Um novo relatório da ONG
britânica Oxfam a respeito da desigualdade social no Brasil mostra que os seis
brasileiros mais ricos concentram a mesma riqueza que os 100 milhões de
brasileiros mais pobres. Os dados estão no relatório A Distância Que Nos Une, lançado
nesta segunda-feira 25 pela Oxfam Brasil.
A conclusão tem origem em um
cálculo feito pela própria ONG, que compara os dados do informe Global Wealth
Databook 2016, elaborado pelo banco suíço Credit Suisse, e a lista das pessoas
mais ricas do mundo produzida pela revista Forbes.
Segundo a Forbes, Jorge
Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB
Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e
Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) têm, juntos, uma fortuna acumulada
de 88,8 bilhões de dólares, equivalente a 277 bilhões de reais atualmente.
A Oxfam lembra em seu
relatório que, ao longo das últimas décadas, o Brasil conseguiu elevar a base
da pirâmide social, retirando milhões da pobreza, mas que os níveis de
desigualdade ainda são alarmantes. “Apesar de avanços, nosso país não conseguiu
sair da lista dos países mais desiguais do mundo. O ritmo tem sido muito lento
e mais de 16 milhões de brasileiros ainda vivem abaixo da linha da pobreza”,
explica Katia Maia, diretora-executiva da ONG.
Segundo o estudo da ONG,
entre 2000 e 2016, o número de bilionários brasileiros aumentou de
aproximadamente 10 para 31. Em conjunto, eles possuem um patrimônio de mais de
135 bilhões de dólares. Mais da metade dos bilionários (52%) herdou patrimônio
da família, o que revela a incapacidade do Estado brasileiro de desconcentrar a
riqueza – algo que sistemas tributários mais progressivos, como visto em países
da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), podem
ajudar a fazer.
Na outra ponta, estimativas
para os próximos anos são ruins para o Brasil a respeito da pobreza. Segundo o
Banco Mundial, só em 2017 até 3,6 milhões de pessoas devem cair outra vez na
pobreza.
Para a diretora da Oxfam
Brasil, essa situação é inadmissível e precisa ser enfrentada por todos para
que realmente seja solucionada. “Existe uma distância absurda entre a maior
parte da população brasileira e o 1% mais rico, não apenas em relação à renda e
riqueza, mas também em relação ao acesso a serviços básicos como saúde e
educação. Atacar essa questão é responsabilidade de todos", afirma.
Ainda segundo a ONG, uma
pessoa que recebe um salário mínimo mensal levaria quatro anos trabalhando para
ganhar o mesmo que o 1% mais rico ganha em média, em um mês, e 19 anos para
equiparar um mês de renda média do 0,1% mais rico.
O relatório estima ainda que
as mulheres terão equiparação de renda com homens somente em 2047 e os negros
ganharão o mesmo que brancos somente em 2089, mantida a tendência dos últimos
20 anos. Pelo ritmo atual, o Brasil vai demorar 35 anos para alcançar o atual
nível de desigualdade de renda do Uruguai e 75 anos para chegarmos ao patamar
atual do Reino Unido, se mantivermos o ritmo médio de redução anual de
desigualdades de renda observado desde 1988.
Também segundo a Oxfam, os
5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95% da população.
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