • Trocar voto por dinheiro, material de construção, cestas básicas, atendimento médico, cirurgia, emprego ou qualquer outro favor ou bem;
  • Cobrar pela fixação de propaganda em seus bens móveis ou imóveis;
  • Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou outra pessoa, dinheiro, dádiva ou qualquer vantagem, para obter ou dar voto, conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita;
  • Fazer doação para campanha com moedas virtuais;
  • Se servidor público, trabalhar na campanha eleitoral durante o horário de expediente;
  • Inutilizar, alterar, impedir ou perturbar meio lícito de propaganda eleitoral;
  • Degradar ou ridicularizar candidato por qualquer meio, ofendendo sua honra.
  • Fazer boca de urna no dia da eleição, ou seja, divulgar propaganda de partidos ou candidatos.

Márcio Pochmann: Indústria é nossa coluna vertebral e vamos retomá-la


O economista Marcio Pochmann concedeu entrevista ao programa "Brasil Primeiro" e explicou detalhes do plano emergencial proposto pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para recuperar a economia do País que, após o golpe de 2016, encontra-se destroçada pela política de austeridade do governo Temer. Na sua opinião, "a indústria é a coluna vertebral de todo País e precisa ser retomada com urgência".

Ele condena a atual política econômica do governo Temer (MDB/PSDB), classificando-a como "ponte para o passado" e diz que, caso o PT vença o pleito eleitoral, algumas medidas serão tomadas a partir do dia primeiro de janeiro. "Precisamos retomar as mais de sete mil obras públicas paradas, movimentando a construção civil, a própria recuperação do programa Minha Casa, Minha Vida está no bojo dessa medida", elucida. Pochmann ressalta que é fundamental recuperar o setor produtivo do País.

"Precisamos resgatar a base industrial, neste sentido contaremos com o apoio do Banco dos Brics, buscando, dessa forma, retomar o pleno emprego", expõe. "A indústria é a coluna vertebral de um País, não dá para pensar num projeto de reindustrialização do Brasil sem projetar investimentos em ciência e tecnologia, caso contrário, continuaremos a produzir produtos com baixo valor agregado".

O economista salienta que, com a nova guerra comercial global, onde EUA e China disputam o comércio mundial, é muito importante unir forças. "Além de retomar a soberania, temos que repactuar nossa relação com os países da América Latina", observa.

Pochmann explica que o sistema tributário brasileiro penaliza os mais pobres, argumentando que irá liberar o máximo de impostos possíveis da base da pirâmide social. ''Deixando claro que não estamos trabalhando com o esvaziamento da carga tributária", finaliza.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Dalmo Dallari: Ao ignorar PT, mídia pratica discriminação ilegal


A Lei Eleitoral, de 1997, impede o tratamento privilegiado no rádio e na TV. Mas, de acordo com o jurista Dalmo Dallari, as emissoras da TV têm praticado “discriminação ilegal” contra a chapa presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT), encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele afirma que não houve nenhuma decisão judicial que justificasse as empresas de comunicação ignorarem a campanha de Lula.

“Como candidato, ele tem direitos que a lei assegura a todos os candidatos. Legalmente, ele tem direito de ser ouvido, de usar os meios de comunicação que são usados por todos os demais candidatos. Ele não é um semi-candidato. Por enquanto, é um candidato como os demais”, explica Dallari.

A defesa do ex-presidente protocolou, na quinta-feira (23/08), uma petição no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que as emissoras de televisão garantam à chapa do partido o mesmo tratamento dado aos demais candidatos.

O documento direcionado ao TSE menciona a Rede Globo, o SBT, a Bandeirantes, a TV Record e a RedeTV!. Segundo os advogados, o objetivo da ação é garantir o cumprimento da Lei n° 9.504/97, para impedir que as empresas ajam “de modo antidemocrático” e usem o poder de comunicação “para desviar toda e qualquer atenção do referido candidato”.

Dallari caracteriza a omissão da candidatura como uma “discriminação ilegal”. “Digamos que as emissoras dissessem: só vamos entrevistar quem mora no Rio ou em Brasília. Todos os demais ficam fora. Isso seria um absurdo. Mas é o que está sendo feito, precisamente. Há uma alegação, de fato, que não é impeditivo.”

Violação do direito à comunicação

O Jornal Nacional, principal programa jornalístico da Rede Globo, tem acompanhado apenas a agenda de Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB). Já a campanha de Lula, representada por Fernando Haddad e Manuela D’Ávila, não ganhou a mesma atenção na emissora.

Na semana que vem, o telejornal vai fazer uma rodada de entrevistas apenas com os quatro candidatos. Lula, no entanto, é quem lidera as pesquisas eleitorais, com 39% das intenções de votos, segundo o instituto Datafolha.

Entidades da sociedade civil, como o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), se posicionaram contra a omissão da campanha petista. Para a coordenadora da entidade, a jornalista Renata Mielli, a postura das emissoras explicita a violação ao direito da comunicação e à liberdade de expressão.

“Na medida em que um veículo de comunicação, de forma deliberada e discricionária, anuncia que vai ignorar uma campanha, ela está negando à sociedade o direito de ter informações sobre aquela campanha. Isso é censura privada”, salienta.

