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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Presidente do SINDMOTORISTAS – SP prestigia evento na Câmara de Taboão da Serra

Na terça-feira (28/11), o presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Urbano de São Paulo (SINDMOTORISTAS), Valdevan Noventa discursou na Câmara Municipal de Taboão da Serra, em sessão solene sobre o projeto de luta em defesa das mulheres, vítimas de agressão doméstica no município.

Noventa parabenizou os parlamentares pela louvável iniciativa, que pede paz e propõem pacto com todos os segmentos da sociedade contra a violência. Em sintonia com a causa das mulheres, no dia (17/11) a maioria dos vereadores aprovaram duas leis, que podem se tornar referência em Políticas Públicas Afirmativas para as mulheres vítimas de violência.

A primeira, de autoria do vereador Dr. Ronaldo Onishi propõe a criação de aluguel social para as vítimas de violência doméstica que sem ter para onde ir acabam tendo que viver debaixo do mesmo teto que seus agressores. A outra amplia a divulgação do Disque Denúncia 180 em todos os equipamentos públicos municipais e foi apresentada pela vereadora Priscila Sampaio e assinada pela presidente da Câmara Joice Silva.

“Hoje é um momento histórico para todos nós. Depois que deixei a vereança desta maravilhosa cidade, esta é a primeira vez que volto a esta casa e ocupo este púlpito para homenagear a mulheres. Uma classe que sofre calada as agressões de seus algozes. Orgulho-me por ter contribuído para colocar você Joice, como a primeira mulher a presidir esta casa”, disse.

De acordo com Noventa, os elogios à vereadora, foram por ela ter pautado no momento certo, com inteligência e coerência um tema tão importante para eliminar as desigualdades de gênero que ainda persiste no Brasil. “Começa por esta cidade um grito de liberdade e um ato de amor e conscientização que possa amenizar o sofrimento da população”, afirmou.


No encerramento do discurso focou a questão das crises, política, econômica, institucional e moral por qual a nação brasileira atravessam. Criticou seus efeitos para o povo, principalmente, o aumento da violência. “Se não pregarmos o amor ao próximo, formos solidários uns com os outros, a situação pode chegar a patamares incontroláveis e podem acontecer coisas piores”, alertou Noventa.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Valdevan Noventa nasceu para ser líder sindical e político!

Antes deste reconhecimento, existe uma história de lutas, superações, perseverança e fé. Noventa é um homem humilde, corajoso e que carrega consigo outra grande qualidade, a liderança.

Sergipano do município de Estância foi criado na roça e logo cedo conheceu a realidade dura da vida: desde muito pequeno já enfrentava sol quente na cabeça quando capinava a terra, chuva e frio, não tinha tempo ruim para trabalhar.

Superou as dificuldades com luta e determinação e de todas elas saiu mais fortalecido. Ele foi preparado por Deus para ser um grande líder. Sua coragem, inteligência, honestidade e humildade foram testadas para poder lutar pelos direitos dos trabalhadores (as), e mais vulneráveis da sociedade, que são as principais vítimas do selvagem sistema capitalista.

Veio para São Paulo e, logo, foi trabalhar no setor de transportes coletivo urbano. Não aceitava injustiças, defendia como podia os companheiros (as) de profissão e seus direitos, muitas vezes desrespeitados pelos patrões.

Para entrar na vida sindical foi um passo. Na Viação Castro foi eleito membro da Comissão de garagem, na Campo Belo foi eleito cipeiro, Comissão de Garagem e diretor sindical. Também, elegeu-se vereador de Taboão da Serra por dois mandatos consecutivos.

As experiências que adquiriu o credenciaram para o cargo mais importante da sua vida, o de presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transportes Urbano de São Paulo (SINDMOTORISTAS-SP). Há de destacar que foi eleito pela maioria absoluta dos trabalhadores (as) em transportes.

Com quatro anos de gestão fez história nas Campanhas Salariais vitoriosas. O fim da jornada de trabalho flexível (genérico) que explorava a categoria; sorteios de carros zero km; e a conquista que ele, particularmente considera a mais importante: a garantia do emprego dos 23 mil cobradores no sistema, depois de travar e ganhar vários embates na justiça contra o então prefeito Fernando Haddad (PT) e atualmente com o João Doria (PSDB).


Estes relatos são apenas um pouco da história de Valdevan Noventa. Um líder sindical e político que representa com competência não só os anseios da categoria, mas de todos os cidadãos brasileiros (as).

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Presidente do SINDMOTORISTAS - SP será candidato a deputado em Sergipe

O presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Urbano de São Paulo (SINDMOTORISTAS), Valdevan Noventa, reuniu um grupo de vereadores de Taboão da Serra, num jantar na quarta-feira (23/11), para anunciar a sua saída do PTB e declarar que vai disputar a eleição de deputado federal em Sergipe, seu estado de origem.

Ele recebeu apoio de todos os presentes ao novo projeto político que vai abraçar. Seu gesto foi recebido como um ato de respeito e de confiança ao grupo que ele inspirou em união e comprometimento. De pronto rebateu os boatos de que o jantar seria um ato contra o prefeito declarando que o time apoia o governo.

“Eu tenho muito respeito por esse grupo. E assim como eu fiz com o deputado Campos Machado vim comunicar que estou deixando o PTB para disputar a eleição de deputado em Sergipe. Estou trabalhando e recebendo apoio de várias lideranças lá. Temos alguns prefeitos, vereadores e muitas lideranças me apoiando, acredito que com a benção de Deus serei vitorioso. Não queria deixar o PTB, mas, em Sergipe à realidade é outra por causa disso estamos estudando todas as oportunidades”, explicou.

