Apesar de sermos um país
jovem, em comparação a outros países do além mar. Temos apenas 508 anos, dos
quais 322 sobre o domínio dos colonizadores portugueses. Só obtivemos nossa
independência no dia 07 de setembro de 1822. Com todo atraso desenvolvimentista,
somos uma nação com uma história para contar, de lutas e conquistas travadas
pela classe operária até os dias de hoje.
Quando o almirante Pedro
Álvares Cabral e sua comitiva aportaram em solo brasileiro em 1500, pode-se
dizer que aí começa a luta do fraco contra o forte. Inicialmente foram os
índios, que em vão resistiram enquanto puderam, depois os escravos capturados
com requinte de crueldade na África e trazidos para o Brasil.
Mais tarde os imigrantes,
que vieram para cá na busca de melhores condições de vida e trabalho
incentivados por promessas dos capitalistas europeus, foram obrigados a se
unirem para combater as injustiças e o nível insuportável da exploração imposta
pela ganância dos patrões, que não se importavam com outra coisa a não ser o
lucro fácil.
Com a finalidade de resolver
as demandas provenientes da relação capital e trabalho, ou seja, reivindicar
melhores salários e redução da jornada de trabalho, além de um atendimento
assistencial para a classe, no Brasil, os trabalhadores criam, em 1872 a Liga
Operária de Socorro Mútuo e também as Ligas de Resistência.
Em 1903 surge a União dos
Empregados do Comércio, e posteriormente a União dos Trabalhadores em Tecido.
Na época estes tipos de organizações atuaram firmes de maneira preponderante e
conquistaram o que hoje denominamos Direito do Trabalho. Conforme registro
histórico, a expressão “sindicato” surgiu em 1903, e o pioneiro foi o Sindicato
dos Trabalhadores em Mármore, Pedra e Granito – SP (1906).
De (1905 – 1929) predominará
no país o chamado Sindicalismo Libertário. Antes do surgimento da indústria, a
economia brasileira era movida pela agricultura, com vastas plantações de café,
cana de açúcar, de algodão e o cacau. A mais importante da economia exportadora
era a agricultura cafeeira, que se concentrava no Estado de São Paulo.
Como tal atividade não
exigia muito volume de investimento, e com o lucro garantido, os patrões
vinculados a este setor exportador passo a investir na mais nova atividade da
economia, ou seja, a indústria. O trabalho passa a ser remunerado por salário,
e sua principal característica será a exploração dos trabalhadores, que formará
a classe operária brasileira.
Considerado o berço da
classe operária e do sindicalismo combativo, o ABC paulista teve algumas indústrias
instaladas no final do século XIX. Porém, o registro oficial da primeira
fábrica de São Bernardo do Campo – SP é de 1905, uma pequena fábrica de móveis.
Já em 1920, a cidade possuía uma população de 24.014 habitantes; 121
estabelecimentos industriais e 207 firmas comerciais.
Nas fábricas a jornada de
trabalho chegava a atingir 14 ou 16 horas diárias e a força de trabalho de
mulheres e crianças eram as mais exploradas. Os salários pagos atingiam níveis
baixos, e a forma de punições disciplinares e castigo era a redução dos mesmos.
Todos eram explorados sem qualquer direito ou proteção legal, e a repressão
policial sempre a favor dos patrões, faziam das fábricas verdadeiros presídios.
O clima hostil instalado nos
meios de produção, as experiências e os sonhos da massa de trabalhadores
imigrantes, principalmente os italianos que almejavam uma sociedade libertária
sem exploração e sem patrões, sonhos construídos na luta operária desenvolvido
no continente europeu, influenciaram decisivamente na construção de uma
ferramenta de defesa e proteção dos direitos dos trabalhadores, os sindicatos.
Os primeiros sindicatos eram
de orientação anarquista, que tinham como princípios fundamentais: Ação Direta,
Amor Livre, Trabalho Coletivo, Igualdade e Liberdade sem Estado. A defesa
intransigente da greve geral, como forma de derrubar o sistema capitalista, fez
do anarquismo a posição hegemônica do nascimento até a consolidação da
indústria no Brasil.
No ABC, a primeira
organização operária foi a Liga Operária de São Bernardo do Campo, fundada em
26 de junho de 1907, fruto da grande greve operária no Estado de São Paulo,
deflagrada pelos metalúrgicos que reivindicava 48 horas de trabalho semanais. A
Liga Operária era filiada à Federação Operária de São Paulo de orientação
anarco-sindicalista.
Nesta época os trabalhadores
se organizavam independente da vontade do Estado ou governo. Por isso era
chamado de “libertário”, justamente por não ter qualquer vínculo com o Estado.
O controle era dos próprios trabalhadores que se
organizavam livremente para lutar contra as duras condições de vida e trabalho,
por uma sociedade sem classes, sem opressão e exploração. Este tipo de
organização teve vida curta, muitas entidades desapareceram ao longo dos anos.
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