Mielli afirma que a prática de definir os partidos que irão ao debate pelo critério do tamanho já restringe o direito da sociedade conhecer as candidaturas. “Quando essa decisão atinge a candidatura que é líder das pesquisas de opinião, isso pode provocar uma distorção no resultado eleitoral, que é perigosíssima para a democracia e para a soberania popular”.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Exploração e alienação, não aparecem como atributos da esfera da produção


No século XIX, o resplendor do progresso não oculta a questão social, caracterizada pelo recrudescimento da exploração do trabalho e das condições subumanas de vida: extensas jornadas de trabalho, de dezesseis a dezoito horas, sem direito a férias, sem garantia para velhice, doença e invalidez; arregimentação de crianças e mulheres, mão de obra mais barata; condições insalubres de trabalho, em locais mal iluminados e sem higiene; mal pagos, os trabalhadores também viviam mal alojados e em promiscuidade.

Com a ampliação do setor de serviços, aumenta a classe média, multiplicam-se as profissões de forma inimaginável e nos aglomerados urbano os escritórios abrigam milhares de funcionários executivos e burocratas em geral.

Na nova organização acentuam-se as características do individualismo que levam à atomização e dispersão dos indivíduos o que faz aumentar o interesse pelos assuntos da vida privada (e menos pelas questões públicas e políticas), além da procura hedonista de formas de lazer e satisfação imediata (talvez justamente porque o prazer lhes é negado no trabalho alienado).

Assim, a exploração e a alienação, embora ainda existam, não aparecem como atributos da esfera da produção, mas da esfera do consumo. Ao prosperarem materialmente, os trabalhadores (as) passam a compartilhar do “espírito capitalista”, sucumbe aos apelos e promessas da sociedade de consumo.

O torvelinho produção-consumo em que está mergulhado o homem contemporâneo impede-o de ver com clareza a própria exploração e a perda de liberdade, de tal forma se acha reduzido na alienação ao que Marcuse chama de uni-dimensionalidade (ou seja, a uma só dimensão).

Ao deixar de ser centro de si mesmo, o homem perde a dimensão de contestação e crítica, sendo destruída a possibilidade de oposição no campo da política, da arte, da moral. Os sistemas de controle da sociedade aprisionam o indivíduo numa rede aparentemente sem saída. E infelizmente, a maioria dos brasileiros (as) tem pobreza no falar, pobreza no pensar e impotência no agir.

Enquanto prevalecerem as funções divididas do homem que pensa e do homem que só executa, será impossível evitar a dominação, pois sempre existirá a ideia de que só alguns sabem e são competentes e, portanto, decidem: a maioria que nada sabe é incompetente e obedece. Por isso, a questão fundamental, hoje, é a da necessidade da reflexão moral sobre os fins a que a técnica atende e observar se está a serviço do homem ou da sua exploração.

Com 39% das intenções de voto, JN não cobrirá candidatura de Lula


A TV Globo anunciou, na edição do Jornal Nacional desta segunda-feira (20), sua estratégia para tentar diminuir a popularidade de Lula, que cresce dia a dia: vai ignorar a agenda de campanha de Haddad, vice na chapa e representante do ex-presidente.

Após repercutir os resultados da pesquisa Ibope, que mostram o ex-presidente como líder isolado nas intenções de voto para a presidência, o ‘Jornal Nacional’ mostrou a agenda de campanha dos candidatos e informou que não vai cobrir a agenda do PT, que tem como representante o vice da chapa, Fernando Haddad.

O ex-prefeito é o provável substituto de Lula caso sua candidatura seja impugnada pelo TSE. William Bonner disse, ao vivo, que o programa não divulgará nada da agenda do PT pois o titular da chapa, que é o ex-presidente Lula, está preso. Nas redes sociais, internautas comentaram a manobra do jornalismo tendencioso da emissora Chapa Branca.

Mesmo com ela contra, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida para a Presidência da República com 39% das intenções de voto, de acordo com a primeira pesquisa do Datafolha, publicada quarta-feira (22/08) pelo jornal Folha de S.Paulo.

O Datafolha ouviu 8.433 eleitores em 313 municípios entre os dias 20 e 21 de agosto de 2018. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. O registro da pesquisa na Justiça Eleitoral foi feito sob o protocolo BR 04023/2018.

Manobrista consegue adicional de periculosidade por conduzir ônibus em área de risco


O manobrista de uma empresa de ônibus mineira ganhou na Justiça o direito a adicional de periculosidade por conduzir veículos da frota até a bomba de abastecimento. A decisão foi da 35ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte. De acordo com diligência realizada pelo perito, foi comprovado que o empregado ficava, de forma habitual e rotineira, em área considerada de risco pela NR-16 da Portaria 3.214-78 do Ministério do Trabalho e Emprego.

Ele conduzia cerca de 20 veículos da frota até a bomba, local em que permanecia por aproximadamente 10 minutos. Para o juiz Marco Túlio Machado Santos, o tempo de permanência na área de risco não pode ser considerado eventual ou fortuito, tendo em vista o grande número de veículos que o manobrista conduzia ao local de abastecimento, diariamente.

Segundo o magistrado, não é só aquele que opera a bomba de combustível que faz jus ao pagamento do adicional. É evidente que o trabalhador que permanece de forma habitual na área de risco também está sujeito a perder a sua vida na hipótese de combustão do inflamável, explica.

Por essas razões, o juiz julgou procedente o pagamento do adicional de periculosidade, no percentual de 30% sobre o salário do autor da ação, com repercussões nas horas extras pagas, nas férias com 1/3, nos 13°s salários e no FGTS com multa de 40%. Na mesma ação, o juiz garantiu ao empregado o direito ao adicional de insalubridade no percentual de 20% sobre o salário-mínimo.

