Mesmo com os toques de
recolher Brasil afora, especialistas afirmam que a medida é pouco eficaz para
reduzir o contágio pelo novo coronavírus, já que o toque de recolher restringe
a circulação justamente no período em que menos pessoas circulam nas ruas.
Filas à espera de leitos em
UTI
A maior fila de pacientes à
espera de um leito em unidade de terapia intensiva foi registrada na Bahia,
foram 263 pessoas. Em lockdown desde a sexta-feira (26), com previsão de três
dias, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), decidiu prorrogar o lockdown em
todo o estado por mais 48 horas por conta do avanço da Covid-19. Emocionado
numa entrevista, Rui falou da piora da Covid-19 no estado e pediu para que a
população respeite o isolamento social e cumpra o decreto.
“Infelizmente, a situação
continua muito grave. Só para vocês terem uma ideia, ao longo desses três dias
foram 320 óbitos na Bahia. Os hospitais privados continuam operando a quase
100%. A rede estadual a mais de 90%, a grande maioria dos nossos hospitais. As
UPAs e emergências lotadas”, disse o governador que terminou a entrevista
chorando ao citar reportagem que assistira antes de entrar ao vivo onde um pai
chorava o filho de 16 anos morto pela Covid-19.
O toque de recolher das 20h às
5h será mantido em todas as regiões da Bahia até o próximo domingo (7)
A situação se repete também no
Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Santa Catarina
fecham a lista. Todos registram filas à espera de um leito em UTI.
De acordo com os jornais
locais, relatório interno da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina,
aponta uma cruel explosão de internações por Covid-19 no estado. Cerca de 155
pessoas estavam na fila de espera por um leito de UTI. Havia pessoas nessa
condição em todas as macrorregiões de Santa Catarina.
Além da Bahia e Santa
Catarina, Paraná 333 pacientes aguardavam leitos clínicos. Serviços e
atividades não essenciais estão suspensos a partir deste sábado (27) até o dia
8 de março. Cerca 221 pessoas aguardavam um leito de UTI neste domingo (28).Já
Rio Grande do Norte tem ocupação de UTI de 89,4% e 35 pessoas na fila por
leito, a partir desta segunda-feira haverá suspensão das aulas presenciais nas
redes privada e pública de ensino, das atividades em igrejas e do funcionamento
de parques ou qualquer outro tipo de evento e festas.
A situação no Rio Grande do
Sul, onde a ocupação de UTIs, chegou a 90,4% e 114 pessoas esperavam por uma
vaga de leito neste domingo. Todo o estado estará classificado na bandeira
preta, que indica risco altíssimo de contágio para a Covid-19.
O estado do Maranhão ainda
nãos e decidiu se entra ou não no lockdown. O estado está sem filas, porém tem
80% de ocupação. A região de Imperatriz, no Maranhão, está com 100% de ocupação
de UTIs. O governo do estado decidiu a abertura de um hospital de campanha em
Imperatriz com 60 leitos.
Mesmo diante desse cenário de
guerra, parece que uma parte da população ainda não entendeu o momento grave
que o país atravessa. No primeiro final de semana com as medidas vigorando,
houve desrespeito às medidas de contenção da crise e foram registrados
aglomerações, festas clandestinas e circulação sem máscara.
Bolsonaro minimiza falta de
leitos
Como de costume, Jair
Bolsonaro minimizou a falta de leitos e afirmou que "a saúde no Brasil
sempre teve seus problemas". A fala do presidente gerou revolta nas redes
sociais no pior momento da pandemia de Covid-19 e com recorde de mortos e a
ameaça de colapso no sistema de saúde de diversos estados.
Bolsonaro voltou também a
criticar o fechamento do comércio, medida que tem sido adotada por governadores
para diminuir o contágio do novo coronavírus. Ele já havia compartilhado um
vídeo de uma empresária do Distrito Federal que critica o fechamento do
comércio determinado pelo governador Ibaneis Rocha.
O vídeo também foi
compartilhado pelos dois dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro
(Republicanos-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Ex-ministros da saúde
recomendam lockdown
Os ex-ministro da Saúde José
Serra (1998-2002), José Gomes Temporão (2007-2011), Alexandre Padilha
(2011-2014) e Luiz Henrique Mandetta (2019-2020) defendem medidas como
distanciando social, fechar o comércio pelas próximas semanas e até um lockdown
para conter o avanço da doença.
Eles também reconheceram o
papel importante do SUS, condenaram as atitudes de Jair Bolsonaro (ex-PSL)
diante da pandemia e cobraram uma campanha nacional de vacinação.
Para o ex-ministro da Saúde do
governo da presidenta Dilma Rousseff (PT), Alexandre Padilha, o mais importante
neste momento é acelerar a vacinação.
“Não faz sentido o Brasil
estar com esse número de mortes e o sistema de saúde privado e público
colapsado e o governo federal não estar acelerando as vacinas”.
Fonte: https://www.cut.org.br/noticias/brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário