O Projeto Neoliberal atua
fortemente para enfraquecer o poder do Estado e desmobilizar as forças
tradicionais de atuação política. E somente através de uma prática política
comum que as lutas sociais poderão encontrar caminhos para desenvolver ações
concretas, focadas no embate contra este poderosíssimo sistema que impõem como
agenda política à desregulamentação nas relações de trabalho.
Sua finalidade é
flexibilizar tudo que possa atrapalhar a livre movimentação dos capitais
especulativos. O resultado social é devastador e reforça a apatia das grandes
maiorias e abre espaço para o oportunismo na esfera pública, que leva ao poder
políticos declarados publicamente inimigos das classes trabalhadoras e seus
instrumentos de resistências.
Neste contexto desolador, os
sindicatos podem exercer importante papel de contra hegemonia desta onda
devastadora. Mesmo que no primeiro momento eles vençam, não devemos aceitar a
derrota passivamente. Temos sim, que organizar uma reação nacional, resistir e
não se curvar as mudanças prejudiciais aos nossos direitos, interesses
imediatos e históricos.
A população brasileira
precisa ser preparada para não se acomodar e aceitar passivamente o princípio de
que não vale a pena lutar contra os poderosos. Até o momento não sabemos qual
será os efeitos em longo prazo das mudanças impostas e por quanto tempo serão
sentidas pelo povo. Não temos dúvida de que a Globalização da Economia seja
irreversível e em alguns aspectos, independem da atuação governamental.
Na visão de Eric Hobsbawm, historiador
britânico reconhecido como um importante nome da intelectualidade do século XX,
neste sistema o conflito se dá porque as leis do desenvolvimento capitalista
são simples: maximizam a expansão, os lucros e o aumento do capital. Ou seja, atuam
na lógica de mais lucros, menos empregos, mais precarização das condições de
trabalho e menos benefícios possíveis.
Para ele a grande novidade é
que, de todos os fatores de produção já implantados, os seres humanos são cada
vez menos necessários. E o motivo é que, em termos relativos, eles não produzem
tanto quanto custam, pois não foram criados para o capitalismo e citam países
ricos que alimentam esta disparidade na qualidade de vida e divisão de riquezas.
Garante que os países da
União Europeia tornaram-se de 50% a 70% mais ricos nos últimos vinte anos. E apesar
disso, tem atualmente cerca de 20 milhões de desempregados, 50 milhões de
pobres e 5 milhões de pessoas sem moradia. O grande dilema apontado pelo
historiador é saber o que houve com toda essa riqueza que só aprofundou a
desigualdade.
Os defensores neoliberais apontam que por sua própria natureza, a
sociedade de consumo contemporânea cada vez mais obriga as estruturas políticas
a se adaptarem a ela. Justamente porque a teoria do livre mercado alega que não
há necessidade da política, pois a soberania do consumidor deve prevalecer
sobre o resto: o mercado supostamente deve garantir o máximo de escolhas para
os consumidores satisfazerem suas necessidades.
Esta teoria não se sustenta, portanto, quanto mais a política seja
despolitizada e privatizada, mais prejudicado ficará o processo democrático. Como
a política tornou-se algo dirigido por minoria, passa a ser percebida como algo
irrelevante para a vida cotidiana das pessoas e alimentam o comportamento de
milhões de analfabetos políticos que fazem questão de não ouvir, falar, nem
participar dos acontecimentos políticos.
Bertolt Brecht, poeta e encenador alemão do século XX, certa vez
escreveu que: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não
fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de
vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do
remédio dependem das decisões políticas”.
“O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância
política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais
e multinacionais”.
Quando abdicamos da política fica muito mais fácil às empresas adotarem
maior flexibilidade no que se refere à mão de obra. A insegurança do emprego é
utilizada como estratégia para aumentar os lucros, reduzir a dependência da
empresa em relação à mão de obra humana e pagar menores salários. O trabalhador
(a) desinformado e despolitizado vira presa fácil da engrenagem do sistema
Neoliberal e se quer percebe o quanto é explorado.
Precisamos e devemos reverter este movimento, que obriga milhões passar
fome e poucos afortunados luxarem a custa do suor e sangue, dos que produzem as
riquezas. Viva a unidade da classe trabalhadora.
Por:
Nailton Francisco de Souza (Porreta), Secretário de Assuntos dos Trabalhadores
da Manutenção do SindMotoristas – SP e Secretário Nacional de Comunicação da
Nova Central.
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