“Tínhamos tudo para ter
enfrentado de frente a pandemia e salvado vidas. Hoje temos 250 mil mortos e
uma política genocida que nos coloca em um dos últimos lugares no combate
mundial à pandemia”, disse o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), em inflamado
discurso na Câmara, na noite desta quarta-feira (24). “Bolsonaro deve ser
responsabilizado”, reagiu Padilha.
O deputado e ex-ministro da
Saúde criticou duramente a lentidão das vacinações enquanto o país perde mais
de mil vidas todos os dias. “É irresponsabilidade de Bolsonaro e Pazuello o
número de apenas 6 milhões de vacinados, uma vez que o Ministério da Saúde
rejeitou a oferta de 70 milhões de doses de Pfizer”, acusou Padilha.
“Poderíamos ter os profissionais da Saúde e da educação vacinados neste
momento. Bolsonaro é culpado”, sentenciou.
Segundo o consórcio de
veículos de imprensa, das dez maiores médias móveis de óbitos em toda a
pandemia, seis foram registradas em 2021. Com a vacinação engatinhando e o
aparecimento de novas cepas do vírus em várias regiões, o quadro deve piorar,
avaliam especialistas. “Neste momento, o Brasil é o maior laboratório a céu
aberto onde se pode observar a dinâmica natural do coronavírus sem qualquer
medida eficaz de contenção”, observa o neurocientista Miguel Nicolelis.
A análise dos números de fato revela um quadro desolador: somente
em 2021, portanto, em menos de dois meses, o Amazonas ultrapassou o total de
mortes do ano passado no estado. Foram 5.288 óbitos neste ano e 5.285 em 2020.
UTIs da rede pública e privada de várias capitais e cidades menores entraram em
colapso.
Devastação
épica
“Todo o mundo vai testemunhar a devastação épica que o SARS-CoV-2 pode causar quando nada é feito de verdade para contê-lo”, advertiu Nicolelis, recentemente, pelo Twitter.
“Além de os dados já
apontarem para uma piora com relação ao momento mais crítico de 2020, a tendência
é de aumento dos índices epidemiológicos”, alerta o matemático da Unesp,
Wallace Casaca. “Existe o temor da circulação de novas cepas, mais agressivas e
que com maior capacidade de disseminação”, declarou Casaca, em depoimento ao
‘Estado de S. Paulo’. Wallace é um dos responsáveis pela plataforma SP Covid-19
Info Tracker.
Mesmo em quadro de
estabilidade, o número de mortes segue alto por aqui, com uma variação de 4%. A
expansão desenfreada da Covid-19 coloca o Brasil na direção contrária ao resto
do mundo, inclusive de países que há poucos meses eram epicentros da pandemia,
caso dos EUA.
Contaminações
mundiais caem pela 6ª semana
Com o avanço das vacinações,
a pandemia do novo coronavírus começa a dar sinais de um pequeno arrefecimento
no planeta. Boletim das Nações Unidas informa, nesta quarta-feira (24), que o
número de contaminações mundiais caiu pela sexta semana seguida. Também houve
queda do número de óbitos pela segunda semana. Desde janeiro, a queda chegou a
11% em relação a novos casos.
De acordo com a agência ONU
News as Américas lideraram a queda nos registros, com quase 19%, seguidos pelo
Pacífico Ocidental (9%), Europa (8%) e África (2,4%). Já no Mediterrâneo Oriental e no Sudeste
Asiático houve crescimento de de 6% e 2% respectivamente.
Entidades
defendem vacinas como bem público
Diante da gritante
desigualdade das vacinações entre países ricos e pobres, a luta pelo acesso
universal aos imunizantes contra a Covid-19 tem sido intensificada por
entidades e organizações não governamentais. Depois da Cruz Vermelha, o Comitê
Internacional de Bioética da Unesco e a Comissão Mundial sobre a Ética do
Conhecimento Científico e Tecnologia reivindicam que a vacina seja considerada
um bem público.
Após reunião com o diretor-
geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) Tedros Ghebreyesus, nesta
quarta-feira (24), representantes das entidades pediram “uma mudança de direção
nas atuais estratégias de imunização”.
De acordo com documento
conjunto redigido pela Unesco e a Comissão, as indústrias farmacêuticas têm a
responsabilidade de compartilhar a propriedade intelectual, com o apoio dos
governos, para possibilitar uma democratização no acesso às vacinas.
Além disso, argumentam as
entidades, devem ser levados em conta “a igualdade, a equidade, a proteção
contra vulnerabilidade, a reciprocidade e o melhor interesse das crianças”.
Nesta quarta, Gana recebeu
as primeiras vacinas do consórcio Covax, iniciativa da OMS para garantir acesso
rápido e equitativo a imunizantes. Cerca de 600 mil doses da vacina AstraZeneca
foram entregues ao governo local, tornando o país africano o primeiro a receber
doses do consórcio.
Fonte: https://pt.org.br/covid-19-brasil-chora-250-mil-mortos...
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