O perito do juízo verificou que o trabalhador, no exercício da função de motorista, ficava sujeito a vibrações em nível superior ao limite previsto no Anexo B da ISO 2631-1, norma adotada como parâmetro até agosto de 2014. Sendo assim, o laudo técnico concluiu pela caracterização da insalubridade, em grau médio, de julho de 2013 até agosto de 2014.

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Eleições 2018: Trabalhadores em transportes apresentam suas propostas


No contexto geopolítico, o Brasil não difere da grande maioria dos países desenvolvidos e dos emergentes com relação às desigualdades do sistema de transporte na maioria dos setores, seja no transporte de passageiros como cargas. A crise institucional, econômica, moral, ética e social que vivemos, reflete principalmente nas desigualdades sociais, atinge as questões de moradia, transporte, saúde, educação e tanto outros setores.

Em busca de soluções governamentais é que os diretores (as) da Nova Central Sindical de Trabalhadores no Estado de São Paulo (NCST-SP) e Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de São Paulo (FTTRESP) e os sindicatos filiados apresentaram na segunda-feira (20/08), uma proposta intitulada – ‘Diretrizes Para o Setor de Transportes’ - como contribuição para o Programa ou Plano Estadual de Governo do candidato a governador Luiz Marinho (PT).

Sabemos que o setor de transportes possui entre suas principais atribuições, garantir níveis de acessibilidade e mobilidade necessárias à efetivação do desenvolvimento de uma nação. Sua eficácia deixa muito a desejar no sentido de contribuir para a superação das desigualdades regionais e sociais, que provoca entraves ao crescimento da economia brasileira.

No País, as políticas de transportes não acompanha a explosão populacional, social e econômica das cidades. O déficit estrutural do setor pode ser atribuído a não priorização pelos governantes, falta de integração entre as diversas políticas setoriais, como habitação, emprego, renda, ocupação do solo urbano, meio ambiente, bem como nos diversos setores da cadeia produtiva do transporte.

Às questões relativas ao trânsito, transporte, logística e trabalhadores (as) do sistema, são discutidas de forma individualizada entre os diversos atores responsáveis pela circulação de pessoas e bens, diferente do que determina a legislação recente do País. Precisamos mudar esta lógica e ocupar os espaços de debates que possam deliberar pelo tema.

Medidas governamentais para o setor são implantadas de forma isolada, como é o caso da proibição a circulação de caminhões ou ônibus de fretamento e turismo em horários restritos, sem um planejamento de logística ou das condições de trabalho. Os trabalhadores (as) do sistema urbano rodoviário de passageiros trabalham em horários irregulares, passando por cima de todas as Normas Regulamentadoras e a legislação trabalhista e agora também o Código de Trânsito Brasileiro.

As categorias diferenciadas do setor estão presentes nos diversos seguimentos econômicos, com relevante importância na cadeia produtiva, raramente são lembrados na garantia de seus direitos, como se veículos, máquinas, operação de trânsito e logística funcionassem com um simples apertar de botões, sendo sua presença ressaltada somente em acidentes ou em congestionamentos.

O Estado de São Paulo devido suas diferenças regionais, geográficas, sociais, culturais, econômicas, deve ter uma política de integração intermodal e de infraestrutura para circulação e trânsito, uma política condições de trabalho, acidentes de trânsito e trabalho, qualificação profissional, segurança, gênero, etnias e outras políticas em beneficio da população em geral.

No mais, o principal objetivo do documento é promover uma reflexão sobre as políticas públicas implementadas e que deram certo, aprofundar a discussão sobre a reativação de antigas e novas proposituras para mobilidade da população, trabalhadores (as) do setor, com vistas à retomada do crescimento do Estado de São Paulo, que é de fundamental importância para reduzir as enormes desigualdades existentes.

Luiz Gonçalves (Luizinho)
Presidente Estadual Nova Central - SP

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Eleições 2018: Para reflexão do potencial eleitor de Bolsonaro


Parcela do eleitorado – indignada com a situação do País, enfurecida com a corrupção e com a violência – tem sede de vingança. E esse sentimento aproxima essas pessoas do candidato Jair Messias Bolsonaro, que não faz outra coisa na vida a não ser reforçar a revolta nas pessoas.

Quando um agente político identifica uma situação de desconforto e recomenda uma punição para os seus supostos responsáveis, esse gesto o aproxima das pessoas que estão incomodadas com a situação, fazendo-as imaginar que esse diagnóstico comum é suficiente para fazer dele (agente político) seu representante no Congresso ou no Poder Legislativo. O “messianismo” ou a crença na vinda de um salvador ou redentor, caído do céu, imaculado e justiceiro, para libertar o povo de seus males, é um fato na cultura da Humanidade, mas, ao mesmo tempo, pode gerar a alienação dos indivíduos quanto a serem, eles mesmos, os agentes para a solução dos problemas identificados.

O método adotado por Bolsonaro para sensibilizar seus apoiadores consiste em apontar problemas (criminalidade, corrupção, desemprego), indicar os supostos culpados (a esquerda, os comunistas, os malandros e corruptos), além de sugerir uma suposta solução (a punição, no caso a repressão, o encarceramento, o corte de direitos e serviços públicos etc), numa construção que denota causa e efeito.

Para potencializar e manter as pessoas presas a essa fórmula, seus apoiadores utilizam as redes sociais para espalhar discórdia, mentiras e apontar fatos da realidade que chocam a sociedade. Existe um exército de mercenários, a serviço dos bolsonaristas, que alimenta, estimula e sustenta esse tipo de campanha permanente.

É o modo de comunicação troll, que provoca reações enfurecidas, estimula um comportamento de massas, manipula, maneja e molda as crenças e sentimentos das pessoas sem contar com o consentimento ou vontade consciente delas. Provoca os instintos mais primitivos do ser humano.

