O
ex-presidente Luiz Inácio da Lula da Silva enviou na última sexta-feira uma
carta ao presidente chinês Xi Jinping pedindo desculpas, em nome do povo
brasileiro, às ofensas proferidas pela família Bozo ao país asiático. A ação
pode ser considerada como uma das maiores humilhações de Bolsonaro até agora.
Lula assume de vez o papel de líder brasileiro na atualidade. O conteúdo da
carta foi lido em público, hoje, pelo presidente chinês. Leia a íntegra.
Leia a íntegra da carta:
São
Bernardo, Brasil, 20 de março de 2020
“Caro
presidente Xi Jinping,
Em
nome da amizade entre os povos do Brasil e da China, cultivada por sucessivos
governos dos dois países ao longo de quase cinco décadas, venho repudiar a
inaceitável agressão feita a seu grande país por um deputado que vem a ser
filho do atual presidente da República do Brasil.
Tal
atitude, ofensiva e leviana, contraria frontalmente os sentimentos de respeito
e admiração do povo brasileiro pela China. Creio expressar o sentimento de uma
Nação, que tive a responsabilidade de presidir por dois mandatos, ao pedir
desculpas ao povo e ao governo da China pelo comportamento deplorável daquele
deputado.
Como
é de seu conhecimento, setores expressivos da sociedade brasileira condenaram
aquela agressão, incluindo os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal do Brasil.
Lamento,
entretanto, que o atual governo brasileiro não tenha feito ainda esse gesto
pelos canais diplomáticos e por meio do próprio presidente da República, Jair
Bolsonaro, que deveria ter sido o primeiro a tomar tal atitude. Seu silêncio
envergonha o Brasil e comprova a estreiteza de uma visão de mundo que despreza
a verdade, a Ciência, a convivência entre os povos e a própria democracia.
Lamento
especialmente que esta agressão tenha ocorrido na conjuntura de um contencioso
comercial entre a China e os Estados Unidos, país ao qual a política externa
brasileira vem sendo submetida de maneira servil por este governo. Bolsonaro
rebaixa as relações do Brasil com países amigos e se rebaixa como reles
bajulador do presidente Donald Trump.
Este
governo passará, sem ter estado à altura do Brasil, mas nada poderá apagar os
laços de amizade e cooperação que vimos construindo desde 1974, quando o então
presidente Ernesto Geisel restabeleceu as relações entre o Brasil e a República
Popular da China.
Praticamente
todos os presidentes brasileiros, desde então, fortaleceram nossa relação nos
mais diversos campos. Recordo que, ainda em 1988, o presidente José Sarney
assinou os acordos para a construção do satélite sino-brasileiro, que viria a
ser lançado no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Em
1994, os presidentes Itamar Franco e Jiang Zemin estabeleceram a Parceria
Estratégica Brasil e China, que tem frutificado em benefício mútuo. Desde 2009
a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em meu governo, o Brasil
reconheceu a China como economia de mercado e construímos juntos os BRICS,
inaugurando um novo capítulo na ordem mundial.
Recentemente,
expressei minha solidariedade ao povo e ao governo da China no enfrentamento ao
coronavírus. Recebo agora a notícia de que os esforços admiráveis nesse combate
resultaram na interrupção, pelo segundo dia consecutivo, da transmissão do
vírus em seu país. Parabéns por esta vitória e sigam lutando.
Esta
é a verdadeira imagem da China que nós, brasileiros e brasileiras, aprendemos a
admirar, numa convivência de mútuo respeito. Um país com o qual desejamos
manter e aprofundar as melhores relações de amizade e cooperação, inclusive no
combate à grave pandemia que também nos atinge.
Receba
minha saudação respeitosa e fraterna, que se estende a todo o povo chinês,
Por: Luiz Inácio Lula da Silva
É a coerência, competência manifestando o respeito, solidariedade e fraternidade entre os povos. A classe trabalhadora e internacional
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