Aquele que quiser estudar a
história política do Brasil nos últimos anos, precisará comparar as capas dos
jornalões com a evolução da fortuna dos homens mais ricos do país. A fortuna
dos irmãos Marinho é mais sensível aos acontecimentos políticos. Os Marinho
também estão entre os que mais lucraram com o golpe.
A fortuna da Globo atingiu o
pico após a realização da Copa do Mundo de 2014, em julho. No dia 15 de julho
de 2014, dia seguinte ao jogo final da Copa, que consagrou a Alemanha, a
fortuna de cada um dos Marinho chegou a US$ 9,53 bilhões, ou seja, um total de
quase US$ 30 bilhões. Em reais, isso daria mais de R$ 90 bilhões.
Para se ter uma ideia, o
orçamento de todas as universidades federais do Brasil em 2017 foi de R$ 6,7
bilhões. Apenas a fortuna dos irmãos Marinho daria para custear todas as
universidades federais do país por mais de três mandatos presidenciais, ou por
duas ou três gerações de jovens.
A vitória de Dilma Rousseff
em 2014, porém, não estava nos planos da Globo, e a fortuna da família mais
rica do país começou a despencar. Dias depois de Dilma, finalmente, substituir
Levy, o cavalo de tróia que os banqueiros e golpistas conseguiram emplacar
dentro do governo, por Nelson Barbosa, e conseguir uma importante vitória no
STF sobre o rito do impeachment, a fortuna da Globo cai a seu nível mais baixo
do histórico apurado pela Bloomberg.
Felizmente (para a Globo,
não para o Brasil), o impeachment é aprovado e a fortuna da Globo começa a se
recuperar rapidamente, ganhando força na medida em que as reformas antissociais
de Michel Temer eram aprovadas.
O escândalo JBS, que flagrou
Temer conversando com Joesley Batista sobre ajuda a Cunha e indicando seu
assessor, Rocha Loures, para receber malas com 500 mil reais, além das escutas
envolvendo Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, trouxe um contratempo aos
bilionários brasileiros. A fortuna de vários deles experimentou uma queda. Não
foi o caso, todavia, da família Salles e de Jorge Lehman, que atravessaram essa
última crise sem muito prejuízo.
Mas todos conseguiram se
recuperar rapidamente. A percepção do mercado de que Temer tinha força para
vencer o processo na Câmara fez a festa dos bilionários.
É importante notar que a
evolução da fortuna dos bilionários brasileiros é inversamente proporcional à
situação econômica, social e fiscal do país. Quanto mais eles ganham dinheiro,
mais cai o PIB, cresce o desemprego e se eleva o rombo fiscal do governo. Curiosamente,
ninguém menciona a possibilidade de se elevar a tributação sobre os homens mais
ricos do país.
E já que iniciei o post
falando em história, encerro aqui com uma lembrança: recentemente, foram
liberados documentos da Casa Branca, que revelam que Roberto Marinho, pai dos
três atuais donos do grupo Globo, foi o principal articulador do endurecimento
do regime militar.
Por:
Miguel do Rosário, no blog Cafezinho.
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