Bem otimista, salientou a importância do grupo de vereadores para a história de Taboão e destacou a aliança com o governo do prefeito Fernando Fernandes, de quem o filho dele, Johnatan Noventa, faz parte da base governista.

“Claro que eu não faço nenhum discurso de oposição ao prefeito Fernando Fernandes. Sei que tem pessoas que vão lá fazer a cabeça dele. Mas eu não falo mal dele. Se eu tivesse que falar, falaria para ele. Nesse tempo todo eu estive com o prefeito uma vez. Não tenho nada a esconder. Até hoje, ele ainda não indicou o sucessor e pode ser que quando ele for escolher seja alguém desse grupo, por que não? O grupo é forte, unido, tem mais de 40 mil votos aqui e a proposta desse grupo é apoiar o nome mais forte”, observou. “Claro que eu quero ser prefeito de Taboão um dia, mas não tenho vaidade, e, se outro nome no grupo estiver melhor, vai ter o meu apoio total”, resumiu.

Disse que mesmo sem participar do dia-a-dia da política em Taboão acompanha o grupo de vereadores que reuniu e reconhece o valor de cada um. “Esse grupo batalhou junto e venceu junto. Mostrou que tem palavra e é unido. Por isso eu não tenho dúvidas de que essa união vai prevalecer e que o próximo presidente da Câmara está aqui nessa mesa e vai ser desse grupo”, declarou.

O vice-prefeito Laércio Lopes (PTB), a secretária de Assistência Social Arlete Silva (PTB) e o ex-vereador Walter Paulo também participaram da reunião junto com os vereadores André Egydio (PSDB), Cido da Yafarma (DEM), Paulinho (PPS), Johnatan Noventa (PTB), Professor Moreira (PSD), Ronaldo Onishi (SD) e Joice Silva (PTB), eleita presidente da Câmara pelos vereadores participantes do jantar.

Depois de receber incentivo de todos os vereadores à sua pré-candidatura de deputado federal, saudou cada um deles a quem classificou como sendo homens e mulheres de palavra e comprometidos com o futuro de Taboão, cidade que ele aprendeu a amar e onde seu filho, tem dado continuidade ao trabalho que ele começou quando foi vereador na cidade. 


No final disse que deve uma visita à Câmara de Taboão e prometeu prestigiar em breve uma sessão na Casa.

16 dias de ativismo: A luta das mulheres contra a Reforma Previdência Social

No sábado (25/11), as mulheres das centrais sindicais iniciaram os 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. A data marca o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher. Em todo o mundo, iniciativas de movimentos sociais e feministas buscam reduzir o quadro alarmante da violência doméstica.

De acordo com o Ministério da Saúde, 47 mil brasileiras foram vítimas de feminicídio nos últimos dez anos. Dentre estas, 74% são pretas ou pardas. O dia foi instituído, em 1999, pala Organização das Nações Unidas (ONU), para homenagear as irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), assassinadas pela ditadura de Leônidas Trujillo na República Dominicana.

“Nossa ação ganha importância porque os crimes estão cada vez mais frequentes, como também, os retrocessos de direitos dos trabalhadores (as) têm sido constantes, sendo as mulheres são as mais afetadas com as reformas e principalmente com o desmonte da previdência social”, afirma Sônia Maria Zerino da Silva, Secretária Nacional para Assuntos do Trabalho da Mulher da Nova Central Sindical de Trabalhadores.


Na avaliação da sindicalista, a Reforma da Previdência impactará negativamente na obtenção do benefício, principalmente, para a mulher, devido à elevação da idade mínima, mudanças na aquisição da pensão em caso de morte, a obtenção da aposentadoria especial da trabalhadora rural, das professoras e das servidoras públicas, que serão prejudicadas. 

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Em Clima de Unidade, SINDMOTORISTAS Inaugura Auto Escola na Zona Sul

O ato solene de Inauguração do Resgate Auto Escola, em Santo Amaro, aconteceu, sexta-feira (24/11) a partir das 9h00, com a presença de sindicalistas, trabalhadores (as), do vereador por São Paulo Isac Felix (PR/SP) e Johnatan Noventa (PTB) de Taboão da Serra. Todos que discursaram elogiaram o Projeto de Capacitação Profissional implantado pelo Sindicato dos Motoristas – SP (SINDMOTORISTAS).

Edivaldo Santiago da Silva, Secretário de Finanças da entidade e Diretor Geral da Auto Escola, agradeceu imensamente o apoio recebido, principalmente, do presidente do Sindicato, Valdevan Noventa e de José Alves Couto Filho (Toré), presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário e Setor Diferenciado – SP (STERIIISP) e todos os diretores que acreditaram e contribuíram para realização de mais esta conquista para a categoria.

“Ofereceremos atendimento e serviços de primeira qualidade e com preço em média 53% menor do praticado no mercado. Hoje é um dia muito importante, inesquecível, que entrará na história dos trabalhadores (as) nas empresas de ônibus que representamos. Quero dizer que esta estrutura moderna foi pensada, não para ganhar dinheiro, e sim, para servir e atender as necessidades de todos àqueles que almejam progredir na profissão de motorista”, esclareceu Edivaldo.

Que por duas vezes, fez referência ao excelente trabalho de capacitação realizado na empresa Mobi Brasil, coordenado pelo diretor de Formação, Sorriso e sua militância. Ressaltou que mais este benefício reforçará a necessidade e incentivará cada vez mais os funcionários (as) das empresas, se associarem em seus sindicatos.