Essa é uma fórmula – empregada em larga escala pelos fascistas e nazistas – que conduz as pessoas, sem que elas tenham o trabalho de raciocinar, disparando o gatilho mental da raiva ou do ódio sempre que se depara com uma situação ou notícia ruim.

O exemplo mais acabado disso foi o nazismo, uma doutrina ideológica de direita, que Adolf Hitler liderou na Alemanha no século passado. As táticas adotadas pelo Partido Nazista começaram por apontar os judeus como os culpados por todos os males da Alemanha. A partir daí, promoveram o seu expurgo da vida política e econômica e acabaram por praticar o seu extermínio como “solução final”.

O nazismo tinha como elemento mobilizador exatamente essa fórmula empregada por Jair Bolsonaro e sua turma, que consiste em culpar a esquerda, os comunistas e os pobres, especialmente os negros e as pessoas que dependem de políticas de transferência de renda, pelos males do País.

Com esse método, as pessoas são induzidas a achar que a punição, a repressão, o encarceramento – combinados com a supressão de direitos e de liberdades de determinados segmentos – vão resolver todos os problemas do País.

O assustador nisso é que os bolsonaristas, sem o menor pudor, exploram a fé e a ignorância (desinformação) de muita gente, de um lado, invocando a religião e a defesa da família, e, de outro, a necessidade de emprego da força para punir os culpados pelos problemas do País.

Em nome da defesa da família, toda hora invocando o nome de Deus, atribuem a piora da situação à corrupção, às políticas de transferência de renda para presidiário, às quotas aos vulneráveis, à ausência de porte de armas, ao Estatuto da Infância e do Adolescente, que não pune o menor infrator com o mesmo rigor dos adultos.

As pessoas, envenenadas contra os “inimigos”, se enchem de ressentimento e até de ódio e viram militantes ou ativistas de teclados, repassando pelas redes sociais toda e qualquer “informação” contra esse suposto inimigo. Nessa hora, até o nome do candidato (que tem por segundo nome “Messias”) fortalece a ideia de que essa “ira santa” é legítima.

Para sair dessa armadilha, as pessoas precisam raciocinar, pensar, agir racionalmente. Por exemplo. Precisam indagar se o candidato e sua equipe são capazes, têm propostas viáveis ou reúnem condições para solucionar os graves problemas do País. Sobretudo, devem procurar saber se o candidato tem, ele mesmo, capacidade de pensar o País, de analisar a realidade e a conjuntura por seus próprios méritos e identificar as soluções sem abrir mão de suas responsabilidades, pois é ele, em última análise, que irá responder pelo Governo. A punição apenas castiga os erros do passado, mas não resolve os problemas que deram causa à punição nem os outros problemas que exigem decisão política, capacidade intelectual, idoneidade moral, recursos e capacidade de gestão.

Ninguém deve pautar seu voto apenas pelo diagnóstico. Se alguém constata que uma situação está ruim não significa que ela (essa pessoa) estará habilitada ou reúne condições para melhorar a situação. Votar por coincidência de diagnóstico não apenas não é recomendável, como é temerário.

Esse tipo de eleitor, que age de modo irrefletido ou por impulso, confiando cegamente no messianismo do candidato, sem verificar se ele e sua equipe têm condições de resolver os problemas que afligem a população, é o mais vulnerável. Ele será a potencial vítima de sua escolha, caso seu candidato seja eleito. Além do risco de estar elegendo seu próprio algoz, tende a perder em qualquer hipótese: na vitória e na derrota de seu candidato.

Na hipótese de vitória, a frustração será inevitável, tanto pela falta de governabilidade (incapacidade de aprovar e implementar o que prometeu) do futuro governante, quanto pelo conteúdo das propostas, que, no caso de Bolsonaro, sinalizam para um brutal corte de serviços públicos e de direitos e programas sociais.

Para assegurar a governabilidade e evitar a paralisia ou o colapso das instituições e dos serviços públicos, é indispensável que o governo reúna quatro tipos de estabilidade: política, social, financeira e de gestão.

E Bolsonaro não reúne nenhuma delas, a começar pela base parlamentar. Seu partido não elegerá nem 20 deputados nem três senadores e irá precisar, para aprovar suas propostas de alteração na Constituição, de pelo menos 308 votos na Câmara e 49 no Senado.

Quanto ao conteúdo, as propostas não se destinam a proteger os assalariados (trabalhadores, servidores e aposentados) nem atender às demandas da população por serviços públicos de qualidade, saúde, educação, transporte e emprego, mas ao desmonte do Estado, com a venda de estatais e o corte de direitos trabalhistas, previdenciários e a redução dos programas sociais e dos serviços públicos.

A prioridade máxima será a repressão em substituição à prevenção, o que irá ampliar a violência, tanto de parte dos policiais, como dos próprios bandidos e infratores, que passarão a ser mais violentos com suas vítimas. O argumento de que o País já está em “guerra civil” só levará, nessa perspectiva, a uma escalada nessa guerra, onde os mais fracos (os cidadãos) serão os mais prejudicados.

Num cenário desses, os eleitores muito engajados na defesa das ações de repressão estarão muito mais expostos à violência policial do que os demais, já que a polícia em ação não identifica quem é aliado ou adversário do governo.

No caso de derrota, esse eleitor se transformará (se já não for) numa espécie de talibã – com seu fundamentalismo persecutório, moralista e justiceiro – e irá questionar o resultado eleitoral e defender as “ideias” do candidato derrotado, comprando briga com familiares, amigos e vizinhos, deixando em segundo plano sua vida profissional.

