Diante
da licitação dos transportes coletivos na cidade de São Paulo e do programa de
desestatização capitaneado pelo prefeito João Doria, a maioria dos paulistanos
é contra a concessão do Bilhete Único para a iniciativa privada e contra a
retirada dos cobradores dos ônibus.
É
o que aponta a 11ª edição da pesquisa de Mobilidade realizada pela Rede Nossa
São Paulo e Ibope Inteligência que ouviu 1603 moradores com idades iguais ou
superiores a 16 anos em todas as regiões da cidade entre os dias 27 de agosto e
11 de setembro.
De
acordo com os resultados divulgados na manhã de quarta-feira (20/09), 75% dos
entrevistados são contrários à retirada de cobradores dos ônibus. Apenas 19% são favoráveis à medida. Já 61%
desaprovam a privatização do Bilhete Único. 31% são favoráveis à medida.
O
paulistano, segundo a pesquisa, ainda acredita que o poder público municipal é
o principal responsável para melhorar a qualidade dos ônibus. Aumentaram de 41%
para 52% os que consideram “melhorar a qualidade do transporte por ônibus” a
principal medida a ser adotada pelo poder público para a mobilidade.
Continua
alta a aprovação às faixas e corredores de ônibus, mesmo entre os usuários de
carro: 7% são favoráveis à implementação ou ampliação de corredores e faixas
exclusivas de ônibus – entre os usuários de carro, o percentual é um pouco
menor: 82%.
A
abertura eventual de ruas para o lazer de pedestres e ciclistas, como acontece
na Avenida Paulista, tem o apoio de 74% dos entrevistados – 69% entre usuários
de carro. E 71% são a favor da ampliação
e construção de ciclovias e ciclofaixas – entre os usuários de carro, os
apoiadores são 67%.
A
pior nota para o sistema foi em relação ao risco de assédio sexual nos ônibus:
2,6, de uma escala de 1 a 10. Os
usuários avaliam como principais problemas dos ônibus municipais a lotação
(23%), o preço da tarifa (20%), a segurança com relação a furtos e roubos
(11%), a frequência do ônibus (9%), a segurança com relação ao assédio e a
pontualidade dos ônibus (ambos com 7% das citações).
Confira alguns dos
principais resultados:
O
nível de satisfação com aspectos e áreas dos serviços de locomoção em São Paulo
piorou em todos os itens, contrariando uma tendência de melhora que vinha sendo
registrada desde 2008. A pior nota ficou para “situação do trânsito na cidade”,
que caiu 3,2 para 2,7.
Faixas
de pedestres: para 42% dos paulistanos, elas estão sendo menos respeitadas,
enquanto que, para 23% as faixas têm sido mais respeitadas.
O
meio de transporte de uso mais frequente é o ônibus municipal, em primeiro
lugar com 47%, seguido do carro (22%), metrô (13%), a pé (8%), trem (4%),
transporte particular (Uber, 99 etc.) (2%), ônibus fretado ou intermunicipal
(1%), motocicleta (1%) e bicicleta (1%).
A freqüência de utilização dos ônibus municipais é alta: 39% o utilizam
5 ou mais dias por semana. São 8% os paulistanos que afirmam nunca utilizar
ônibus municipal.
A
adesão ao ônibus como meio de transporte mais frequente não significa aprovação
dos serviços. Todos os itens avaliados nos ônibus municipais pela pesquisa
ficaram abaixo da média em uma escala de 1 (péssimo) a 10 (ótimo), com notas
que variam de 2,6 (para segurança com relação a assédio sexual) a 4,1 (tempo de
duração da viagem).
Os
usuários avaliam como principais problemas dos ônibus municipais a lotação
(23%), o preço da tarifa (20%), a segurança com relação a furtos e roubos
(11%), a frequência do ônibus (9%), a segurança com relação ao assédio e a
pontualidade dos ônibus (ambos com 7% das citações).
Segurança
é também o principal entrave à adesão da bicicleta: 58% sentem-se pouco ou nada seguros ao
utilizar as ciclovias ou ciclofaixas de São Paulo e 33% nunca utilizaram esses
espaços. Entre os principais aspectos que mais afetam a vontade de usar as
ciclovias e ciclofaixas estão os roubos e furtos e o desrespeito dos motoristas
(31% e 20%, respectivamente, sempre considerando a soma das menções).
O
percentual de usuários de ônibus poderia ser ainda maior se o transporte
público fosse de melhor qualidade. 80%
dos paulistanos “com certeza” ou “provavelmente” deixariam de utilizar o carro
se tivessem “melhor alternativa de transporte“. O número supera o da pesquisa
anterior, que estava em 74%. Os que “não deixariam” de usar o carro mesmo com
uma boa alternativa de transporte caíram de 18% para 9%.
Aumentou
de 41% para 52% os que consideram “melhorar a qualidade do transporte por
ônibus” a principal medida a ser adotada pelo poder público para a mobilidade.
87%
são favoráveis à implementação ou ampliação de corredores e faixas exclusivas
de ônibus – entre os usuários de carro, o percentual é um pouco menor: 82%. A
abertura eventual de ruas para o lazer de pedestres e ciclistas, como acontece
na Avenida Paulista, tem o apoio de 74% dos entrevistados – 69% entre usuários
de carro. E 71% são a favor da ampliação
e construção de ciclovias e ciclofaixas – entre os usuários de carro, os
apoiadores são 67%.