“Todo que ofereceremos não se trata de propaganda enganosa. Esta é mais uma conquista e um sonho realizado dos que apostaram, apoiaram e acreditaram em nossa capacidade. Encerro esta inauguração e peço uma calorosa salva de palmas para o presidente Noventa. Este companheiro muito nos honra pelo compromisso que tem com esta categoria. Noventa é um homem que abraça todas as iniciativas que vier para somar na questão da educação e capacitação dos nossos companheiros (as)”, finalizou Santigo.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Novas regras trabalhistas em vigor: desafios do sindicalismo

A Lei 13.467/2017, que altera o sistema de relações de trabalho brasileiro, entrou em vigor em 11 de novembro. Com a nova legislação, várias formas de contrato, jornada e condições de trabalho são criadas, permitirá alta flexibilidade e ajuste do custo salarial. A proteção coletiva promovida pelas entidades sindicais fica fragilizada. 

O trabalhador estará mais exposto e submisso ao empregador. Os sindicatos são atacados na representação, no poder de negociação e no financiamento. A Justiça do Trabalho terá a atuação limitada. As empresas ganham regras que as protegem e evitam passivos trabalhistas.

O sistema de relações laborais combina leis, regras, normas e define procedimentos para regular as condições de trabalho dos processos produtivos, custos e formas de repartição de resultados entre lucros e salários. Ao funcionar, cria, ao longo do tempo, uma cultura que dá previsibilidade aos agentes, trata dos conflitos e estabelece os canais e o campo para o diálogo entre as partes.

Alterar unilateralmente, sem nenhum diálogo e de maneira tão profunda e extensa o sistema de relações de trabalho, como fizeram o Congresso Nacional e o governo, trará severos impactos sobre o ambiente da produção econômica e a vida social, o que exigirá renovada capacidade de enfrentamento e a construção de novo patamar de relacionamento no campo trabalhista.

O desafio para os trabalhadores e o movimento sindical será enfrentar as adversidades que surgirão com as novas regras e criar capacidades organizativas e estratégias para resistir e avançar. Será necessário apostar que, diante das adversidades, o movimento será capaz de aumentar a representatividade e ampliar a capacidade de luta. Para isso, é preciso mudar.

O grande jogo

Há um complexo processo econômico, social, político e cultural que aprofunda e expande a acumulação de riqueza em escala global e acirra a concorrência entre as empresas, por meio da combinação entre flexibilidade para alocar a força de trabalho e tecnologia.

O sistema produtivo está subordinado à lógica da acumulação da riqueza financeira e rentista. Os ganhos daqueles que vivem exclusivamente de renda se sobrepõem à estratégia de investimento das empresas. A alocação das plantas empresariais busca o menor custo, com altos investimentos em tecnologia e economia ou exclusão quase total do trabalho humano.

As corporações engendram força política para enquadrar os estados e governos e conseguir reformas institucionais que reduzam impostos; imponham garantias de que o direito privado não será ameaçado pelas formas coletivas de deliberação e pelo voto universal; assegurem o avanço da desregulamentação do sistema financeiro; protejam a transmissão de heranças e a valorização de patrimônios; simplifiquem as restrições para a apropriação privada da riqueza natural (minério, terra, água, floresta etc.); acalentem a virtude da privatização de empresas estatais e a aquisição e fusão de empresas; e protejam o pagamento das dívidas públicas.

O desenvolvimento - como resultado da relação entre o Estado e os sistemas produtivos nacionais, geradores da capacidade manufatureira do país, criadores de emprego, e os salários, de crescimento do mercado interno de consumo de massa — perde encanto econômico e político. O Estado regulador da distribuição do produto social, que visa minimizar a desigualdade e gerar coesão social, está em desuso.

O comando agora é feito por uma grande concentração do sistema financeiro, pela ampliação da centralização da propriedade e a reorganização da estrutura produtiva. As democracias devem ser suportadas e, para isso, precisam ser controladas.

Reforma trabalhista no mundo

As reestruturações institucionais avançam nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, com destaque para a reforma da legislação e do sistema de relações de trabalho, com o objetivo de: reduzir o custo do trabalho; criar a máxima flexibilidade de alocação da mão de obra, com as mais diversas formas de contrato e ajustes da jornada; reduzir ao máximo a rigidez para demitir e minimizar os custos de demissão, sem acumular passivos trabalhistas; restringir ao limite mínimo as negociações e inibir contratos ou convenções gerais em detrimento de acordos locais realizados com representações laborais controladas; além de quebrar os sindicatos.

As reformas das instituições dos sistemas de relações de trabalho e da legislação trabalhista foram realizadas por mais de uma centena de países depois da crise internacional. A OIT (Organização Internacional do Trabalho) publicou um estudo (Drivers and effects of labour market reforms: Evidence from a novel policy compendium), produzido pelos pesquisadores Dragos Adascalieti e Clemente Pignatti Morano, sobre reformas legislativas laborais e de mercado de trabalho em 110 países, promovidas no período de 2008 a 2014. A pesquisa atualiza investigações anteriores, bem como faz comparações com estudos do FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial e da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Nos países desenvolvidos, predominam iniciativas para reformar a legislação do mercado de trabalho, no que se refere aos contratos permanentes. Já nos países em desenvolvimento, a ênfase foi maior em reformas das instituições da negociação coletiva. As duas dimensões estão presentes, com maior ou menor intensidade, em grande parte dos projetos de reforma implementados.

Outra observação geral indica que a maioria das remodelagens diminuiu o nível de regulamentação existente e teve caráter definitivo. Foram analisadas 642 mudanças nos sistemas laborais nos 110 países. Em 55% dos casos, o objetivo foi diminuir a proteção ao emprego, o que atingiu toda a população, e tiveram caráter permanente, produzindo uma mudança de longo prazo na regulamentação do mercado de trabalho no mundo.

