O ajudante de manutenção Paulo Ricardo da Silva, da Viação Gato Preto
(Garagem III), machucou o nariz em um acidente de trabalho no sábado
(15/09), provocado por falta de reparos na grande antiderrapante do piso de uma
valeta, utilizada para fazer manutenção preventiva na frota de ônibus da
empresa. Após a ocorrência, o local foi interditado pelos representantes
dos Trabalhadores que solicitaram providências.
De acordo com o funcionário lecionado, ao transportar o recipiente utilizado
para troca de óleo dos veículos, a grade desprendeu – se do piso e arremessou o
equipamento sobre seu corpo. “Apesar do susto e do ferimento, tive sorte em não
torcer meu pé. Espero que o problema seja resolvido para que outros não possam
cair”, disse Paulo.
Segundo relatos de Osvair Varela, representante sindical o acidente poderia
ser evitado. Caso a chefia tivesse corrigido com antecedência a falha e
determinasse o consertado. Não seria preciso interditar por dois dias, a
referida valeta. “Temos que mudar esta cultura de só solucionar algo, quando
acontece o pior. Investir na prevenção de Acidentes de Trabalho, na minha
visão, é o melhor para todos”, diz.
Levantamento realizado pelo Ministério da Previdência Social, na opinião
de Valdir Feitosa da Silva, diretor recém-eleito do Sindicato dos Motoristas e
Trabalhadores em Transporte Urbano de São Paulo (SINDMORISTAS – SP), alerta que
cerca de sete brasileiros perdem a vida todos os dias em acidentes de trabalho
no Brasil, uma média de 2.500 óbitos a cada ano no país.
“Esses números alarmantes colocam o Brasil na quarta posição
mundial em relação à quantidade de mortes, perde apenas para a China,
os Estados Unidos e a Rússia. Os dados divulgados pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) nos obrigam a fazer ações, campanhas e
trabalhos conjuntos para salvar vidas e evitar mutilações e sofrimento das
pessoas”, garante Feitosa.
Desde o começo de 2017, ao menos um trabalhador brasileiro morreu a cada
quatro horas e meia, vítima de acidente de trabalho. O dado é do Observatório Digital
de Saúde e Segurança do Trabalho, desenvolvido pelo Ministério Público do
Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e cujos
resultados atualizados foram apresentados hoje (5).
Com base em informações disponibilizadas por vários órgãos públicos, o
observatório estima que, entre o começo do ano passado e as 14h de hoje, foram
registradas 675.025 comunicações por acidentes de trabalho (CATs) e notificadas
2.351 mortes.
Ainda de acordo com o observatório, entre 2012 e 2017, a Previdência
Social gastou mais de R$ 26,2 bilhões com o pagamento de auxílios-doença,
aposentadorias por invalidez, auxílios-acidente e pensões por morte de
trabalhadores. Além disso, com base em cálculos da OIT, o procurador do
trabalho e co-coordenador do laboratório de gestão (SmartLab de Trabalho
Decente), Luís Fabiano de Assis, afirma que o país perde, anualmente, 4% do seu
Produto Interno Bruto (PIB) com gastos decorrentes de “práticas pobres em
segurança do trabalho”.
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