A igualdade é um valor
central em nossa sociedade. Se voltarmos à nossa Constituição de 1988, estão
entre os objetivos do nosso país: a construção de uma sociedade livre, justa e
solidária; a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das
desigualdades sociais e regionais; e a promoção do bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
Ao longo das últimas
décadas, o Brasil reduziu desigualdades “a partir da base”: entre 1988 – ano em
que promulgamos nossa Constituição – e 2015, reduzimos de 37% para menos de 10%
a parcela de população brasileira abaixo da linha da pobreza. Considerando os
últimos 15 anos, o Brasil retirou da pobreza mais de 28 milhões de pessoas, ao
mesmo tempo em que a grande concentração de renda no topo se manteve estável.
Persistem desafios
estruturais ligados à redistribuição de renda e riqueza no País, como o
estabelecimento de uma política tributária justa, a melhoria da qualidade de
serviços públicos, a reversão da concentração fundiária, além da inclusão
educacional de adolescentes e jovens em idade universitária (sobretudo jovens
negros) – para citar alguns.
O atual contexto joga contra
esses necessários avanços. A crise fiscal em que o Brasil entrou entre 2014 e
201517 criou espaço político para mudanças radicais. Elas foram iniciadas pela
presidente eleita em 2014 e, de maneira mais agressiva, retomadas pelo governo
pós-impeachment.
As reformas profundas que
têm sido propostas nos últimos 16 meses afrontam o que preconiza nossa
Constituição, e ameaçam reverter o processo de construção de nosso Estado de
bem-estar social, em um período de crise econômica. Isto ocorre à revelia da
população que, mesmo desconfiando do Estado, espera do setor público
o atendimento de suas necessidades básicas.
Existe evidente e acelerada
redução do papel do Estado na redistribuição dos recursos em nossa sociedade, o
que aponta para um novo ciclo de aumento de desigualdades. A
Oxfam Brasil entende que precisamos reverter esse cenário, e com urgência.
O Brasil permanece um dos
piores países do mundo em matéria de desigualdade de renda e abriga mais de 16
milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. A tendência recente é
ainda mais preocupante, com projeções do Banco Mundial de até 3,6 milhões a
mais de pobres até o final de 2017. Isto mostra que nossas conquistas nesse
campo não estão consolidadas.
Combater desigualdades é
também o caminho para vivermos em uma sociedade menos violenta, já que a
exclusão social está diretamente relacionada ao aumento da violência, seja na
cidade ou no campo.
Por fim, a boa saúde de uma
democracia depende de sociedades igualitárias: quanto maior a desigualdade e a
interferência indevida de elites na definição de políticas, menor é a crença
das pessoas na capacidade da democracia melhorar suas condições de vida, e
menor é a crença na democracia em si.
Fonte:https://www.oxfam.org.br/sites/default/files/arquivos/Relatorio_A_distancia_que_nos_une.pdf
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