Se o eleitor tiver consciência desses riscos e quiser botar fogo no País, pode continuar apoiando candidatos com essas características. Entretanto, se quiser resolver os problemas, deve refletir melhor sobre seu voto. Estará entre duas opções: condenar o País à escuridão ou acender uma vela.

Por: Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, consultor, analista político e diretor de Documentação do Diap e Luiz Alberto dos Santos é advogado, Mestre em Administração e Doutor em Ciências Sociais e professor colaborador da EBAPE/FGV e ENAP.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

50 mil pessoas acompanharam registro da candidatura de Lula à Presidência da República


Agora é oficial: a candidatura de Lula à Presidência da República foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quarta-feira (15/07). Acompanhados por milhares de militantes que ocuparam a capital federal neste dia histórico, o candidato à vice-presidente na chapa de Lula, o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, a presidenta do PT Gleisi Hoffmann, e a deputada do PC do B Manuela D’Ávila formalizaram a vontade da maioria do povo brasileiro.

Após formalizar o registro, eles se juntaram aos 50 mil manifestantes que participaram da Marcha Lula Livre e se reuniram em frente ao TSE para um grande ato popular de apoio a candidatura do ex-presidente.

Haddad disse para a militância que Lula é o único candidato capaz de tirar esse país da crise “e nós não pretendemos arredar o pé das ruas até conduzir Lula ao Palácio do Planalto. E é isso que nós vamos fazer.”

Se dirigindo à multidão que acompanhava o ato, Haddad leu a carta de Lula ao povo brasileiro.

“A partir de amanhã, vamos nos espalhar pelo Brasil para - nas ruas, no trabalho, nas redes sociais, mas principalmente olhando nos olhos das pessoas - lembrar que esse país um dia já foi feliz e que os mais pobres estavam contemplados no orçamento da União como investimento, e não como despesa”, conclama Lula na carta.

“Vamos dialogar com aqueles que viram que o Brasil saiu do rumo, estão sem esperança, mas sabem que o país precisa resolver o seu destino nas urnas, não em golpes ou no tapetão. Lembrar que com democracia, com nosso trabalho, o Brasil vai voltar a ser feliz”, continua o ex-presidente.

“Enquanto eu estiver preso, cada um de vocês será a minha perna e a minha voz. Vamos retomar a esperança, a soberania e a alegria desse nosso grande país”, diz Lula em um trecho da carta.

Para a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, o dia do registro da candidatura de Lula é um dia histórico na caminhada política do povo brasileiro porque, pela primeira vez na história, o registro da candidatura a presidente da República foi feito nos braços do povo.

“Lula está registrado e é candidato à presidente do Brasil. Muitos disseram que a candidatura de Lula não seria registrada, mas nós registramos e vamos com ele até no final, no dia 7 de outubro”.

Segundo Gleisi, a chegada até esse dia foi a despeito de muitos que não acreditavam, a despeito do golpe de 2016, que começou com o impeachment da Dilma, a retirada dos direitos dos trabalhadores, com a recessão na economia, com a crise política e o ataque a democracia.

“Chegamos aqui pela resistência, pela persistência, mas, sobretudo, porque nós acreditamos no Brasil, acreditamos no povo brasileiro. Nosso povo está sofrido, desempregado e passando por grandes necessidades e vê em Lula a esperança, a confiança nos dias melhores.”

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Sindicalismo no Brasil: Origens históricas, concepções, estrutura e desafios atuais


Que os sindicatos são instituições consolidadas na vida dos trabalhadores, isso já está claro. No entanto, poucas pessoas sabem da fundamental importância que eles possuem e como foram constituídos até que se tornassem a expressão máxima dos trabalhadores.

É importante resgatar o surgimento das organizações sindicais, desde a República velha, passando pelo sindicalismo no período Vargas, o surgimento do Novo Sindicalismo e também os desafios e problemas enfrentados pelo sindicalismo contemporâneo. É através do estudo da História que se obtém a compreensão do presente e a construção de um projeto de futuro.

A transição da escravidão ao trabalho assalariado

A classe trabalhadora é produto histórico das contradições geradas pelo capitalismo, da expropriação da força de trabalho do trabalhador, da exploração de classe, da violência física e moral imprimida pelos patrões para produzir lucros e acumular riquezas.

No Brasil a classe operária, depois as outras classes trabalhadoras, surgiu com o final da escravidão, no período pós 1880, e depois com a abolição e o surgimento do trabalho assalariado, em fábricas, em larga escala, no século XX.

No início do século, o país sofreu forte influência das lideranças anarco-sindicalistas socialistas e comunistas. A influência das experiências européias entre os trabalhadores vieram com a chegada de muitos estrangeiros, que eram trabalhadores qualificados e artesãos.

Houve um predomínio dos anarquistas no início do século XX, que foi decisivo para o nascimentos do movimento operário organizado no Brasil (aqui conhecidos por anarco-sindicalistas). Estes eram militantes operários que procuravam( e procuram), a partir das lutas sindicais, derrubar o regime capitalista, o Estado e toda forma de opressão.

O pensamento anarquista se origina na Itália, Espanha e França. Eles só reconhecem a autoridade de uma assembléia. Eles não se submetiam a qualquer poder delegado ou toda representação que retire do trabalhador a autonomia de decidir e se auto-organizar.

