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A Procuradoria-Geral da República deve
apresentar nos próximos dias a acusação formal contra o peemedebista em
decorrência da delação dos executivos da JBS.
A Constituição estabelece que essa denúncia só
pode ser transformada em processo no Supremo Tribunal Federal –com o
consequente afastamento do presidente caso haja aprovação pelo
plenário da Câmara, com o voto de pelo menos 342 de seus 513 integrantes.
Ou seja, Temer necessita ter ao menos 172
deputados ao seu lado, mas não necessariamente do voto desses parlamentares – a
rigor, não precisa de nenhum. É o lado contrário que tem a obrigação de reunir
342.
A votação da análise da denúncia se dará por
meio de chamada nominal de cada um dos deputados, que irão declarar seus votos
em um dos microfones do plenário. Após a primeira rodada, a tradição manda que
haja uma segunda chamada dos faltosos, mas isso não é obrigatório. As regras
serão definidas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos
principais aliados de Temer.
Um dos maiores temores dos governistas é o
desgaste político e eleitoral de ir ao microfone do plenário da Câmara votar
contra o prosseguimento das investigações.
Além de todas as suspeitas contra o presidente
levantadas nos depoimentos capitaneados por Joesley Batista, pesa contra o
peemedebista a péssima avaliação popular: de acordo com a última pesquisa do
Datafolha, de abril, Temer contava com apenas 9% de aprovação das ruas.
Um dos planos de governistas é se ausentar na
hora da votação e se fiar no hoje improvável cenário de oposição e dissidentes
reunirem os 342 votos. Estratégia essa que tende a murchar caso fique claro na
percepção popular que a ausência é a mesma coisa de votar a favor de Temer.
Na época do impeachment de Dilma Rousseff,
essa saída também foi pensada por apoiadores da petista, mas acabou naufragando
diante da promessa de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), então presidente da Câmara e
desafeto da presidente, de fazer sucessivas chamadas dos faltosos na sessão
realizada em um domingo, com transmissão ao vivo para todo o país.
Governistas dizem contar hoje com cerca de 250
deputados para barrar a denúncia contra Temer, mas esse é um número oscilante. "A
chance de a oposição ter os 342 votos para aprovar a denúncia é a mesma que o
Sargento Garcia tem de prender o Zorro, salvo haja algo novo, grave e
comprovado contra o presidente", disse o deputado Carlos Marun (PMDB-MS),
um dos principais aliados do Planalto.
"Confio no Temer, pode tirar a
ressalva, a chance é a mesma de o sargento prender o Zorro", se corrigiu,
logo em seguida. Ele diz que chega a ser aplaudido pela forma
como tem defendido o presidente. "A forma como cada um vai se portar
diante do microfone eu não sei, o que sei é que a oposição não terá votos para
levar a frente uma denúncia frágil como essa."
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