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sábado, 10 de fevereiro de 2018

Dicas para Campanha Salarial – 2018 do SINDMOTORISTAS – SP

Vou fazer uma breve reflexão das principais Campanhas Salarias coordenadas pelo Sindicato dos Motoristas – SP de 1989 a 2017. Para que se possa ter uma visão mais nítida destes acontecimentos que trouxeram conquistas e algumas perdas para os trabalhadores (as) é preciso ter em mente que a história se repete.

Todas as vezes que se aproxima a data-base, os patrões se aproveitam da conjuntura econômica e política para nos dividir e assim obter seus ganhos em detrimento dos nossos. Ou seja, almejam obter vitórias em tempos de embates como aconteceu no processo de privatização da CMTC; na implantação da Catraca Eletrônica no ônibus; na licitação de renovação dos contratos das empresas e agora na licitação das linhas.

Costumo dizer que as Convenções Coletivas de Trabalho firmadas em 1989 entre o SINDMOTORISTAS – SP a CMTC e a Transurb, e que muitas cláusulas prevalecem até hoje, foi a melhor por ter garantido: Vale Refeição; Cesta Básica; Convênio Médico; Comissões de Garagens; Reajuste Salarial pelo índice do DIEESE; Redução de 10 minutos na Jornada de Trabalho; Abono Trimestral; Plano de Cargos e Salários dentre outros benefícios.

Todos estes avanços foram frutos de muita unidade da diretoria do Sindicato com a aguerrida militância e o apoio incondicional da categoria. A conjuntura política também contribuiu, principalmente, com a eleição de uma Câmara Municipal e uma Prefeita com viés mais trabalhista que à anterior.

Na gestão seguinte, a situação se inverteu e o prefeito eleito aplicou a receita do Projeto Neoliberal e aliado aos patrões do setor de transporte urbano por ônibus, e se aproveitaram da disputa para renovação da direção da entidade e jogaram pesado para privatizar a CMTC. A partir de então, o setor patronal passou a dar as cartas no transporte da capital.

A lua de mel entre os novos empresários que passaram operar as linhas da extinta CMTC, e os conhecidos Barões da Catraca, não durou muito tempo e paulatinamente se dissolveu. Na gestão seguinte a ofensiva contra o SINDMOTORISTAS – SP se deu na implantação das Catracas Eletrônicas. A disputa eleitoral no Sindicato tomou proporções que fugiram do controle e se deu no campo da Justiça.

Com a derrocada da privatização e do aumento dos custos operacionais e a concorrência predatória com o transporte alternativo (perueiros), mais a insegurança jurídica das empresas com contratos vencidos, formou um cenário de disputa por espaço na licitação que renovaria os contratos de concessão com a Prefeitura Municipal de São Paulo.

Para barrar o desemprego em massa e garantir o pagamento das rescisões trabalhistas, a diretoria do Sindicato organizou a categoria e foi para o embate, contra a Prefeitura, Câmara de Vereadores e a Transurb. Os resultados deste confronto que ficou popularmente conhecido como a Guerra dos Transportes, trouxeram prejuízos financeiros e político para os trabalhadores (as) e seus representantes.

Desde o final do ano passado o poder público divulga para a imprensa a intenção de licitar e reduzir o número de linhas, a frota de ônibus e eliminar postos de trabalho dos cobradores (as), se isto acontecer como planejado, novamente a categoria será penalizada com o desemprego estrutural e os que ficarem terão que enfrentar as mazelas da Lei 13.467/2017 – da dita Reforma Trabalhista e da PEC 287/2016 sobre Reforma da Previdência.

Especificamente a Lei 13.467 é uma espécie de Cavalo de Tróia que, sob a capa da modernização legislação trabalhista, na verdade carrega em si a destruição da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT e, num só golpe, tenta inviabilizar o acesso ao conjunto dos direitos sociais contidos na Constituição Cidadã de 1988.

Os empresários do setor de transportes rodoviários de passageiros e cargas foram patrocinadores e apoiadores, de todos os retrocessos impostos à classe trabalhadora por este governo golpista de Michel Temer (MDB). Na disputa para manter seus privilégios e o nível de exploração de seus funcionários (as) estes senhores se unem e investem pesado para nos dividir.

Coincidência ou não, o enfrentamento não será simples e exigirá muita unidade interna da diretoria do SINDMOTORISTAS. Valorizar e reconhecer as lideranças sindicais em todas as garagens; Ampliar alianças externas com outras categorias dos transportes e Centrais Sindicais e ter claro que a luta é de classe e não apenas de uma corporação, além de necessária, poderá ser decisiva para o êxito desejado.

A Campanha Salarial – 2018 iniciará sexta-feira (16/02). Podemos ser a bola da vez e sofrer uma derrota irreparável. Resistir é uma obrigação. Estou convencido que o conhecimento do passado é fundamental para a compreensão do presente e para preparar o futuro. Temos que ter claro o seguinte: estar conscientes que nossa divisão só interessa ao setor patronal que, busca nos dividir para melhor nos explorar.

O que está em jogo é a precarização da vida já precária da classe trabalhadora. Neste contexto, resistir não é uma opção, é uma obrigação para quem aposta na condição humana e na sua essência de ser social. Posições egoístas e vaidades não nos ajudam. É contra esse horizonte terrível que precisamos nos unir e resistir.

Para tanto teremos que definir Plano de Metas; Traçar Plano Tático e Estratégico; Envolver a categoria no confronto. Outro dia um amigo me disse que a escolha é urgente e, que segundo os ensinamentos de Jesus Cristo - Ninguém pode servir a dois senhores: não poderia servir a Deus e a Mamon. (Evangelho de Jesus, segundo Mateus, 6:24).

Nailton Franscisco de Souza (Porreta)

Diretor Nacional de Comunicação da Nova Central

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