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quarta-feira, 15 de abril de 2020

Perigo à vista: o desemprego vai explodir e com ele a miséria e a fome


Há uma máxima na historiografia que diz que os ventos e as ondas estão sempre do lado dos navegantes competentes. Para se arriscar aos mares é preciso estar preparado.  Deve-se compreender a movimentação do céu, das águas e das maresias. As imprudências e os delírios levam as embarcações ao naufrágio.

A realidade é que o País está sem comando. O timoneiro não tem mais controle sobre o leme. Há uma miscelânea na conjugação de verbos que está despedaçando as velas. Há um confronto de ações desnecessárias. Temos que ter consciência, neste momento, que a saúde e a vida das pessoas é o que importa.

Alguns estados e municípios já estão entrando em colapso devido à pandemia do coronavírus. Ora, o Congresso Nacional já deu e está dando todas as condições necessárias para que o governo federal haja com rapidez e eficiência. A morte e a fome não esperam. Os números aumentam todos os dias.

E o pior de tudo isso é que mais um enfrentamento se avizinha. E não será pouca coisa. Neste contexto de naus, timoneiros e mares arredios, posso dizer que a tempestade será uma das mais bravias enfrentadas pelo nosso País. O desemprego será avassalador. E com ele a carestia, o aumento da pobreza e da miséria, milhões de famintos e insatisfeitos. O governo está antevendo isso? Temos um plano estratégico básico para enfrentar esse desafio?

Dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Ibre) apontam que, mesmo com as atuais medidas tomadas pelo governo, a renda do brasileiro deve cair 5,2% neste ano. O desemprego, que hoje está na casa dos 12,5%, chegará facilmente aos 17,8%. Outro cenário, dessa mesma instituição, aponta uma queda ainda maior, de 7% no PIB e uma taxa de desemprego de 23,8%. Estamos falando de quase o dobro de desempregados que antes tínhamos da pandemia. Ou seja, quase 25 milhões, um recorde. Isso será o caos.

Recentemente, a Oxfam Brasil realizou um debate onde ficou claro que a pandemia, além de aumentar o desemprego, vai ressaltar mais ainda a desigualdade social em nosso País. Disse um convidado: “Você tem famílias que moram muitas vezes em 10, 12 pessoas, em casas pequenas, numa realidade bem diferente de possibilidades de isolamento que a gente tem em uma parcela pequena da população”. Como se vê, os mais atingidos serão os vulneráveis. Temos hoje 40 milhões na informalidade, 55 milhões na pobreza e 13,5 milhões na extrema pobreza. É obvio que esses números tendem a aumentar. Onde vamos parar?

Logo após as reformas trabalhista e previdenciária e da lei do teto de gastos, fiz vários alertas que essas ações do governo não criariam um emprego sequer. O que foi constatado, pois não são políticas de desenvolvimento e de crescimento, de emprego e renda. Elas são de contração econômica e só tem por objetivo aumentar os lucros do setor financeiro. Portanto, a atual crise econômica e social, que tomou forma e corpo agora e suas perspectivas, tem também sua marca e seu DNA lá atrás.

Daí a importância de o seguro-desemprego ser estendido até o final do ano ou enquanto durar a crise. Da mesma forma, o auxilio emergencial, a renda básica, a ajuda aos micros e pequenos empresários e outras propostas que o Senado e a Câmara já aprovaram. O governo tem que colocar em prática e tocar o barco. Nessa mesma esteira está a extensão do programa bolsa família e o fim do teto de gastos.

Entre 1933 e 1937, Roosevelt implantou um feroz, no bom sentido, plano para recuperar a economia norte- americana, que vinha sofrendo com a queda da Bolsa em 1929 e a depressão.  O chamado New Deal. A proposta foi fundamental para empregados e empregadores. Houve forte investimento do Estado em obras públicas como, por exemplo, na construção de infraestrutura, na fixação do salário-mínimo, na criação do seguro-desemprego e o seguro-aposentadoria. Milhões de empregos foram criados. Empresas tiveram condições mínimas de se manterem e funcionarem.

O Brasil precisa de um grande entendimento. Não haverá saída se não pensarmos com o coração e a alma, se não deixarmos as ideologias e as disputas de poder de lado. Caso contrário, teremos feridas expostas que levarão décadas para serem cicatrizadas. Se for preciso, como disse Tiago de Melo, vamos mudar o nosso jeito de caminhar.

Por: Paulo Paim Senador (PT-RS).

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