Houve
ligeira queda na posse do automóvel: 56% afirmam ter carro em casa – 4% abaixo
do registrado nos últimos anos. A mudança é mais acentuada nas faixas mais
baixas de renda familiar mensal: entre os que recebem até 2 salários mínimos, o
percentual passou de 43% para 30%; entre 2 e 5 salários mínimos, de 69% para
61%. Em contrapartida, a posse de automóvel entre aqueles com renda familiar
mensal acima de 5 salários mínimos se manteve estável em relação a 2016 (eram
86% e hoje são 87%).
Sobre
a tarifa do transporte público: 52% afirmam que “sempre” ou “às vezes” deixam
de visitar amigos ou familiares que moram em outros bairros por conta do preço
da passagem; mesmo percentual afirma que deixa de ir a parques, cinemas e
outras atividades de lazer; 42% não fazem consultas médicas e exames e 28%
deixam de ir à escola ou universidade.
A
economia proporcionada pelo Bilhete Único é, no entanto, a principal razão de
uso (23%) entre quem utiliza o ônibus pelo menos uma vez por semana. Em
seguida, tem-se ‘a melhor alternativa pra o trajeto que precisa fazer’ (18%),
‘por não possuir carro’ (17%) e, em outro patamar, ‘por causa dos corredores e
faixas exclusivas’ (9%).
Entre
os que não utilizam ônibus municipal ou usam com frequência menor do que 2 dias
por semana, o motivo mais importante para isso é: 20% usam o carro, 11% alegam
que o trajeto do ônibus é muito demorado, 10% que não precisam usar ônibus,
mesmo parcela de entrevistados diz que os ônibus são muito lotados e 9%
consideram que outro tipo de transporte é mais rápido.
75%
dos entrevistados são contrários à retirada de cobradores dos ônibus. Apenas
19% são favoráveis à medida. 61% desaprovam a privatização do Bilhete Único.
31% são favoráveis à medida.
Dados adicionais:
Com
relação a tempo de deslocamento, a troca do carro pelo ônibus não o afeta
significativamente. O tempo médio gasto
no trânsito para realizar todos os deslocamentos diários ficou em 2h53. No ano
passado, eram 2h58. Entre quem usa carro todos ou quase todos os dias, o tempo
médio ficou em 3h09. Entre quem utiliza transporte público, 3h12.
Também
não há diferenças significativas entre usuários de ônibus e de automóvel no
tempo médio diário de deslocamento para a atividade principal. A média ficou em 2h00. No ano passado, era
2h01. Em 2017, 34% dos paulistanos gastam entre 1 e 2 horas para ir e voltar do
trabalho ou escola. Entre os que usam carro todos ou quase todos os dias, a
média ficou em 2h02. Entre os usuários de transporte público, 2h11. Destaca-se
que 17% dos entrevistados afirmaram que estudam ou trabalham em casa ou não
precisam sair de casa.
45%
dizem que o tempo médio de espera no ponto de ônibus varia de mais de 5 a 15
minutos, enquanto 35% declaram que esperam mais de15 a 30 minutos e11%, mais de
30 a 45 minutos.
Percepção
sobre o serviço público de ônibus em relação ao ano passado: 52% avaliam que a
lotação aumentou, 40% afirmam que o tempo de espera está maior e 39% que o
tempo da viagem está maior. Com relação ao conforto, 31% consideram que ele
diminuiu no último ano.
Percepção
sobre o corte de linhas de ônibus: 41% afirmam que não houve cortes, 38% dizem
que houve;; e 21% não sabem ou preferem não opinar a respeito.
Uso
do automóvel: 36% afirmam utilizá-lo “todos os dias” ou “quase todos os dias”,
seja dirigindo ou de carona/táxi/aplicativos (como Uber, Cabify, EasyTaxi e
99); 36%, “de vez em quando”; 17%, “raramente”. 11% não o utilizam.
A
frequência do uso do automóvel nos últimos 12 meses que quase 4 em cada 10
entrevistados (38%) dizem que usam o carro com “menor frequência”; parcela
semelhante diz usar com “frequência igual”; e cerca de 2 em cada 10 (22%) usam
o automóvel com “maior frequência”.
Aumento
das velocidades máximas nas marginais: 56% são favoráveis, enquanto 38% são
contra. No entanto, 40% acreditam que a medida contribui muito para os
acidentes de trânsito envolvendo motoristas e motociclistas; 37%, para os
atropelamentos de pedestres e ciclistas; e outros 37%, para as mortes no
trânsito.
Poluição:
59% dos entrevistados afirmam que tiveram problemas de saúde (ou alguém da sua
casa) relacionados à poluição do ar. No ano passado, eram 64%.
“Saúde”
continua em primeiro lugar desde 2008 como a “área mais problemática da
cidade“, com 71% de menções (um aumento em relação ao ano passado, que
contabilizou 58% do total menções). Em segundo lugar, “segurança pública” tem
45% das menções, “educação” (44%), “desemprego” (42%) e, em outro patamar,
“transporte coletivo” (24%) e “trânsito” (17%).
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