Carta dos Governadores do
Nordeste A favor da vida: Nós,
governadores do Nordeste, em videoconferência realizada neste dia 27 de março,
assim nos manifestamos:
1) Com bom senso e
equilíbrio, vamos continuar orientados pela ciência e pela experiência mundial,
para nortear todas as medidas, diariamente avaliadas, nesta guerra travada
contra o Coronavírus. Reiteramos que parâmetros científicos indicam as ações
preventivas e protetivas, de intensidade gradual e estágios progressivos ou
regressivos, adequando-as sempre à realidade de cada região de nossos Estados;
2) Na ausência de efetiva
coordenação nacional, que deveria ser assumida pelo Governo Federal, em
articulação com os demais entes federativos, buscaremos avançar na integração
regional e com as demais regiões, mobilizados pelo objetivo de salvar vidas e
amenizar os impactos negativos sobre a economia dos estados. Acreditamos também
que o Congresso Nacional tem papel decisivo no atual momento da vida
brasileira;
3) Dispostos a fortalecer o
embasamento de cada uma das nossas medidas, já construído sobre as bases
apresentadas pela OMS, solicitaremos um pronunciamento oficial do Conselho
Federal de Medicina, do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde e
da Sociedade Brasileira de Infectologia, além do acompanhamento e orientação do
Ministério Público Federal e do Ministério Público dos Estados;
4) Manifestamos nossa
profunda indignação com a postura do Governo Federal, que contraria a
orientação de entidades de reconhecida respeitabilidade, como a OMS – que
indicam o isolamento social como melhor forma de conter o avanço do Coronavírus
-, e promove campanha de comunicação no sentido contrário, estimulando,
inclusive, carreatas por todo o país contra a quarentena. Este tipo de
iniciativa representa um verdadeiro atentado à vida;
5) De nossa parte, exigimos
respeito por parte da Presidência da República, esperando que cessem,
imediatamente, as agressões contra os governadores, assumindo-se um
posicionamento institucional, com seriedade, sobre medidas preventivas. A
omissão em padronizar normas nacionais e a insistência em provocar conflitos
impedem a unidade em favor da saúde pública. Assim agindo, expõe-se a vida da
população, além de assumir graves riscos no tocante à responsabilidade
política, administrativa e jurídica;
6) Enfatizamos que sempre
estaremos abertos ao diálogo, neste esforço que precisa ser coletivo, tendo
como meta a superação da ameaça representada por esta doença, que continua
matando milhares de pessoas. Temos absoluta convicção de que o diálogo, o
equilíbrio e a união serão sempre o melhor caminho para revertermos este quadro
crítico. Seguimos firmes e vigilantes em defesa da vida das pessoas, inclusive
na luta para impedir atos que possam significar riscos à saúde pública.
Assinam esta carta:
Rui Costa
Governador da Bahia
Renan Filho
Governador de Alagoas
Camilo Santana
Governador do Ceará
Flávio Dino
Governador do Maranhão
João Azevedo
Governador da Paraíba
Paulo Câmara
Governador de Pernambuco
Wellington Dias
Governador do Piauí
Fátima Bezerra
Governadora do Rio Grande do
Norte
Belivaldo Chagas
Governador de Sergipe
27 de março de 2020
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