Do total de reformas, destacam-se aquelas que diminuem os níveis de regulação: 74% trataram de jornada de trabalho, 65% de contratos de trabalho temporário, 62% de demissões coletivas, 59% de contratos permanentes, 46% de negociações coletivas e 28% de outras formas de emprego.

Alguns desafios sindicais

As mudanças trabalhistas aqui no Brasil fazem parte dessa estratégia global do capital e da oportunidade que agentes econômicos e políticos encontraram para fragilizar o movimento sindical e a força dos trabalhadores.

É preciso superar a perplexidade e não acreditar em milagres. Se não forem enfrentados, com determinação e inteligência, os efeitos da mudança poderão ser nefastos. A construção da resposta se coloca como oportunidade para promover transformações na organização sindical e no sistema de relações de trabalho.

O diálogo sindical entre os trabalhadores (as) pode abrir possibilidades para renovadas formas de organização, desde a base e em toda a estrutura. Da mesma maneira, as negociações com os empresários podem abrir canais para efetivar um sistema de relações de trabalho que invista no fortalecimento da negociação — com capacidade de dar solução efetiva aos conflitos, com o direito de organização desde o local de trabalho — realizada entre organizações altamente representativas.

O movimento sindical deve investir na reorganização das campanhas salarias e das negociações coletivas. De um lado, tratando de incorporar nas convenções coletivas a resposta às centenas de mudanças normativas que buscam fragilizar e desproteger os trabalhadores. De outro, desenvolvendo formas de organização das campanhas salariais, unindo na ação sindical aquilo que a fragmentação das categorias divide no local de trabalho. 

As negociações e campanhas poderão se tornar uma oportunidade para se repensar profundamente o conceito original de categoria profissional como instrumento de unidade e não de fragmentação.

A organização sindical será desafiada pelas novas formas de contratação que, em um mercado de trabalho muito desestruturado e com alta informalidade, afastará ainda mais o trabalhador das condições reais de identidade sindical a partir do local de trabalho. Os sindicatos poderão descobrir o local de moradia como espaço de encontro sindical para amplo trabalho de base.

Os bairros poderão suscitar a oportunidade de uma atuação unitária e intersindical de diálogo e filiação, assim como de investimento em atividades culturais e esportivas capazes de promover interação para a formação crítica da classe trabalhadora. Poderão também representar para o movimento sindical um desafio de interação com outros movimentos sociais e populares, permitindo a ampliação da luta e o enfrentamento de questões que afetam dramaticamente a vida dos trabalhadores, como transporte coletivo, creche, saúde, educação, saneamento, entre outros, e abrir possibilidades de intervenção unitária em torno de políticas públicas.

A representação no local de trabalho poderá ser retomada em outro patamar. Há no Brasil, hoje, cerca de 24 mil empresas com mais de 200 trabalhadores. O movimento sindical pode construir uma estratégia para um processo de mobilização visando à constituição de representação sindical efetiva, que atue no sentido da formação de jovens militantes e dirigentes, especialmente mulheres, com investimento para o aumento da representatividade, a renovação e o fortalecimento da organização sindical desde o chão da empresa.

Há exemplos, aqui no Brasil e no mundo, de coordenação do trabalho sindical desde o local de trabalho, com esse tipo de representação fazendo parte da organização e estrutura sindical. Existem também processos articulados e simultâneos de eleição dos representantes de todas as comissões, momento privilegiado para os sindicatos marcarem presença na vida coletiva da sociedade.

A estrutura sindical poderá ser profundamente renovada, seja com muitas fusões entre sindicatos ou redesenho da relação entre eles, federações e confederações e organizações no local de trabalho. Poderá ser construído um novo conceito de sindicato que materialize valores presentes na nossa cultura.

Se o conceito de categoria for usado como instrumento para orientar a organização da força social dos trabalhadores a partir a produção, poderá ser criado um ambiente no qual a identidade de classe se expresse na própria organização.

O financiamento sindical é um desafio estratégico. Sem recursos, a capacidade de atuação fica fragilizada e pode até ser destruída. Considerando que os empregadores querem que os efeitos normativos das convenções e dos acordos tenham validade universal para os trabalhadores, pois isso cria um sentido organizativo para as relações de trabalho, é necessário implantar regras de deliberação coletiva para aporte das contribuições negociais, decididas em assembleias gerais da base sindical (sócios e não sócios). Deve-se também buscar uma regulamentação geral, em lei, que dê segurança a todos.

Como forma de melhorar a capacidade de financiamento, a base patrimonial da estrutura sindical poderá ser reorganizada, visando, de um lado, alocar parte dos recursos para gerar receita e, de outro, investir para melhorar a eficiência e compartilhar usos de estrutura e equipamento, bem como permitir e promover usos coletivos de colônias e serviços como meio de oferecer lazer de qualidade e baixo custo aos trabalhadores.

Ainda: uma das formas de melhorar a capacidade de financiamento é constituir capacidade coletiva, em termos de serviços de comunicação, formação, pesquisa e assessoria. Isso poderá ampliar a capacidade cognitiva coletiva para criar, desenvolver e estender o alcance das políticas e iniciativas sindicais.

É necessário criar meios nacionais de comunicação capazes de difundir uma visão de mundo do trabalhador e do movimento sindical, com o uso de instrumentos que possam disputar a hegemonia da grande mídia, que difunde uma perspectiva individualista que se contrapõe aos valores da igualdade, da solidariedade e de visão crítica e plural.

