Com a gravidade das novas
denúncias, um diretor do Ministério da Saúde já foi exonerado e foram
convocados a depor na CPI da Covid do Senado um denunciante, um acusado e o
líder do governo Ricardo Barros (PP-SC), que teria indicado o diretor do ministério
que cobrou propina.
Denúncia
de propina 1
Em entrevista exclusiva
publicada no jornal Folha de S. Paulo nesta terça-feira (29), Luiz Paulo
Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da empresa Davati
Medical Supply, afirmou que o diretor de Logística do Ministério da Saúde,
Roberto Ferreira Dias, indicado para o cargo pelo deputado Ricardo Barros
(PP-SC), que agora nega a indicação, cobrou propina de 1 dólar por dose para
fechar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.
De acordo com Dominguetti
Pereira, o pedido de propina aconteceu em um shopping de Brasília, em 25 de
fevereiro. Cada dose do imunizante, pela oferta feita naquele momento, custaria
3,5 dólares (sem considerar a propina).
No jantar em que se
desenrolou a proposta, estavam presentes, além do representante da Davati e de
Roberto Dias, “um militar do Exército e um empresário lá de Brasília”, segundo
o relato feito ao jornal.
Um dia depois do encontro,
Dominguetti afirma que teve uma agenda oficial com Roberto Dias no Ministério
da Saúde. Por não haver o pagamento da propina solicitada, o negócio com o
Ministério da Saúde teria sido encerrado.
“Aí depois nós tentamos por
outras vias, tentamos conversar com o Élcio Franco [ex-secretário-executivo da
Saúde], explicamos para ele a situação também, não adiantou nada. Ninguém
queria vacina”, disse Dominguetti à Folha.
Conforme o relato, Roberto
Dias pediu a propina dizendo que “não avançava dentro do ministério se a gente
não composse com o grupo, que existe um grupo que só trabalhava dentro do
ministério, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da
vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a
gente estava propondo”.
CPI
vai ouvir envolvidos e diretor já foi demitido
A repercussão da denúncia
levou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a exonerar o diretor de Logística,
Roberto Ferreira Dias; e a CPI da Covid a aprovar requerimentos para a
convocação de Luiz Paulo Dominguetti Pereira. Ele vai depor nesta sexta-feira
(2), segundo o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).
Também foram convocados para
depor Roberto Ferreira Dias, que será ouvido na quarta-feira (7), e Ricardo
Barros, na quinta-feia (8).
A CPI também aprovou
requerimento de convocação do tenente-coronel do Exército Marcelo Blanco, que
foi assessor no departamento de logística do Ministério da Saúde na gestão de
Roberto Ferreira dias.
Blanco participou da reunião
no restaurante Vasco quando Dias pediu propina, segundo Dominguetti Pereira.
Denúncia
2
Em reportagem exclusiva, a
Revista Crusoé afirmou que, após avisar Bolsonaro sobre as irregularidades na
compra da Covaxim, o deputado Luís Miranda teria recebido uma oferta de propina
para não atrapalhar a negociação.
De acordo com a reportagem,
o deputado chegou a participar de uma reunião com Silvio Assis, lobista ligado
ao deputado Ricardo Barros. Na ocasião, teria recebido uma oferta milionária
para que ele e o irmão não atrapalhassem as negociações envolvendo a compra da
Covaxin, mas não se falou em valores.
Cerca de um mês depois deste
primeiro encontro, o deputado Miranda participou de uma nova reunião, no mesmo
local, com Assis. Desta vez, Barros esteve presente. Uma nova oferta de
propinafoi feita e, desta vez, a oferta foi clara: cerca de R$ 1milhão pela
"parceria" no negócio.
À revista, Assis confirmou
ter se encontrado com Miranda, mas negou que tenha conversado sobre a compra de
vacinas. Já o deputado afirmou que prefere falar sobre o assunto somente à
Polícia Federal.
Depois da publicação, em
postagem no Twitter, porém, Miranda não confirmou que recebeu oferta de
propina. Disse que a revista "é responsável por suas matérias e certamente
arcará com o que escreve! Não quero ser usado para criar narrativas e volto a
afirmar que todas as minhas conversas com Ricardo Barros foram republicanas e
não vou me pronunciar sobre fatos que não posso provar!".
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