Contrários à herança dos partidos comunistas, eles recusam e combatem toda forma de organização centralizada. Nos sindicatos,priorizam o trabalho no campo da educação e das atividades culturais , com isso buscam despertar os trabalhadores não somente para a luta por seus interesses específicos, mas para a transformação radical da sociedade. Combatiam, portanto, a luta meramente economicista e corporativa, que visavam apenas à defesa coletiva de seus interesses, contra a exploração do trabalho.

As concepções políticas e ideológicas

No início do século XX, com a chegada dos imigrantes, as primeiras lutas operárias, o enfrentamento contra o novo patronato capitalista, que saiu da casa grande para a fábrica, mas continuou tratando o trabalhador como escravo, levou à criação dos sindicatos e da COB.

Em 1908 é criada a Confederação Operária Brasileira (COB) que reunia cerca de 60 núcleos operários, círculos e sindicatos, associações de classe das principais cidades brasileiros; Rio, São Paulo, Salvador, Recife, as com maior números de operários fabris.

Assumem uma concepção anticapitalista, e de combate contra as arbitrariedades policiais, organizam fundos e mobilizações de solidariedade às lutas em outros países, a operários em greve, a operários estrangeiros expulsos.

Essas lutas se materializam em atos públicos, passeatas e manifestações. Os anarco-sindicalistas são laicos, e antireligiosos, e combatem a influência do clero nos assuntos políticos e do Estado, principalmente as associações clericais e suas práticas assistencialistas e beneficentes.

Outra concepção importante eram os comunistas, principalmente após a Revolução Russa de 1917, que influenciou o movimento operário mundial, juntando as idéias de Marx (pensador e militante comunista alemão) às idéias operárias contra o capitalismo.

A fundação do PCB em 1922 foi o ponto alto da herança comunista e de sua presença no movimento sindical nas primeiras décadas do capitalismo brasileiro Os socialistas também foram importantes, pois entendiam que a organização de sindicatos e de greves deviam ser associadas às lutas pela participação eleitoral e parlamentar, para transformar o Estado numa perspectiva de atender aos interesses históricos e imediatos das massas trabalhadores.

Os trabalhistas, corrente do início do século, também de grande importância, lutavam na defesa dos interesses dos operários com objetivos de melhorar as condições de vida dos trabalhadores e de conquistar e garantir os direitos deles.

Os primeiros 30 anos foram de intensas lutas e enfrentamentos. A República no Brasil foi construída desrespeitando e agredindo violentamente o povo trabalhador. As elites escravocratas que tiveram que fechar as senzalas transferiram a exploração para o chão da fábrica, dando continuidade a mentalidade escravista, não garantindo direitos e considerando os trabalhadores como simples objetos de produção e instrumentos de lucros.

Repressão ao sindicalismo revolucionário e independente, tutela e atrelamento do sindicato ao estado

A Era Vargas e a ditadura militar

O período que vai de 1930 a 1945 é conhecido na história brasileira como Era Vargas ou Estado Novo. Nesse período o Estado é o principal instrumento da industrialização e da urbanização do Brasil, um projeto de nação capitalista, de conciliação entre o capital e o trabalho, tendo o Estado como árbitro. Portanto, uma nova etapa na história do movimento sindical, das lutas sociais e, especialmente no que se refere aos sindicatos, com uma crescente integração dos sindicatos ao controle do Estado.

Isso se dá mais claramente a partir da criação do Ministério do Trabalho, por Vargas, em novembro de 1930. Em março de 1931 é publicada a lei da Sindicalização, esta legislação tinha como objetivo submeter à atividade sindical ao controle do Estado. A lei proibia, entre outras questões, toda propaganda ideológica no sindicato.

O Estado e a política trabalhista desenvolvida por ele estimulam o corporativismo, isto é, que os sindicatos sejam organizados por categoria profissional e não por ramo de atividade econômica. Em 1932 são promulgadas várias leis sociais e trabalhistas, definindo critérios da aposentadoria, da jornada de trabalho de 8 horas, proteção do trabalho das mulheres.

Enfim, conquistas alcançadas após longos anos de luta dos trabalhadores, sob a direção dos comunistas, anarcosindicalistas e socialistas anarquistas, implementadas pelo governo Vargas, com o intuito de criar uma base social operária para o Estado.

Em 1935 ocorre a formação da Aliança Nacional Libertadora e ocorre o levante comunista de 1935, com uma repressão brutal da polícia e de outros órgãos de repressão sobre o movimento operário. O Estado Novo empreendeu uma violenta repressão aos comunistas e a eliminação do quadros operários.

No período 1930-45 se dá uma profunda mudança na composição da classe operária, devido a seu crescimento de 500%. A ampla maioria dos trabalhadores são de origem rural, fruto da migração do campo para a cidade.
Nesse período se consolidam várias garantias sociais (CLT: salário mínimo, aposentadoria, estabilidade para operários com mais de 10 anos de serviço) ao proletariado industrial são um avanço inegável: apoio de muitos trabalhadores e Vargas. Na CLT se inserem várias vantagens trabalhistas conquistadas pelos sindicatos e que se estendem a toda categoria profissional, independentemente do trabalhador ser ou não sindicalizado.

Ela também garante a tutela do Estado nas negociações entre empregados e empregadores. Sua estrutura se mantém no corporativismo, que impedia que os sindicatos de diferentes categorias de uma mesma localidade se articulassem entre si, garantindo assim, que não houvesse uma grande formação de trabalhadores organizados numa central sindical. Estrutura vertical e subordinada ao Estado.

O Estado dirigia o funcionamento da organização sindical nos 3 planos: desde o sindicato, federação e confederação. A Constituição de 1937 e a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), de 1943, confirmam a Lei de Sindicalização de 1931.