Um renovado diálogo sindical poderá emergir, com capacidade de construir um pacto intersindical de autorregulação e governança, que busque orientar o sentido que nos une em um campo de relações democráticas e respeitosas, que compreende que as diferenças nos tornam grandes, se tratadas com tolerância e fraternidade política.

Na relação com o empresariado, é preciso apostar que eles não querem o caos nas relações laborais. Por isso, é possível abrir novos canais de diálogo que coloquem o sistema de relações de trabalho como parte essencial de um projeto de desenvolvimento nacional, tratando de acordos e compromissos.

Por fim, toda lei só ganha efetividade se ganhar legitimidade. Haverá, por uma década, disputas sobre a legalidade, sobre as interpretações e muita resistência. Tudo isso pode ser usado como oportunidade para resistir e avançar, mas será necessário coordenação e articulação.

O jogo social não acaba. Não existe apito final. A história das conquistas sociais e políticas, impulsionadas pela utopia da justiça, da liberdade e da igualdade, indica que não há alternativa a não ser lutar, depois, lutar e, por fim, lutar! E se a esperança estiver se esvaindo, o cansaço se sobressaindo, as costas doídas de tantos embates, será preciso olhar para o lado, reconhecer os companheiros e companheiras, pedir ajuda e, na solidariedade que há séculos une os trabalhadores como classe, cerrar as fileiras que nos tornam imbatíveis.


Por: Clemente Ganz Lúcio, Diretor técnico do Dieese. Publicado no Le Monde Diplomatique Brasil em novembro

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Perguntas de um operário que lê: Bertold Brecht

Quem construiu a Tebas das sete portas? Nos livros constam os nomes dos reis. Os reis arrastaram os blocos de pedra?

E a Babilônia tantas vezes destruída Quem a ergueu outras tantas?


Em que casas de Lima radiante de ouro. Moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros Na noite em que ficou pronta a Muralha da China?

A grande Roma está cheia de arcos de triunfo. Quem os levantou?

Sobre quem triunfaram os césares?

A decantada Bizâncio só tinha palácios. Para seus habitantes?

Mesmo na legendária Atlântida, Na noite em que o mar a engoliu, Os que se afogavam gritavam pelos seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou a Índia. Ele sozinho?


César bateu os gauleses. Não tinha pelo menos um cozinheiro consigo?

Felipe de Espanha chorou quando sua Armada naufragou. Ninguém mais chorou?

Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos. Quem venceu além dele?

Uma vitória em cada página. Quem cozinhava os banquetes da vitória?

Um grande homem a cada dez anos. Quem pagava suas despesas?

Tantos relatos.Tantas perguntas.”

terça-feira, 14 de novembro de 2017

7º Congresso dos Condutores – SP debata impactos negativos da Lei 13.467

Os retrocessos contidos na Lei 13.467/2017 que alterou mais de 100 Artigos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) foram amplamente debatidos no 7º Congresso dos Condutores – SP, realizado de 08 a 10 de novembro em Santos. Na análise dos congressistas ela impõe mudanças drásticas nas relações entre capital e trabalho além de rasgar, extinguir direitos conquistados com o esforço da classe trabalhadora.

“Neste grave momento que registra a trágica marca de mais de 14 milhões de desempregados no Brasil, apresentar reformas desestruturantes é uma atitude brutal e de total insensibilidade com a população. É uma forma de se aproveitar da situação de fragilidade para eliminar conquistas da sociedade”, afirmou o presidente do SINDMOTORISTAS – SP, Valdevan Noventa.

Que entende que atual conjuntura social, política e econômica exigirá, do movimento sindical cada vez mais, maior aproximação com seus representados para fazer a disputa de narrativa e ampliar o quadro associativo. E que neste contexto, as entidades sindicais são as únicas instituições democráticas fora dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, capazes de impedir as medidas retrógradas.

“As condições como essa reformas foi proposta pelo Executivo e ampliadas no Legislativo, sem diálogo com as entidades de representação sindical e popular, demonstram a intransigência de um governo e um Congresso que se distanciam dos eleitores e do plano de governo apresentado em 2014 e não ouvem a voz das ruas”, comentou o presidente.

Em tom de alerta, comentou que mesmo com a rejeição recorde do presidente Michel Temer (PMDB) e o descrédito com o Congresso Nacional e setores do Poder Judiciário junto à população, será preciso dobrar à responsabilidade de termos a consciência e de conhecer bem e escolher melhor os representantes nas próximas eleições de 2018.


“A preocupação com os rumos das reformas e os ataques ao movimento sindical e aos direitos trabalhistas e previdenciários é prioridade desta da diretoria. Se os patrões declararam guerra contra nossos direitos e conquistas, terão a resposta à altura e na hora certa. Na campanha Salarial do ano que vem combateremos os retrocessos perversos desta legislação, que foi pensada para retirar direitos, enfraquecer sindicatos dos trabalhadores e liquidar com a Justiça do Trabalho”, denunciou Noventa.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

No 7º Congresso representante dos Patrões tenta desqualificar Comissões de Garagens

A experiência vitoriosa das Comissões de Garagens nas empresas de ônibus urbano de São Paulo foi injustamente criticada, em palestra feita por Atônio Pavani Júnior, Assessor Jurídico Trabalhista do Sindicato das Empresas de Ônibus da capital (SPURBANUSS) no segundo dia (09/11) do 7º Congresso dos Condutores – SP, realizado na cidade de Santos, que falou sobre as intenções dos patrões em aplicar Artigos da Lei 13.467/2017 nos novos contratos trabalhistas.

