O Brasil é o segundo país a
ultrapassar a marca de meio milhão de mortes — os Estados Unidos alcançaram
este número em fevereiro. A contagem impressiona (veja mais abaixo).
Em meio ao luto — hoje, são
cerca de 2 mil mortes por dia, em média—, nosso país também enfrenta os efeitos
colaterais da pandemia do coronavírus, como o aprofundamento da desigualdade
social.
Nunca tantos brasileiros
estiveram na extrema pobreza —de acordo com o Ministério da Cidadania, 14,5
milhões de famílias estão em situação de miséria (com renda per capita de até
R$ 89 mensais). Há ainda 2,8 milhões de famílias vivendo em pobreza (com renda
entre R$ 90 e R$ 178 per capita mensais).
Com 14,8 milhões de pessoas
sem trabalho, a taxa de desemprego bateu recorde e os mais afetados foram os
mais pobres. Mesmo com a criação de novas vagas e com o aumento do PIB, a renda
média domiciliar caiu 10%, na comparação entre os primeiros trimestres de 2021
e 2020. Foi o quarto trimestre seguido de queda.
Para o Centro de Políticas
Sociais da Fundação Getúlio Vargas, o começo deste ano pode ser considerado
"o pior ponto da crise social".
Quem
perdeu a vida
As vítimas da covid no
Brasil são, segundo a Central de Informações do Registro Civil (Arpen):
56% homens e 44% mulheres
50,3% brancos; 28,4% pardos;
6,5% pretos; 0,9% amarelos; 0,2% indígenas (e 13,7% de raça ignorada)
70,4 % com idade entre 60 e
90 anos; 27,9%, entre 30 e 59 anos; 1,7% com menos de 29 anos
Por causa da vacinação,
algumas mudanças começaram a ocorrer nestes registros — no começo deste mês,
pela primeira vez, as mortes de pessoas com menos de 60 anos por covid
superaram a de idosos.
Mas a pandemia nunca atingiu
da mesma forma os diferentes grupos sociais. Os primeiros casos no Brasil foram
de pacientes que viajaram para o exterior. Rapidamente, a doença se espalhou
também entre os mais pobres.
Em junho do ano passado, a
mortalidade de internados por covid em UTIs de hospitais públicos era o dobro
da registrada nas unidades privadas (38,5% contra 19,5%). Hoje, a taxa é de
53,7% nas UTIs públicas e 30,2% nas particulares. Para a sanitarista Bernadete
Perez, números como esses mostram o "abismo" entre as classes sociais
no que se refere ao acesso a serviços de saúde.
No dia a dia do trabalho, a
vulnerabilidade das classes mais baixas também é exposta. Enquanto muitos
escritórios adotaram o home office e os funcionários podem trabalhar de casa,
profissionais com remuneração mais baixa, mas que exercem atividades
essenciais, como motoristas de ônibus e caixas de supermercado, permaneceram
trabalhando fora e não entraram nos grupos prioritários de vacinação.
Fonte: https://noticias.uol.com.br
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