Para o economista e
professor titular de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP) Ladislau Dowbor, as reformas neoliberais e as medidas de ajuste
fiscal tomadas pelos governos Temer e Bolsonaro estão reduzindo a capacidade de
consumo das famílias. A situação é agravada pelo endividamento generalizado,
que deixa quase metade da população fora do mercado consumidor. O resultado,
diz o professor, não poderia ser outro: o baixo crescimento econômico do país, os
elevados índices de desemprego e o aumento da informalidade.
“Quando se reduziu a
capacidade de consumo das famílias, a pretexto de reduzir o déficit, na
verdade, travou-se também a capacidade de produção das empresas. O empresário
diz assim: ‘Realmente está mais barato para contratar. Mas para que vou
contratar, se não tenho para quem vender?'”, criticou Dowbor, em entrevista aos
jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual desta
quarta-feira (4).
Segundo ele, medidas como as
ditas “reformas” trabalhista e da Previdência têm o mesmo “denominador comum”,
que é a redução da capacidade de consumo da população. A Lei do Teto, outra
medida fiscalista, aos restringir os investimentos públicos em áreas como saúde
e educação, também acaba comprometendo parte da renda das famílias, que são
obrigadas a recorrer a, nestes casos, planos de saúde privados e escolas pagas.
Outro agravante, segundo
Dowbor, são as taxas de juros que permanecem elevadas, tanto para o consumidor,
quanto para os pequenos e médios empresários. “A cada ano, quando chega agosto
ou setembro, dizem que no ano que vem vamos crescer 3%. Quando chega dezembro,
vamos crescer 2,5%. Em março, vamos crescer 1%. E a gente termina crescendo
0,8%. Estamos parados, porque não tem para quem vender, não tem como se
financiar. A coisa não funciona”, afirma o economista.
Solução
Para o professor da PUC, a
saída passa pela adoção de políticas de estímulo ao consumo das famílias, como
a valorização do salário mínimo e o fortalecimento de programas de
transferência de renda como o Bolsa Família. Com medidas como essas, as
empresas passam a contratar.
O passo seguinte, explica, é
que com o crescimento da produção e do consumo, as receitas do Estado também se
elevam, por conta da arrecadação com impostos e tributos e pode, então,
investir em infraestrutura e políticas sociais, que melhoram a eficiência das
empresas e reduzem os gastos das famílias, ensejando um ciclo de crescimento.
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