Não é somente o caixa 2 de Jair Bolsonaro (PSL) que
atenta contra o equilíbrio da disputa presidencial. Os institutos de pesquisa
também estariam em um grande esquema, denuncia o diretor do Vox Populi, Marcos
Coimbra, quando dão destaque aos ‘votos válidos’ e escondem a grande quantidade
de eleitores indecisos.
De acordo com levantamento do Vox/CUT, divulgado
nesta sexta-feira (19) a diferença entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT)
é menos de 2% dentro da margem de erro.
“Acredito que, na véspera, faz todo sentido
raciocinar com o voto válido, mas faltando dez dias é como se você estivesse
escondendo que tem um percentual de brancos e nulos, ou seja, de eleitores
ainda indecisos”, diz Coimbra, que acrescenta: “tem muito eleitor que ainda
está decidindo em quem vai votar e outros dizendo que, provavelmente, só
escolherão o candidato no dia da eleição ou na véspera”.
A pesquisa Vox/CUT apontou que o candidato do PSL,
Jair Bolsonaro, tem 43% das intenções de voto e Fernando Haddad, do PT, tem
37%. Coimbra acredita que os 17% de brancos e nulos apontados no cenário
estimulado da pesquisa CUT-Vox deve cair para, no máximo, 6% ou 7%.
Além disso, outro fator importante que pode mudar o
quadro no dia da eleição é o escândalo do WhatsApp, divulgado pela Folha de S.
Paulo. Segundo o jornal, empresários estão desembolsando até R$ 12 milhões de
reais para mandar mensagens com conteúdo mentiroso contra Haddad. Um crime
eleitoral que pode até resultar na cassação da candidatura de Bolsonaro, se o
Tribunal Regional Eleitoral (TSE) e a Polícia Federal (PF) investigarem e
confirmarem a denúncia.
Para Marcos Coimbra, parte do eleitorado que votou
em Bolsonaro no primeiro turno ou que votou em outro candidato e está dizendo
que votará nele no segundo turno pode rever sua intenção de voto em função das
informações que recebe.
“Houve um movimento de eleitores de renda e
escolaridade alta no início do segundo turno. São eleitores que já podem ter
recebido essa informação e podem fazer um julgamento de que isso é jogo sujo e
ganhar eleição fazendo jogo sujo não condiz com os valores do próprio eleitor”.
Ele acredita que essa denúncia, “imensamente grave”, pode fazer com que algumas
pessoas revejam o voto dado ou sua decisão de votar no Bolsonaro no segundo
turno.
“É claro que a probabilidade maior é desse eleitor
permanecer com Bolsonaro. Isso depende do aprofundamento das investigações, da
comprovação dessas denúncias, uma coisa que compete à imprensa e ao
Judiciário”.
Para o diretor do Vox Populi, o que ele chama de
‘ataque cibernético’ dos apoiadores de Bolsonaro contra Haddad tirou muito voto
do candidato do PT, especialmente no eleitorado evangélico. Mesmo assim, Haddad
manteve uma margem maior de votos no segmento mais popular que o Datafolha não
mostra porque, provavelmente, faz uma amostragem maior no Sul e Sudeste, onde a
intenção de votos em Bolsonaro é maior.
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