A revista Veja, em parceria
com o site The Intercept Brasil, divulgou nesta sexta-feira 12 mais um trecho
de diálogos vazados entre integrantes da operação Lava Jato. Dessa vez, a
conversa mostra o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa em
Curitiba, interagindo com um dos membros do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região (TRF4), órgão encarregado de julgar em segunda instância os processos da
Lava Jato.
O integrante, no caso, é o
desembargador João Pedro Gebran Neto, que atua como relator dos casos da
operação dentro do TRF4. Deltan cita em um grupo com outros procuradores do
Ministério Público que Gebran estava fazendo o seu voto, no caso de Adir Assad,
e que achava as provas da acusação fracas.
Adir Assad é um dos
operadores de propinas da Petrobras, preso pela primeira vez em março de 2015.
Em setembro, ele acabou condenado pelo então juiz Sérgio Moro a nove anos e dez
meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de
quadrilha.
Esse diálogo aconteceu cinco
meses antes do julgamento do caso de Assad em segunda instância. Se as
conversas forem comprovadas, Gebran cometeu um ato ilegal ao pedir, fora dos
autos do processo, que a acusação refaça as provas do caso para conseguir condenar
o réu.
‘Encontro
Fortuito’
Já na véspera do julgamento
de Assad, Dallagnol mostra-se novamente preocupado com a possibilidade de
Gebran absolver o condenado.
O coordenador da operação
entra em contato com o procurador Carlos Augusto da Silva Cazarré, da
força-tarefa da Procuradoria Regional da República da 4ª Região, que atua junto
ao TRF4, em Porto Alegre. “Cazarré, tem como sondar se absolverão Assad? (…) se
for esse o caso, talvez fosse melhor pedir pra adiar agilizar o acordo ao
máximo para garantir a manutenção da condenação…”, escreve Dallagnol.
“Olha Quando falei com ele,
há uns 2 meses, não achei q fisse (sic) absolver… Acho difícil adiar”, responde
Cazarré. Na sequência, Dallagnol volta a citar Gebran: “Falei com ele umas
duas vezes, em encontros fortuitos, e ele mostrou preocupação em relação à
prova de autoria sobre Assad…”. Dallagnol termina pedindo ao colega que não
comente com Gebran o episódio do encontro fortuito “para evitar ruído”.
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