O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva divulgou neste Primeiro de Maio uma contundente mensagem aos
trabalhadores brasileiros. "O que nós esperamos, o que eu espero, é que o
mundo que virá depois do coronavírus seja uma comunidade universal em que o
homem e a mulher, em harmonia com a natureza, sejam o centro de tudo, e que a
economia e a tecnologia estejam a serviço deles – e não o contrário, como
aconteceu até hoje", disse ele.
"Meus amigos e minhas
amigas, Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil e do mundo. Quero começar a
minha fala prestando solidariedade aos familiares de todas as vítimas do
coronavírus e a todos os trabalhadores e trabalhadoras que estão lutando para
salvar vidas em todo o mundo.
Um vírus desconhecido
conseguiu fechar fronteiras, trancar em casa mais de três bIlhões de seres
humanos e mudar de maneira dramática a vida de cada um de nós. Há três meses estamos
como num longo túnel sem fim, recebendo a cada dia notícias piores que as do
dia anterior. A humanidade desperta todos os dias torcendo para que o número de
mortos de hoje seja menor que o de ontem. Estamos vivendo os mais tenebrosos
dias da nossa história.
O vírus, que ataca a todos,
indistintamente, mostrou que a raça humana não é imortal e pode até
desaparecer. A História nos ensina, porém, que grandes tragédias costumam ser
parteiras de grandes transformações.
O que nós esperamos, o que
eu espero, é que o mundo que virá depois do coronavírus seja uma comunidade
universal em que o homem e a mulher, em harmonia com a natureza, sejam o centro
de tudo, e que a economia e a tecnologia estejam a serviço deles – e não o
contrário, como aconteceu até hoje.
No mundo que eu espero
depois da tragédia do coronavírus, o coletivo haverá de triunfar sobre o
individual, a solidariedade e a generosidade triunfarão sobre o lucro.
Um mundo em que ninguém
explore o trabalho de ninguém, um mundo em que se respeitem as diferenças entre
um e outro, um mundo em que todos, absolutamente todos, disponham de
ferramentas para se emancipar de qualquer tipo de dominação ou de controle.
Mas as grandes tragédias são
também reveladoras do verdadeiro caráter das pessoas e das coisas. Não me
refiro apenas ao deboche do presidente da República com a memória de mais de
cinco mil brasileiros mortos pelo Covid.
A pandemia deixou o
capitalismo nu. Foram necessários trezentos mil cadáveres para a humanidade ver
uma verdade que nós, trabalhadores, conhecemos desde o dia que nascemos. A
tragédia do Coronavírus expôs à luz do sol uma verdade inquestionável: o que
sustenta o capitalismo não é o capital.
Somos nós, os trabalhadores.
É essa verdade, nossa velha conhecida, que está levando os principais jornais
econômicos do mundo, as bíblias da elite mundial, a anunciarem que o
Capitalismo está com os dias contados. E está mesmo. Está moribundo. E está nas
nossas mãos, nas mãos dos trabalhadores, a tarefa de construir esse novo mundo
que vem aí.
O Brasil sempre foi uma
terra de esperanças. Apesar das extremas dificuldades, nós que nascemos e
vivemos aqui soubemos enfrentá-las e soubemos nos reinventar para crescer. O
ódio e a ignorância se alimentam um do outro e são o oposto do que vai na alma
brasileira. Como brasileiro, tenho a certeza que sairemos desta tragédia para
um mundo melhor, para um Brasil melhor.
E é agora, em plena
tempestade, que os brasileiros revelam o que são, o que somos: generosos,
tolerantes, solidários. E é com esse espírito, essa alegria e essa criatividade
que estamos todos lutando para sair das trevas e fazer chegar, o mais depressa
possível, o amanhecer da justiça social, da igualdade e da liberdade.
Espero que a tragédia do
Coronavírus seja a parteira do verdadeiro mundo novo que sonhamos. Viva o povo
trabalhador. Viva o Primeiro de Maio."
Por: Luiz
Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil.
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