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terça-feira, 17 de novembro de 2020

Eleições 2020: Boulos: ‘Moradia não é projeto eleitoral, mas uma questão de vida’

Durante o primeiro debate após o primeiro turno das eleições municipais realizado na noite de segunda-feira (16/11), pela CNN Brasil, o candidato Guilherme Boulos (PSOL) disse que pretende enfrentar o déficit habitacional da e adotará um programa de moradia para a construção de 100 mil casas populares em regime de mutirão na cidade de São Paulo.

“Vamos trazer de volta o programa de mutirões que foi criado quando minha vice, Luiza Erundina, foi prefeita de São Paulo. É possível construir em grande quantidade porque nesse sistema são as famílias que constroem suas casas, as construtoras são excluídas e tudo fica mais barato”, disse. “Moradia não é projeto eleitoral. Para mim é questão de vida”.

Em resposta ao oponente Bruno Covas (PSDB), que reduz a solução de gargalos em diversos setores à assinatura de novos contratos com investidores, Boulos não deixou por menos. “Covas, vocês insistem muito nessa questão das parcerias com a iniciativa privada”, disse, referindo-se também ao governador tucano João Doria.

“Mas vocês não conhecem a realidade de pessoas de baixa renda, que nem podem passar na porta do banco, que precisam decidir entre pagar o aluguel ou comer, ou que moram de favor, sofrendo todo tipo de humilhação, ou em encostas. Nós não podemos nos isentar dessa responsabilidade.”, afirmou Boulos.

 

Pandemia

A segunda onda da infecção pelo novo coronavírus no país, que ainda não controlou nem a primeira, foi outra questão que expôs os desacertos das políticas adotadas na cidade com o maior número de casos e mortes e a incapacidade da atual gestão que busca a reeleição. Como se pudesse enganar a todos, Covas afirmou que conduziu ações conjuntas com o estado, que foram construídos hospitais de campanha e que ao contrário de muitos lugares, em São Paulo “os médicos não tiveram de escolher quem iria viver”.

Isso em resposta a Boulos, que afirmou que, se eleito, faria tudo o que não foi feito em São Paulo – as testagens em massa, o isolamento, o envolvimento dos agentes comunitários de saúde na busca de casos de contaminação e investimentos para ampliar a capacidade dos hospitais públicos.

 

Chamado de “engenheiro de obra pronta”, Boulos dispensou o título, já que a “obra falhou”: lembrou que nenhum hospital de campanha foi construído na periferia, onde mais morrem vítimas da covid-19, não foram feitos investimentos em hospitais e ao contrário do que diz o tucano, faltou respiradores em diversos hospitais.

 

Dinheiro público

Um ponto alto do debate foi a discussão em torno de recursos para a execução dos projetos. Enquanto Covas falava em planos para atrair investimentos da iniciativa privada, já que segundo ele a prefeitura tem dificuldades de caixa, Boulos propôs o equilíbrio das contas por meio da cobrança dos grandes devedores.

“Há R$ 130 bilhões na dívida ativa que poderiam ser cobrados. Para isso vamos contratar mais auditores, modernizar o sistema para digitalizar tudo. Mas muitas vezes não há interesse de cobrar. Há ainda prejuízos com contratos com a gestão do lixo, de mais de R$ 300 milhões ao ano segundo o Tribunal de Contas. Por que você e Doria não mexeram nesse vespeiro?”, questionou.

A pergunta despertou a ira do tucano, que ele desconversou para ganhar tempo. Covas disse se sentir ofendido “nos princípios morais que aprendeu em casa”. E se limitou a dizer que muitos contratos de varrição, assinados na gestão anterior, haviam sido alterados.

Questionado sobre a proposta de reforma tributária que tramita na Câmara, que retira ainda mais recursos dos municípios, Boulos foi enfático: “Sou contra tirar mais recursos de São Paulo como de qualquer município. A União já concentra mais recursos que os municípios”, disse, se comprometendo a liderar um movimento de prefeitos no Congresso para exigir mudanças na proposta do governo Bolsonaro.

 

Tom agressivo

O debate, que durou duas horas, foi marcado pelo tom agressivo do atual prefeito de São Paulo. “Como chefe de movimento que é, em que está acostumado a mandar, não sabe que nem todo dinheiro em caixa quer dizer que é para se gastar. E que política se faz com diálogo”, emendou ao questionamento de Boulos sobre a insuficiência de investimentos municipais no combate à pandemia, que deveria incluir a ajuda econômica a pequenos comerciantes e trabalhadores informais.

 

Mas a agressividade foi dando lugar ao desconforto causado pela associação de seu nome ao de João Doria. O BolsoDoria, segundo Boulos, que Covas quer esconder porque foi eleito em 2018, em uma eleição marcada pelo ódio. “Tinha gente apertando botão da urna eletrônica com cano de revólver. Desta vez, o voto foi de esperança, não de ódio”. E também por uma réplica do candidato do Psol: “Covas quer criminalizar o movimento. Fiquei assustado com o seu discurso de raiva após o resultado das urnas, ao se referir às nossas propostas como radicalismo. Você não precisa fazer eco ao discurso do autoritarismo”.

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