O elemento fundamental da nova estrutura consiste no imposto sindical, onde cada operário é obrigado a pagar o correspondente a um dia de trabalho ao ano, sendo sindicalizado ou não. Esse imposto é recolhido pelo Ministério do Trabalho e uma porcentagem dele é distribuída aos sindicatos através da subvenção social ou seja, a transferência de recursos financeiros públicos para organizações de caráter assistencial e sem fins lucrativos.

Com isso, os sindicatos converteram-se em instituições de assistência social, fornecedores de serviços sociais (serviços médicos, colônias de férias etc.).
A intenção era manter uma burocracia sindical política e economicamente vinculada ao Ministério do Trabalho, já que o Imposto sindical trazia para o Estado e para as corporações boa quantia de recursos financeiros. No entanto, a utilização desse dinheiro era vetada para fundos de greve e para propaganda política. Cria-se, assim, uma relação de dependência entre o movimento operário e o Estado.

A estrutura sindical construída no Estado Novo se manteve no pós Segunda Guerra Mundial. Entre 1945 e 1964, período conhecido como nacional desenvolvimentista, em que o Estado se associa ao grande capital internacional, para ampliar as bases da industrialização e da expansão ao interior. Um projeto nacional de infra-estrutura para a consolidação do modo de produção capitalista baseado na indústria. Cresce, com isso, a importância da classe operária, principalmente nos grandes centros, tendo o ABC em São Paulo como seu núcleo mais dinâmico.

Os sindicatos continuam subordinados ao poder do Estado e controle se dá principalmente pelo imposto sindical, extraído compulsoriamente dos trabalhadores e transformado em recursos financeiros nas mãos dos patrões e dos sindicalistas pelegos (termos que se refere àqueles que utilizam a estrutura sindical para “amortecer” a luta de classes, e transforma os aparelhos em ”anteparo” dos conflitos, feito um acolchoado no lombo dos cavalos, para amaciar o atrito e facilitar a montaria do cavaleiro).

É corrente entre os estudiosos da história política e social brasileira identificar esse período como o a “redemocratização”, pois estamos saindo de um período de ditadura, marcado pela repressão policial, coopatação ou atrelamento do movimento sindical, cassação dos direitos políticos e prisão das lideranças que se alinhavam contra Vargas e o Estado Novo. Essa ditadura teve seu auge nos anos 1937- 1945. Mesmo com a chamada redemocratização, os instrumentos de controle e repressão permaneceram.

O movimento sindical, pelo menos nos seus setores majoritários, permaneceu atrelado ao imposto sindical e ideologicamente não se buscou o rompimento dos laços orgânicos que subordinavam os sindicatos ao Estado.

Em 1945 os comunistas tentam impulsionar uma ruptura do sindicalismo com o Estado. Essa busca de alternativa se materializa na criação do Movimento Unificador dos Trabalhadores (MUP). Eles reivindicam uma reforma sindical, nos aspectos mais importantes da estrutura oficial, como o direito de organizar sindicatos independentes da chancela do Ministério do Trabalho, e uma maior autonomia política para suas ações.

Apesar dessa busca de autonomia, os comunistas continuam participando da Frente Democrática Antifascista, no período inicial da “Guerra Fria”, em aliança com os setores ligados ao Varguismo. “Guerra Fria”; é a denominação que se dá ao processo de trégua capitaneado pelos EUA e URSS com o fim da segunda guerra mundial, em que se divide o mundo em dois grandes blocos geopolíticos “ o bloco comunista, ou do leste europeu, sob liderança da URSS, e o bloco capitalista, na Europa ocidental e Américas, com hegemonia dos EUA.

Em 1947 o Partido Comunista Brasileiro é colocado na ilegalidade e a repressão aos comunistas volta com toda força. Mesmo assim, ao arrepio da legislação trabalhista e sindical, o movimento sindical busca se organizar de forma autônoma, surgindo várias organizações sindicais independentes, sob forma de plenárias, movimentos horizontais, articulações interestaduais. Criada na década de 1950, a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) foi a mais importante, consolidada no início dos anos 1960, já no governo de João Goulart (1961-1964).

No contexto nacional desenvolvimentista, nos anos 1950 até início da década de 1960, o movimento sindical se fortalece. Os sindicatos se transformam em interlocutores importantes dos trabalhadores diante dos patrões e do Estado. Essa influência institucional crescente torna o sindicalismo participante da vida política nacional.

No entanto, os sindicatos ainda não haviam conseguido se organizar e tão pouco superar a dependência do Estado. A crescente industrialização e a conseqüente urbanização, como produto desta, levam a um processo de declínio do campesinato e do trabalho no setor agrário da economia.

A classe operária e o trabalho nas fábricas assumem um protagonismo que tem como desdobramentos a maior influência dos sindicatos operários e urbanos como força política de vanguarda nas lutas e movimentos políticos, principalmente no início dos anos 1960.

Os fenômenos da industrialização e urbanização e expansão para os estados do interior (Centro Oeste, Norte) fortalecem outros grupos e camadas sociais, como as classes médias, os empresários industriais, burocracia estatal, os militares e os segmentos da intelectualidade brasileira.

Consolida-se uma sociedade civil diferenciada, urbana e incorporada ao espírito da indústria, do comércio e do consumo. A classe dominante, e as classes médias, como acontecem historicamente, se torna protagonista dos valores conservadores e individualistas, agora alimentada pela possibilidade de maior consumo No governo de João Goulart há um acirramento dos conflitos de interesses entre esses diferentes grupos. Os embates políticos se aguçam na medida em que o espaço público se alarga.

