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A taxa de desocupação ficou em 13,7% no primeiro trimestre deste ano (em 2014, chegou a 6,5%) e em 13% no segundo, primeira queda estatisticamente significativa desde 2014. O mercado de trabalho brasileiro tem quase 104 milhões de pessoas, 90,2 milhões de ocupados ou empregados e outros 13,5 milhões de desempregados.
No
desemprego medido pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (DIEESE/Seade/parceiros
regionais), realizada nas regiões metropolitanas, as taxas continuam altas, mas
há alguma diferença no comportamento do desemprego. A RM Salvador apresentou,
em junho, desemprego em alta, com taxa de 24,9%; a RM Porto Alegre tem taxa de
desemprego muito menor e estável, na casa de 11%; na RM São Paulo, o maior
mercado de trabalho metropolitano, o desemprego é de 18,6% e, no Distrito
Federal, de 19,9%, as duas áreas com redução das taxas.
Além
da queda do ritmo de fechamento de postos de trabalho, os indicadores refletem
a criação de vagas temporárias na agricultura e o aumento do número de
trabalhadores autônomos, por conta própria e assalariados sem carteira
assinada.
O
travamento da economia torna a situação de desemprego duradoura. O tempo médio
de procura por trabalho (segundo a PED) é de 60 semanas na RM Salvador, 43
semanas na RM São Paulo e 37 semanas na RM Porto Alegre.
Em
resumo, o desemprego estaciona, mas em elevados patamares, deixando como
resultado o desalento diante de extenso e tortuoso tempo de procura para
encontrar vagas precárias no setor informal (autônomos e assalariados sem
carteira).
E
o futuro ainda pretende entregar três pacotes com presentes bomba para os
trabalhadores.
O
primeiro será aberto em novembro, quando a reforma trabalhista entrar em vigor
para, em um mercado de trabalho debilitado por uma economia em recessão,
brindar os trabalhadores com múltiplas formas precárias e, agora, legais de
contratação, de arrochar salários, reduzir direitos e benefícios.
O
segundo presente reserva para 2017 e 2018 uma economia andando de lado,
escorregando no limo da recessão. Os trabalhadores serão ainda mais
pressionados pelo desemprego e, desesperados, submetidos “à livre escolha” de
aceitar os novos postos de trabalho precários, abrindo “livremente” mão dos
direitos.
O
terceiro presente virá no centro da profunda desnacionalização da economia (a
venda dos ativos de um país que está barato). O capital internacional imputará
uma modernização tecnológica na base dos ativos adquiridos, aumentando a
produtividade das empresas, com tecnologias que desempregam e ajustes
estruturais do custo do trabalho permitidos pela reforma trabalhista – a
produtividade espúria ganhará legalidade.
Ao
Brasil está sendo imposto um caminho para experimentar um processo de
vertiginosa mudança do padrão produtivo, uma imensa concentração de riqueza e
acentuada extensão da pobreza, resultado de uma soberania reduzida à servidão
ao capital financeiro.
Será
preciso lutar, sustentar a democracia na raça, para que os brasileiros e
brasileiras deem, pelo voto, outro destino ao país. Será preciso jogar esses
presentes no lixo da história e retomar, com altivez, a tarefa que cabe a uma
nação: conduzir o desenvolvimento do país para promover desenvolvimento
econômico e social que gere bem-estar com qualidade de vida e sustentabilidade
ambiental para todos.
Por:
Clemente Ganz Lúcio, diretor Técnico do DIEESE
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