Na opinião dele, os representantes das Comissões só “atrapalhavam” e fazia concorrência “desleal” com o Sindicato dos Motoristas – SP (SINDMOTORISTAS), e que por enquanto os empresários do setor não pretende discutir a necessidade de cria-las. Sobre a nova legislação, fez fortes elogios e disse que agora as empresas estariam amparadas para regularizará práticas já adotadas no sistema, principalmente, no tocante a jornada de trabalho e intervalo para refeição.

Edivaldo Santiago, secretário de Finanças do SINDMOTORISTAS, imediatamente contestou os argumentos de Pavani sobre a Organização no Local de Trabalho (OLT). “As Comissões de Garagens foram criadas no 1º Congresso realizado em 1989 e, foram elas, que nos ajudou conquistar e manter os benefícios que obtivemos com muita luta ao longo dos anos. Não é verdade que elas atuavam como obstáculos ou concorrente do Sindicato”, esclareceu.

Segundo Santiago, após a vitoriosa Campanha Salarial de 1989 que garantiu: o Reajuste Salarial pelo índice do DIEESE; Vale Refeição; Cesta Básica; Seguro de Vida; Redução da Jornada de Trabalho; Estabilidade no Emprego de dois anos para o trabalhador (a) em vias de aposentadoria; Eleição das Comissões de Garagens; Comissão Especial para discutir implantação do Plano de Cargos e Salários e Avaliação e Desempenho no setor da Manutenção na CMTC, dentre outras cláusulas, só foram possíveis com o apoio da base.


“Na fala do representante patronal ficou claro que nas próximas negociações eles se utilizarão das novas regras, que digam de passagem, só foram aprovadas para fortalecer mais ainda os patrões no processo de negociação coletiva. Cada vez mais precisaremos do apoio e união dos trabalhadores (as) para barrar quaisquer iniciativas que possam significar retrocessos em nossas conquistas”, disse Edivaldo. 

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Ministro dos patrões defende retirada de direitos para gerar empregos

A classe trabalhadora foi golpeada com a reforma neoliberal trabalhista, patrocinada pelos banqueiros, empresários e fielmente apoiada pelo o presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho. Em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo de segunda-feira (06/11), o ocupante do mais importante cargo da Justiça do Trabalho, defendeu ferozmente os interesses dos patrões.

Na ilustre opinião deste magistrado o combate ao desemprego se faz com retirada de direitos sociais e trabalhistas. "Nunca vou conseguir combater desemprego só aumentando direito." Para ele, a Lei 13.467/2017 quebra a rigidez da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e dá segurança jurídica às empresas em um ambiente de novas tecnologias.

De acordo com Nailton Francisco de Souza (Porreta), diretor Nacional de Comunicação da Nova Central, as declarações do ministro Ivo Gandra estão alinhadas com a dos diretores da CNI (Confederação Nacional das Indústrias) e da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), instituições estas que foram linha de frente no lobby feito no Congresso Nacional para aprovar à nova legislação.

Diz que por inúmeras vezes o movimento sindical denunciou que a chamada reforma trabalhista aconteceria com duplo objetivo: arrebentar os sindicatos laborais e exterminar conquistas dos trabalhadores (as). E que estas mudanças significam retrocessos, em benefícios dos capitalistas.

“Num país em que mais da metade da força de trabalho não tem direitos algum, ao invés do governo defender direitos para todos, promove o maior desmonte já feito na CLT. Foram mais de 100 mudanças. Se não bastasse o sofrimento do povo com o desemprego e salário de miséria, o mais lamentável é ouvir de um juiz que somos os culpados pela crise”, diz Nailton.

Perguntado se os encargos trabalhistas colaboraram com a crise, de imediato disse que colaborou. “Um pouco da crise veio exatamente do crescimento de encargos trabalhistas. Para você ter uma reforma que o governo manda dez artigos e sai do Congresso com cem alterados, é porque havia demanda reprimida”, afirmou Gandra.


http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/11/1933111-e-preciso-flexibilizar-direitos-sociais-para-haver-emprego-diz-chefe-do-tst.shtml

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

22% dos brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, diz estudo do Banco Mundial

Nova métrica que passou a ser usada neste mês pelo Banco Mundial para delimitar a quantidade de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza eleva de 8,9 milhões para 45,5 milhões o número de brasileiros considerados pobres – 1/5 da população.

A instituição decidiu complementar a linha de pobreza tradicional – que traça o corte em consumo diário inferior a US$ 1,90 – com outras duas delimitações mais ajustadas às realidades de cada país.

Uma nova linha passa a ser demarcada em US$ 3,20, representando a mediana das linhas para países de renda média baixa. A outra linha é de US$ 5,50 por dia, que corresponde à mediana das linhas de pobreza dos países de renda média alta, entre os quais se inclui o Brasil.

“Ser pobre no Maláui ou em Madagáscar é diferente de ser pobre no Chile, no Brasil ou na Polônia”, diz Francisco Ferreira, economista do Banco Mundial.

No caso de países como o Brasil, o volume de pessoas que vivem abaixo da linha de US$ 1,90 é pequeno, ou seja, esse corte não captura a real pobreza do país.

“Muito pouca gente vive com US$ 1,90 por dia no Brasil, graças a Deus. Mas quem vive com US$ 2,00 ainda é pobre para os padrões brasileiros e para os padrões dos países de renda média alta”, diz.