Os sindicatos assumem a ponta desse processo de confrontação, intensificando as lutas salariais e em defesa de diretos trabalhistas, e questionando a crescente dependência econômica do Estado brasileiro aos capitais externos. A classe operária e os setores do funcionalismo público, como os professores, e os estudantes (o movimento estudantil é, nesse contexto histórico, um importante sujeito político coletivo) intensificam as jornadas de lutas e as exigências por reformas de base, principalmente nos campos da educação, saúde, moradia, emprego e reforma agrária.

 Os comunistas, lideranças independentes vinculadas aos setores progressistas da Igreja, e intelectuais nacionalistas assumem abertamente a defesa das reformas, da ampliação das lutas sociais, da ruptura com a dependência econômica e política externas e, por conseqüência, a defesa do governo Goulart.

Pressionam o Estado para obter ganhos econômicos, sociais e políticos. A correlação de forças, aparentemente, possibilitava o avanço dos movimentos sociais, e o governo sinalizava favoravelmente nessa direção. O movimento sindical busca maior autonomia, formando uniões sindicais independentes, como o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT, mas não confunda com a outra, que era Confederação), fundado em 1962, no auge das lutas operárias e estudantis. Intensifica-se a participação dos sindicatos na vida política nacional.

Perigosamente, essa crescente influência não resultou em maior aprofundamento da autonomia, fortalecimento coletivo e formação política dos trabalhadores. Não se constituíram movimentos independentes e desatrelados do Estado, mas sim vinculado aos interesses deste. O apoio de Goulart aos sindicatos, essa aliança do sindicalismo com o Estado, produziu uma ilusão de poder, uma subestimação das reais forças da classe trabalhadora.


Os sindicatos foram estimulados a radicalizar nos discursos e nas ações políticas, indo muito além do que suas próprias forças garantiam. Um sindicalismo de vanguarda, sem a suficiente retaguarda das massas. Não se nega a necessidade e a coerência de se buscar as lutas de massas e as reivindicações coletivas como instrumentos essências aos trabalhadores na busca de seus direitos e na transformação do Estado.

O que se questiona é se as direções compreendem a realidade objetiva e a correlação das forças em disputa no terreno da luta de classes. A nosso ver, a capacidade de reação das classes dominantes e dos setores médios urbanos foram subestimados, eivados de conservadorismo e outros valores burgueses.

O fantasma vermelho, a ameaça do comunismo e o medo do barulho nas ruas tão largamente vociferados e ardilosamente fermentados pela direita brasileira, não foram devidamente dimensionados pelas forças da esquerda social e política nos anos 1961-1964. Veio o golpe fascista, executado pelos militares, sob patrocínio do grande capital estrangeiro e do governo dos EUA. Uma lição que mais tarde seria apreendida pelo movimento sindical pós ditadura militar, que as direções não podem substituir as massas, ao contrário, só o movimento concreto da classe pode garantir conquistas e poder político.

Ressurgimento do sindicalismo combativo: da transição da ditadura ao neoliberalismo

A fundação da CUT Brasil foi produto histórico da luta organizada de um múltiplo e diversificado leque de forças sociais e políticas que resultou num amplo movimento de contestação e combate ao regime militar, suas doutrinas e práticas violentas e autoritárias e pelo resgate do Estado democrático de direito. A existência da CUT significou, no campo sindical, um rompimento concreto com os limites da estrutura sindical oficial corporativa, e um profundo avanço dos trabalhadores na conquista de direitos humanos, civis e sociais.

Dados do Censo Sindical, produzido pelo IBGE de 2002, atualizados pelo DIEESE em 2006, indicam que os sindicatos ainda enfrentam os problemas produzidos pelo vendaval neoliberal que varreu o mundo contemporâneo arrancou raízes, destruiu identidades, disseminou o individualismo e esvaziaram os processos, coletivos de produção da solidariedade de classe dos trabalhadores.

A ofensiva neoliberal nos anos 90 e sua lógica destrutiva produziram profundos e extensos estragos nas economias, nas sociedades e principalmente nos movimentos sociais organizados no Brasil e no mundo. Dentre estes, os sindicatos sofreram profundas derrotas. O campo combativo e classista que se forjou na década de 1980.

A CUT não ficou imune a essa ofensiva. A maioria de suas lideranças ficou dividida entre a perplexidade, a resistência fragmentada (setores e correntes minoritárias no interior da CUT), e a “adesão propositiva”.

Da agenda neoliberal faziam parte a remoção do “excesso de proteção” ao trabalho e do “arcaico corporativismo sindical ” herdado da Era Vargas. A flexibilização dos direitos trabalhistas, vistos como obstáculo à livre negociação conduzida pelos interesses do mercado, é, para os neoliberais, a garantia de relações trabalhistas “modernas e livres”, portanto sem a necessidade de intermediações dos sindicatos e de “interferência indevida” do Estado. A consequência direta da flexibilização é a precarização do emprego, o subempregro e o desemprego.

Um dos principais obstáculos à consolidação das políticas neoliberais do grande capital internacionalizado no Brasil foi, sem dúvida alguma, a resistência dos trabalhadores, especialmente os setores mais organizados e combativos, com experiências acumuladas de lutas, reunidos em torno da CUT. Para as classes dominantes, era urgente construir uma ferramenta que fosse instrumento de disputa de hegemonia dentro do próprio mundo do trabalho. Não bastava só atacar os sindicatos e as organizações populares, era necessário disputar no próprio campo.

Por: Helder Molina