O sociólogo espanhol Manuel
Castells afirmou na terça-feira (16/07), durante um seminário organizado pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro, que o Brasil entrou em uma
"ditadura sutil" com o governo de Jair Bolsonaro, por este pretender
desmantelar a educação e mudar o imaginário da população para posições completamente
opostas aos direitos humanos.
Em sua visão o primeiro fator
que evidencia essa "ditadura sutil", manejada através das redes
sociais, é o desmantelamento da educação, já que "uma população pouco
educada, mal informada e malformada é muito mais manipulável".
"Vocês, neste momento,
estão entrando no que eu chamo de uma ditadura da era da informática, uma
ditadura sutil na qual o imaginário de grande parte da população brasileira
está sendo mudado em direções totalmente contrárias aos direitos humanos, ao
respeito, à liberdade", explicou.
Para Castells, o governo
Bolsonaro promove um processo de desconstrução de tudo o que permitiu que o
Brasil pudesse lutar contra a ditadura militar. "A única ferramenta útil é
a capacidade instalada nas pessoas de formar seus próprios critérios, suas
próprias opiniões, seus próprios valores, e resistir", detalhou.
Para ele, uma das principais
referências na era da informação e da sociedade em rede - o caso do Brasil não
é único. E insere o contexto brasileiro em uma tendência mundial de manipulação
demagógica dos cidadãos, na qual também inclui Donald Trump, nos Estados
Unidos, Matteo Salvini, na Itália, e o processo do Brexit, na Grã-Bretanha.
"Vocês (brasileiros) não
são os únicos prejudicados. O que está acontecendo no Brasil faz parte de um
processo muito mais amplo no qual emoções negativas em termos de direitos
humanos são majoritárias", ressaltou o acadêmico.
Que argumentou que o poder
sempre se baseou no controle da informação e da comunicação, pela qual é feita
a manipulação das mentes e das emoções através da coerção e da persuasão. No
entanto, o sociólogo espanhol destacou que esse poder sustentado pela coerção é
frágil porque "sempre há maneiras de fugir da coerção".
Segundo Castells, não existem
dominações permanentes, já que "os humanos são livres e podem
reagir".
Fonte: https://noticias.uol.com.br
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