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quinta-feira, 29 de março de 2018

Como se preparar para negociações de acordo com a realidade?


A negociação entre trabalhadores (as) e empresários é apenas um dos vários métodos de luta a disposição da classe trabalhadora. É importante ter claro que a mesa de negociação é um espaço onde os interesses laborais são confrontados com os do capital.  Este é um momento em que as divergências de interesses aumentam ou diminuem e depende da capacidade de negociação das partes envolvidas no processo e de quão forte é o apoio que elas têm em suas bases.

Entre as pessoas é muito disseminada a ideia que uma negociação obteve sucesso quando há aumentos salariais, conquistas econômicas e sociais, manutenções de postos de trabalho, aumento de benefícios, etc. Isto é apenas parte do sucesso. Para que uma negociação apresente resultados concretos ela precisa introduzir novas práticas sociais e garantias de que estas sejam cumpridas, assim como garantir um comportamento mais responsável por parte das empresas em relação a sociedade como um todo.

Não seria exagero afirmar que uma negociação de sucesso é aquela que permite aumentar o controle da sociedade sobre os empresários, empresas, governos e suas políticas social e econômica. É claro que um acordo coletivo entre a direção de uma determinada empresa e seus trabalhadores não pode responder a todas as exigências macrossociais e econômicas, mas podem ser a base e, até mesmo o modelo, para acordos maiores, sejam eles por categoria, regionais, estaduais, nacionais e internacionais.

Os negociadores nunca devem concordar com aquelas propostas que são contra interesses imediatos ou históricos de seus representados. As propostas e reivindicações devem ser sempre aprimoradas e melhoradas, ou seja, adequadas ao momento histórico, mas tendo em consideração conquistas e direitos adquiridos anteriormente. O já conquistado é o patamar mínimo, pois o que sempre está em jogo em uma mesa de negociações é o futuro das relações entre o capital e trabalho e suas consequências para a sociedade como um todo. A responsabilidade dos negociadores é muito grande.

Ninguém está 100% preparado para garantir o sucesso de uma negociação. As condições sociais e econômicas mudam constantemente e os empresários não param de pensar em novos métodos, estratégias e táticas de negociação, criando assim novas dificuldades para os trabalhadores. Ao que tudo indica este problema existirá até o momento em que em nossa sociedade desapareçam os interesses de classe que a dividem. E para tanto será preciso ainda muito luta e organização dos trabalhadores e da sociedade.

Para que uma negociação obtenha sucesso, o sindicato e seus negociadores devem estar em contato permanente com sua base, mantendo-a permanentemente informada e preparada. É preciso ter o apoio dos trabalhadores e da opinião pública; conhecer bem o processo de produção, saber quais são as verdadeiras reivindicações dos trabalhadores e ter claro qual é a correlação de forças entre o capital e o trabalho no momento de cada negociação.

Também é preciso ter uma pauta de reivindicações que reflita as necessidades prementes dos trabalhadores, mas que também crie condições para o fortalecimento de conquistas históricas dos trabalhadores. É preciso ter reivindicações discutidas e apoiadas pelos trabalhadores. É preciso ter um processo de organização de base permanente.

Os negociadores devem lembrar sempre que as negociações podem levar a acordos que, uma vez assinados, poderão ser usados no futuro como base para outras negociações e até mesmo para mudanças na legislação do país. Regra geral os acordos coletivos regulam situações e práticas não previstas na legislação em vigor. Com o passar dos anos estas situações e práticas vão sendo legalizadas, absorvidas pela legislação vigente.

Muitos companheiros até acabam esquecendo que um dia elas foram tratadas em artigos de um acordo coletivo. Por isto um bom acordo coletivo deve ser visto nãoapenas como uma vitória momentânea, como uma etapa superada nas relações capital e trabalho, mas sim como a base de uma nova e mais democrática legislação. O inverso também é verdadeiro, ou seja, um acordo ruim poder virar base para um legislação também ruim…

Alguns companheiros, temendo cometer erros na negociação ou defendendo posições estritamente legalistas, afirmam que as negociações deveriam ser conduzidas por advogados. Tal tese é no mínimo discutível, pois, em primeiro lugar, joga para terceiros uma responsabilidade que é do movimento sindical e suas lideranças. Em segundo lugar não leva em consideração a diferença que existe entre um advogado e um negociador dirigente sindical.

O primeiro é contratado, o segundo é eleito pelos trabalhadores. O primeiro tem por obrigação profissional conhecer bem as leis e defender o seu cumprimento, já o segundo além de conhecer a legislação em vigor, por obrigação política, não pode se esquecer que a mesma foi elaborada pela classe dominante e, obviamente, feita para defender os patrões. Além disso, o negociador dirigente sindical deve saber, como já foi dito anteriormente, que a legislação regula práticas já existentes e, portanto, passível de mudança quando novas práticas são introduzidas.

Sabemos que existem advogados e Advogados, que boa parte dos Advogados está a serviço do movimento operário e sindical e interpreta alei como a fazem as líderes sindicais. Porém, contudo, todavia, é preciso que se tenha clara a divisão de tarefas e papéis durante uma negociação. O papel do advogado é o de assessorar o negociador dirigente sindical, mas a responsabilidade pela negociação e seu resultado é do próprio negociador, que é o que detém a representação dos trabalhadores.

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