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segunda-feira, 11 de maio de 2020

Depois da COVID-19 como será o mundo e as relações de trabalho?


O mundo do trabalho, que antes desta pandemia já passava por profundas transformações, todas elas, para fortalecer cada vez mais o poder dos patrões no processo de negociação coletiva, neste momento, tem utilizado o novo coronavírus para liquidar de vez com o poder de resistência da classe trabalhadora.

No Brasil, a atuação do Governo Federal no combate ao Covid-19 tem sido recheada de erros, omissões e irresponsabilidades. Falta senso de solidariedade, falta embasamento científico, falta absorção das melhores práticas internacionais, falta eficiência na tomada de decisões e rapidez na implementação de políticas públicas.

Estamos em uma histórica crise econômica e social que massacra cada vez mais o povo brasileiro, principalmente os mais pobre e a classe trabalhadora. Dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD), em 19 de novembro de 2019, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que 1 em cada 4 jovens entre 18 e 24 anos de idade encontra-se desempregado - 25% da população desta faixa etária.

No primeiro trimestre de 2020, na esteira das políticas de austeridade e de desregulação das relações de trabalho e emprego, que a gestão do Ministro da Economia adotou, o IBGE divulgou em 31 de abril que o desemprego no Brasil chega ao patamar de 12,2%, ou seja, quase 13 milhões de brasileiros desempregados.

A receita predileta do presidente Bolsonaro e Paulo Guedes é a de é preciso sacrificar direitos para garantir empregos, por isso, apresentaram a Medida Provisória 905 - MP 905/2019, que realizava um novo e mais sangrento ataque aos direitos trabalhistas ao instituir a carteira verde e amarela, para restringir direitos dos trabalhadores (as), como acesso aos 40% de multa referente a FGTS na dispensa sem justa causa, ao mesmo tempo que garantia privilégios aos empregadores na celebração dos contratos.

Na opinião de Cilene Victor da Silva, jornalista, professora universitária, consultora e comentarista de televisão brasileira, é preciso discutir esta questão a partir de várias perspectivas, campos científicos, realidades sociais, aqui e em outras partes do mundo. Pois segundo ela, após sairmos desta triste situação, “milhões de pessoas se somarão com as que já sofrem em silêncio e na invisibilidade”, devido ofensiva do capitalismo de mercado e a ganância do capital especulativo.

“Tenho tentado conscientizar meus amigos pesquisadores e jornalistas a não usarem expressões como ‘os aspectos positivos do coronavírus’ ou ‘estamos aprendendo com essa pandemia’. Estudo e trabalho com desastres e tragédias há mais de duas décadas, sabemos que as comoções são fugazes, que a solidariedade e a empatia são tão necessárias e bem-vindas, mas raramente elas garantem mudança nos cenários que as demandaram”, diz a jornalista.

Lembra que muitas pessoas aprendem que as tragédias começam para uma família, uma comunidade, um país, quando "a última emissora de TV desliga as câmeras e se retira de cena". E que o futuro de uma tragédia é a “perpetuação de um passado”. Na qual milhões de pessoas “seguirão sofrendo em silêncio, ou melhor, na invisibilidade”, por serem condenadas historicamente a essa situação.

“Então, com todo respeito aos meus pares, não podemos deixar de discutir o futuro, concordo com vocês, mas temos um presente que ainda vai se estender por muito tempo, até porque ele se confunde com o passado, quando fingimos desconhecer as estatísticas e os seus rostos. O passado segue definindo quem vai sofrer mais”, alerta Cilene.

O mais correto nesse momento seria o governo Bolsonaro garantir a renda dos trabalhadores (as), para que a economia não trave no período de quarentena e para que, passado esse período, a retomada das atividades produtivas possa se dar da maneira mais rápida possível. No entanto, insiste em fazer o contrário ao retirar renda, reduz salários e direitos e coloca em risco toda a economia do País.

Por: Nailton Francisco de Souza (Porreta), diretor Executivo do SindMotoristas – SP e Secretário Nacional de Comunicação da Nova Central Sindical de Trabalhadores.

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