É preciso dar os parabéns a cada paneleiro e paneleira pela graça alcançada. Era esse o país que eles queriam.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Sindicatos recorreram às greves para manter direitos em 2016

Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) foi realizado 2.093 greves em todo o País. Sendo 81% delas por questões de caráter defensivo na pauta de reivindicações, ou seja, pretendiam manter direitos e não obter novas conquistas e garantir o que estava previsto em lei ou nos Acordos e/ou Convenções Coletivas de Trabalho.

Mais da metade (56%) denunciava descumprimento de direitos. Reivindicações propositivas estiveram presentes em 34% das paralisações, tencionando ampliar o patamar de direitos já existentes. O motivo predominante nas greves foi o atraso no pagamento dos salários (39%), seguido pela demanda de reajuste salarial (30%), fatores relacionados à alimentação (19%), condições de trabalho (16%), demora no pagamento do 13º salário (10%) e por questões relacionadas a Planos de Cargos e Salários (9%).

Atrasos de salários e outras verbas foram responsáveis, portanto, por quase 50% dos motivos que levaram os trabalhadores a realizar greves. O setor público respondeu por 53% das greves, enquanto o privado ficou com 47%. A crise fiscal, que afetou todo o País, teve papel importante nessa configuração.

Paralisações de no máximo um dia predominaram (47%), mas 18% das greves tiveram duração superior a 10 dias. Greves de advertência, movimentos de curta duração, foram 615 (29%) e 1.374, por prazo indeterminado. O detalhamento desses dados está publicado no Estudos e Pesquisas DIEESE nº 84, Balanço das Greves de 2016, disponível em www.dieese.org.br.

O sistema de relações de trabalho tem nos Sindicatos e seus dirigentes os sujeitos que atuam no tratamento e na solução dos conflitos laborais. As regras desse sistema estão nas leis e nos instrumentos complementares, como acordos e Convenções Coletivas, ou mesmo em sentenças normativas da Justiça do Trabalho. A pesquisa do Dieese indica que 87% das greves foram solucionadas por meio da negociação. Em 34% dos casos resolvidos, as reivindicações foram atendidas integralmente (por exemplo, o pagamento dos salários atrasados); em outros 46%, de forma parcial; em 21% das situações, as greves foram encerradas para dar continuidade às negociações.

Essas informações são importantes para a reflexão sobre a importância das instituições e das regras das relações de trabalho que buscam resolver os conflitos inerentes às relações laborais. Sindicatos e organizações representativas, fortalecidos por sistemas de negociação robustos, capazes de responder à complexidade das relações de trabalho nos diferentes setores produtivos e no setor público, são essenciais para as soluções dos conflitos, inclusive para a resolução de greves. A cultura que rege as relações sociais é uma obra de longo prazo. É preciso apostar na negociação e nas regras de um sistema democrático de relações laborais.

O Congresso Nacional impôs mudanças nas instituições e regras do sistema de relações de trabalho no Brasil, sem qualquer tipo de negociação. As normas criadas entrarão em vigor em meados de novembro próximo. Os trabalhadores e os Sindicatos estarão inseridos em uma nova institucionalidade, que busca fragilizá-los.

Mais do que nunca, é fundamental investir no aumento da representatividade sindical, no fortalecimento da unidade da luta, na construção de novas maneiras de conduzir as campanhas salariais, na atuação determinada para estimular e intensificar as negociações, na defesa da lei, na criatividade para inventar outras ações, possibilitando o exercício democrático do direito de greve.


Por: Clemente Ganz Lúcio é sociólogo e diretor-técnico do Dieese

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

VIP M’ Boi quer limitar permanência de funcionários da manutenção na empresa

Por determinação do patrão, a gerência da empresa de transporte urbano de passageiros (VIP M’ Boi Mirim) que opera linhas no extremo Sul de São Paulo, comunicou aos seus funcionários (as) do setor de manutenção que só poderão entrar na garagem 20 minutos antes do início da jornada de trabalho. E não poderão permanecer no interior da mesma fora do horário de serviço sem autorização prévia.

Assim que soube das novas regras, o diretor do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Urbano – SP (SIDMOTORISTAS – SP), Iranildo Ferreira (Pastor Iranildo) fez assembleia às 10h00 de segunda-feira (30/10), e esclareceu que possivelmente esta orientação seja resultado da Lei 13.467/2017.

Esclareceu que partir de 11 de novembro ela começa a vigorar, com alteração do artigo da CLT sobre o tempo na empresa. E que pela nova regra não são consideradas dentro da jornada de trabalho as atividades no âmbito da empresa como: descanso, estudo, alimentação, interação entre colegas, higiene pessoal e troca de uniformes.

“O presidente do Sindicato Valdevan Noventa, disse que não permitirá prejuízos para a categoria com a implantação desta Lei. Exigiremos que seja então, disponibilizada uma Sala de Espera para que os companheiros (as) não fiquem no relento. O recado foi dado, se não apresentar alternativa para esta situação, resistiremos e organizaremos uma mobilização no setor contra este capricho patronal”, afirmou o diretor Iranildo.


Ele esclareceu que recentemente o Sindicato organizou uma plenária na sede central da entidade com a participação dos diretores, delegados, cipeiros e militantes para debater os impactos da lei nas condições de trabalho nas empresas de ônibus e o que poderá acontecer com o trabalhador (a) a partir de novembro.

sábado, 28 de outubro de 2017

Em 2012 trabalhadores da manutenção conquistaram equiparação salarial

Na Campanha Salarial de 2012 do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SINDMOTORISTAS-SP), o Piso Salarial dos oficiais (Mecânico, Eletricista, Pintor, Moleiro, Soldador, Fibreiro e Socorrista), foram equiparados com o do Funileiro Oficial, que na época recebia R$ 9,27 (nove reais e vinte e sete centavos).

