O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva divulgou na quarta-feira (19/03) um vídeo em que fala sobre a
crise do coronavírus, da importância das pessoas se cuidarem e da obrigação que
o governo deveria ter, nessa hora, de atuar para proteger e orientar as pessoas,
liberando recursos para enfrentar a doença e para garantir o salário e a renda
dos milhões que já não estão podendo trabalhar.
Lula criticou a
irresponsabilidade, a falta de inciativa e de coordenação do governo Bolsonaro,
que colocam em risco toda a população. Ele decidiu falar ao país porque ficou
inconformado com a entrevista de Jair Bolsonaro na noite quarta-feira. “O
governo precisa garantir que as pessoas não vão ser mandadas embora (por causa
da doença) e os empresários têm de garantir que as pessoas vão receber seu
dinheiro”, afirmou o ex-presidente.
“Imaginei que fosse uma
entrevista para bem orientar o povo brasileiro de como melhor se comportar para
evitar o coronavírus e como o governo irá fazer para minimizar possíveis
sofrimentos da sociedade, mas o que vi foi um show de narcisimo”, disse Lula
sobre a fala de Bolsonaro. “Não estava preocupado em orientar a sociedade e o
povo, estava preocupado em se desfazer da imagem que criaram por ter falado
tanta bobagem ao longo da semana”.
De acordo com Lula o
importante era o presidente ter avisado ao povo o que vai fazer de
investimento. E deu exemplos: “Avisar quanto vai gastar no SUS, porque a emenda
95 (emenda do teto dos gastos) tirou R$ 22,5 bilhões do SUS; quanto vai gastar
em leitos, com hospitais, médicos, enfermeiros”.
“A entrevista serviu apenas
para mostrar que nós, nesse instante, não temos governo, não temos alguém que
seja capaz de orientar as pessoas”, disse Lula. “Ele está preocupado é com sua
imagem, seus panelaços e manifestações, em se autodenominar o mito”,
acrescentou em referência a Bolsonaro. “Ele gosta tanto dele que se acha mais
importante que qualquer outro ser humano, quando deveria apenas governar para
210 milhões e não apenas para satisfazer seu ego e o ego dos filhos”.
Cobrou medidas do governo
para proteger o conjunto da população e especialmente “os mais vulneráveis, os
mais fragilizados, que além de tudo são os que menos consomem proteínas e
calorias, estão mais fracas e precisam receber um cuidado maior”. Segundo Lula,
“é para isso que o país precisa de governo, para cuidar das pessoas e dentre
elas as que mais precisam”.
Elogiou o papel da imprensa,
tanto a tradicional quanto a independente, na divulgação de informações sobre o
coronavírus para a o público, além de destacar a atuação de muitos governos
estaduais e prefeituras desde o início da crise. Ele cobrou do governo federal
que também forneça “informação segura” para a população, o que não vem
ocorrendo. “É o governo federal que tem de ser o coordenador (das ações), mas
não vejo intenção nem vontade de política de fazer”, disse Lula.
Destacou que, para que a
crise do coronavírus não se transforme em algo mais grave do que já é, é
preciso colocar dinheiro novo em seu combate, muito além do que foi anunciado
pelo governo. “É preciso que o tesouro coloque tanto dinheiro quanto for
necessário para salvar as pessoas”, afirmou. “E depois vamos cuidar da
economia, porque a economia brasileira já vinha muito ruim; e não era por causa
do coronavírus, ele apenas vai agravar, como agravou em todas as partes do
planeta.”
Ao longo de sua mensagem insistiu
em aconselhar as pessoas a tomarem cuidados com a higiene, lavar constantemente
as mãos e evitar contatos para se protegerem e proteger as pessoas próximas.
Ele comparou os cuidados com a doença ao comportamento das pessoas diante de
uma abelha. “Quando é uma abelha só, a gente nem se preocupa, mas quando vê um
enxame você sai correndo”, disse. “Esse cuidado é para evitar que o coronavírus
venha como um enxame para cima de nós”.
No encerramento da mensagem
destacou a importância da solidariedade neste momento. “Que o amor prevaleça
sobre o ódio e a solidariedade prevaleça sobre o descaso”, disse Lula. “É hora
cuidar do outro, com solidariedade, este é o maior antídoto contra o
coronavírus”. E concluiu: “Espero voltar a fazer atividades públicas com todos
vocês, com muita saúde, porque o que eu mais quero é recuperar a democracia em
nosso querido Brasil”.
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