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Pilhas de diagnósticos
pendentes somados a doentes e mortos sequer testados se acumulam em grande
subnotificação no Estado e reverberam no meio acadêmico e clínico por
mascararem a gravidade da doença no estado. As mortes saltaram de 116 para
1.088, um aumento de 838% durante a pandemia. Contudo, entraram na testagem
para a COVID-19 apenas 3.139 (38,7%) doentes e 307 (28,2%) mortos com esse
quadro, segundo o MS. Uma situação denunciada pelo EM desde o dia 10 e que vem
piorando.
A SES-MG nega que haja
subnotificação consistente e que cumpre a contento o que é preconizado pelo
ministério. A situação é tão grave que uma pesquisa da Universidade Federal de
Uberlândia foi publicada com o título "Subnotificação de mortes
pela COVID-19 no segundo estado mais populoso do Brasil" e destaca os
mesmos números de mortes pela SRAG.
Pelos levantamentos feitos
sobre dados oficiais, os pesquisadores encontram uma discrepância de 209,23% de
números e evidenciam que um aumento de 648,61% de mortes pela SRAG no período
analisado seja, na verdade, um efeito da COVID-19. O estudo também aponta um
crescimento de 5,36% dos casos de pneumonia e 5,72% de insuficiência
respiratória no estado, que seriam evidências claras de infecções pelo novo
coronavírus ainda não diagnosticadas.
A orientação do MS é clara e
a coleta de amostra e testagem é indicada para todos os casos de SRAG
hospitalizados e todos os óbitos suspeitos. Contudo, mesmo entre os testes, a
defasagem de diagnósticos "a confirmar", ou seja, ainda sem resposta,
é das piores do país. Dos 3139 casos de doentes com SRAG, 1.385 (44%) ainda
aguardam um resultado segundo dados da última semana epidemiológica fechados no
MS. Esse resultado coloca Minas Gerais como o 13º estado em diagnósticos não
confirmados proporcionais aos realizados.
O desempenho mineiro é ainda
pior quando se observa o número de mortos por SRAG testados ante os demais
estados da federação. Com 72 diagnósticos pendentes, dos 307 testados com o
quadro respiratório grave, um índice de 23,5% que faz o estado ocupar a 19ª
posição em relação a testagens pendentes de resultados para óbitos. O
presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano Silva, afirma
que os números de subnotificação são grandes, bem como testagens feitas de
forma equivocada.
“Acredito que muitos dos
casos ainda sem diagnóstico ocorram devido a exames que não são feitos como
indicado e dão negativos. O PCR (exame de laboratório que usa enzimas para
detectar a presença do vírus no paciente) é eficiente no início e o exame de
sorologia (pesquisa pelos anticorpos) é mais adequado tardiamente. A tendência
é que com a chegada recente de mais testes isso possa ser melhor explicado”,
afirma o infectologista.
Oficialmente, Minas Gerais
ocupa posição de destaque no controle da COVID-19, figurando como o segundo
estado com menor taxa de doentes, com 29 casos positivos por 100 mil habitantes
e a mesma posição entre os óbitos, registrando 1 morte para cada 100 mil
habitantes pela COVID-19, segundo o MS. Mas a falta de confiança nos dados
pendentes e a testagem considerada baixa despertam a desconfiança de que os
números estejam defasados.
No dia 10 de maio, quando a
reportagem do EM trouxe o alerta para números pendentes e baixo volume de
exames, o número de mortes por SRAG em Minas Gerais era o 18ª pior, com taxa de
confirmação para COVID-19 com 29% de exames pendentes. No caso dos positivos,
Minas Gerais era o 17º pior, com 45,5% (quase a metade) dos quadros da síndrome
ainda não definidos para a COVID-19 ou outro mal.
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