Candidato à vice na
chapa do PT para a Presidência da República, Fernando Haddad propôs isentar a
cobrança de imposto de renda para quem ganha até cinco salários mínimos (R$
4.770). De acordo com o candidato, isso será viabilizado com o aumento da
tributação sobre os muito ricos, como, por exemplo, a cobrança de impostos
sobre dividendos. “Queremos voltar a tributar dividendos para isentar os que
vivem do trabalho”, afirmou em sabatina promovida, nesta terça-feira, 14, pela
União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS), em Brasília.
Atualmente, a isenção
de IR é apenas para renda inferior a R$ 1.903 por mês. Ele disse ainda que, sem
a reforma tributária e um choque de crédito, o País “não irá muito longe”.
Haddad reforçou que sua proposta é que a tributação para o sistema bancário
seja progressiva, maior de acordo com o spread cobrado, o que vai induzir as
instituições financeiras a baixarem juros.
“Os empresários da
produção foram os que se insurgiram contra taxas abusivas dos bancos”, afirmou,
lembrando Antônio Ermírio de Moraes e o ex-vice presidente José de Alencar,
críticos dos juros altos.
Questionado sobre
suas propostas para o urbanismo, o ex-prefeito de São Paulo lembrou o Plano
Diretor da cidade e disse que é preciso induzir o adensamento das cidades onde
já existe infraestrutura, com a reserva de espaços nessas áreas para a
população de baixa renda. “Hoje é perfeitamente possível comprar apartamentos
em áreas nobres de SP por R$ 200 mil. Isso não existia antes do plano diretor”,
afirmou.
Previdência
Haddad disse ainda que a proposta do partido é fazer uma reforma da
Previdência que comece pelo regime próprio, que abarca servidores federais.
Questionado sobre a proposta apresentada pelo candidato Ciro Gomes (PDT) de
fazer um plebiscito para a reforma, ele disse preferir que seja feito um
referendum, em que o projeto seja discutido e apresentado à opinião da
população.
Ele afirmou que o presidente Michel Temer fez “uma grande confusão” ao
reunir, em um mesmo projeto de reforma da Previdência, o Benefício de Prestação
Continuada (BPC), o regime próprio e o regime geral de aposentadorias. “Não é
possível fazer uma reforma da Previdência com essa abrangência no Brasil. Vamos
começar pelo começo e abrir a discussão da Previdência pelo regime próprio”,
afirmou.
O candidato aproveitou para alfinetar o concorrente Geraldo Alckmin
(PSDB) e disse não ver diferença entre a agenda econômica do tucano e do atual
governo. “Acho corajoso da parte do Alckmin dizer que vai continuar as reformas
de Temer”, completou.
Crime organizado
O vice do PT na chapa à Presidência defendeu também que a Polícia Federal
assuma o trabalho de combate ao crime organizado no Brasil. A proposta, que
integra o programa de governo do partido, busca “chamar a responsabilidade” para
o ente federal e liberar forças de segurança para se concentrar no trabalho de
defesa da vida.
“Nós vamos chamar a responsabilidade federal para combate ao crime
organizado em ciclo completo. Passou da fronteira, distribuiu a mercadoria,
continua sendo assunto federal. A Polícia Federal vai fazer o ciclo completo
(de combate ao crime organizado), de A a Z. É impossível o governador combater
o PCC sozinho”, disse. Com essa iniciativa de chamar a responsabilidade para o
federal, liberamos as forças de segurança pra atuar em defesa da vida”, disse.
Haddad criticou o governo Michel Temer por abandonar a implementação do
programa de monitoramento de fronteiras, o chamado Sistema Integrado de
Monitoramento de Fronteiras (SISFRON). O petista relatou pedido do comandante
do Exército, general Eduardo Villas Bôas, para que a campanha petista dê algum
tipo de prioridade para o assunto.
“Eu tive oportunidade de conversar com comandante das Forças Armadas e,
para minha surpresa, o governo atual postergou pra 2035 a conclusão do SISFRON.
É um projeto da maior importância, de alta tecnologia pra garantir proteção nas
fronteiras. Esse programa se paga, é uma economia que é imprópria. Se paga
porque você tem ganhos tributários mediatos”, disse. “O governo passa a régua
sem nenhuma análise do quanto vai custar não fazer o programa”, complementou.
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