De acordo com Nailton Francisco de Souza (Porreta), que na época era o Coordenador Geral do Departamento dos Trabalhadores do Setor de Manutenção do SINDMOTORISTAS-SP, esta era uma reivindicação antiga da categoria. Que após muita mobilização nas empresas de ônibus urbano da capital, Paulo José Dinis Ruas, ex-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SP-Urbanuss), acolheu a reivindicação.

“Lutamos por esta questão por entender, que além do merecimento do conjunto destes profissionais, as duas grandes ambições do empregado é conseguir uma promoção e/ou obter um aumento salarial. Na ocasião, a diferença era de aproximadamente R$ 2,00 (dois reais) e mais de 1.500 funcionários obtiveram este reconhecimento”, relata Souza.

Ele recorda que o Departamento foi criado para lutar por melhorias das condições de trabalho, saúde e segurança no trabalho, e através do processo de negociação solucionar algumas questões como: Solucionar os foras de função existentes na maioria das empresas com promoção já; Equiparar salários defasados, ajustando todas as funções; Definir nomenclatura de todas as funções existentes no setor de manutenção; Criar o piso mínimo de salário a ser pago na manutenção.

Outras reivindicações também constavam do Plano de Ações, dentre elas: Implantar o quadro de carreira na manutenção, através de um plano de avaliação de desempenho de cada função existente na manutenção; Melhorar as condições de saúde e segurança no local de trabalho, retomando as negociações sobre a convenção coletiva, sobre saúde; Melhorar as condições de trabalho, com investimentos em equipamentos de ferramentas de uso coletivo individual; Implantar folga dupla em esquema de compensação, com o sistema de plantões; Contratação de mais mão-de-obra, onde existir defasagem; Exigir das empresas aplicação de cursos, treinamentos e aperfeiçoamento para os funcionários da manutenção e Construção de área de lazer, nas garagens.

De acordo com Porreta, a diferença entre a formação do sindicalista e a formação dos trabalhadores (as) na base, está na obrigação de trabalhar para elevar a consciência destes, para que através de suas práticas e de suas pequenas, mas, constantes conquistas reveladas nas lutas cotidianas, consigam perceber a importância da sua mobilização e participação.

“Todas às vezes que iniciávamos uma negociação coletiva visávamos beneficiar os trabalhadores (as) do setor de manutenção. Fazíamos assembleias em todas as garagens e colhíamos as sugestões, reclamações e os problemas que mais afetavam o pessoal cotidianamente e, em conjunto, com o diretor do Sindicato de cada empresa buscávamos a solução mais adequada”, afirma Porreta.


Que garante que o poder de uma entidade sindical depende, principalmente, do nível de organização dos trabalhadores (as) dentro do seu local de trabalho, pois organizar sindicalmente nos locais de trabalho, significa consolidar a liderança de sindicalistas ali atuantes e aumentar o número associados ao Sindicato.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O Brasil de cinco anos atrás era bem diferente para os trabalhadores

Em 2012 o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou resultados da Síntese de Indicadores Sociais, que mostrava importantes avanços que beneficiava a classe trabalhadora no aumento do nível de empregos e renda. Na época, em dez anos o emprego com carteira assinada passou de 45,3% em 2001, para 56%m em 2011.

Esse crescimento é um dos principais instrumentos de distribuição de renda numa economia. Nele o trabalhador formal fica menos vulnerável e inserido em uma rede de conquistas e garantias, como acessos ao crédito, vale alimentação e/ou refeição, vale transporte, cesta básica, convênio médico etc.

Na ocasião, segundo a pesquisa, o rendimento das pessoas negras ocupadas equivalia a 60% do rendimento das pessoas brancas, porém, o crescimento da formalização era maior entre as mulheres negras. Apesar dos avanços registrados, ainda tínhamos 44,2 milhões de pessoas na informalidade.

Contudo, o País cresceu e todos indicadores analisados apresentaram redução das desigualdades sociais e de renda. Em outros momentos de crescimento econômico, como na época da ditadura isso não aconteceu. E neste momento de crises e perda de empregos e direitos sociais é preciso resistir.

Entendemos que lutar pela redução das desigualdades é determinante para garantir a cidadania que, infelizmente, milhões de brasileiros (as) perderam nos últimos 2 anos. Hoje temos mais de 12 milhões de desempregados e assim que a Lei 13.467/2017 passar a vigorar, a situação tende piorar.

As novas regras atingirá em cheio o Movimento Sindical que perdeu parte significativa dos recursos financeiros.  Frente ao novo cenário de incertezas e o fim da Contribuição Sindical compulsória, o DIEESE sugere os seguintes desafios:
1)    Melhorar a preparação das Campanhas Salariais;

2)    Repensar a organização sindical com forte presença nos locais de trabalho;

3)    Redesenhar a luta institucional e enfrentar a Lei em várias frentes;

4)    Produzir conhecimento sobre as profundas transformações na economia;

5)    Construir novas formas de organização de luta e realizar muita formação sindical.

Ou seja, é preciso intensificar o trabalho de conscientização de adesão à entidade via Campanha de Sindicalização permanente. Se não houver o apoio dos trabalhadores (as) às suas entidades de classe as futuras negociações serão mais difíceis e imprevisíveis.

Certo dia o Papa Francisco disse que: “Não existe uma boa sociedade sem um bom sindicato. E não há bom sindicato que não renasçam todos os dias nas periferias, que não transforme as pedras descartadas da economia em pedras angulares”. Temos que interpretar literalmente esta frase e resistir muito mais.


Por: Nailton Francisco de Souza, Diretor Nacional de Comunicação da Nova Central.