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sábado, 15 de dezembro de 2018

O tempo excessivo na tela afeta irreversivelmente o cérebro das crianças


As crianças que passam mais de duas horas em frente a uma tela todos os dias têm uma pontuação mais baixa nos testes de linguagem e raciocínio, de acordo com os primeiros resultados de um estudo do National Institutes of Health. O primeiro lote de dados do estudo será publicado no ano que vem, mas como uma descoberta preliminar, esses resultados são preocupantes, já que o tween médio gasta até 6 horas por dia em seu telefone ou tablet.

O ambicioso estudo de Desenvolvimento Cognitivo do Cérebro Adolescente, do NIH, que envolveu US $ 300 milhões, envolveu 11.874 crianças, com idades entre 9 e 10 anos, incluindo 2.100 gêmeos ou trigêmeos. Eles serão acompanhados por jovens adultos em 21 locais de pesquisa nos EUA.

Nem todos os primeiros resultados podem ser totalmente compreendidos até que os pesquisadores tenham mais dados. Por exemplo, descobriu-se que as crianças que passam mais de sete horas por dia em frente a uma tela experimentam um afinamento prematuro do córtex em comparação com seus pares de baixa tecnologia. 

O córtex é a camada mais externa do cérebro, o local da entrada sensorial e as funções de ordem superior que, indiscutivelmente, nos tornam humanos. À primeira vista, esse desbaste prematuro seria mais um motivo para entrar em pânico.

Mas os pesquisadores alertaram que não podemos tirar conclusões definitivas desse achado - a correlação não implica causalidade, o que significa que o afinamento pode ser causado por algo diferente de um tempo de tela prolongado. "Não sabemos se é uma coisa ruim", ressalta a diretora do estudo, Gaya Dowling, explicando que esse afinamento costuma estar associado a um cérebro mais maduro do que os dos sujeitos experimentais de 9 e 10 anos, e não se sabe o que isso significa em um cérebro mais jovem.

Nem todos os cientistas estão à espera dos resultados para emitir orientações para pais de crianças pequenas. A Academia Americana de Pediatria recomenda que os pais evitem o uso de mídia digital, exceto por bate-papo por vídeo, em crianças menores de 18 a 24 meses. O Dr. Dimitri Christakis, o principal autor dessas diretrizes, explica que os bebês não transferem o que eles fazem em uma tela para o mundo real.

“Se você der a uma criança um aplicativo onde eles jogam com blocos virtuais e os empilham, e então colocar blocos reais na frente deles, eles começam tudo de novo”, ele disse ao 60 Minutes. "Eles não transferem o conhecimento de duas dimensões para três."

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Com Temer, pobreza cresce e atinge mais de 54 milhões de pessoas, diz IBGE


Em apenas um ano, entre 2016 e 2017, mais de 2 milhões de pessoas ultrapassaram a linha da pobreza no Brasil. Outros 1,7 milhão passaram a viver na extrema pobreza no mesmo período. Este é o resultado do golpe de 2016 para a grande maioria da população brasileira que depende de políticas públicas e de emprego para viver com o mínimo de dignidade. 


O governo do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) reduziu ou extinguiu políticas públicas criadas pelo ex-presidente Lula, congelou investimentos em áreas como saúde e educação e paralisou obras de infraestrutura que geravam emprego e renda, aumentando as taxas de desemprego e desalento e contribuindo com o aumento da pobreza e extrema pobreza no Brasil.

Entre 2016 e 2017, o total de pessoas que viviam na linha da pobreza (segundo o Banco Mundial, quem tem rendimento de até US$ 5,5 por dia, ou R$ 406 por mês) aumentou de 52,8 milhões para 54,8 milhões. E o total de pessoas que viviam na extrema pobreza (quem tem renda de menos de US$ 1,90 por dia, ou R$ 140 por mês), aumentou de 13,5 milhões para 15,2 milhões de pessoas.

Os únicos índices positivos no país neste período se referem a políticas que o ilegítimo Temer não conseguiu exterminar: as matrículas por cotas no ensino superior.

As informações são da Síntese de Indicadores Sociais (SIS 2018) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que analisou o mercado de trabalho, aspectos educacionais e a distribuição de renda da população brasileira, a partir dos dados da PNAD Contínua e outras fontes.

De acordo com dados da SIS-2018, do total de pobres brasileiros, 25,5 milhões são nordestinos. A maior proporção de pobres foi registrada no Maranhão, com mais da metade da população, 54,1%, e em Alagoas, 48,9%.

O analista da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, Leonardo Athias, afirma que o fortalecimento de políticas públicas e melhora nas condições do mercado de trabalho são os caminhos para a redução da pobreza.

“Ter oportunidades, reduzir a desocupação e aumentar a formalização têm obviamente uma série de efeitos que permitem as pessoas saírem dessa situação”.

Para erradicar a pobreza, o estudo apontou que seria necessário investir R$ 10,2 bilhões por mês na economia, ou garantir R$ 187 por mês a mais, em média, na renda de cada pobre.

Análise educacional

O estudo mostra que um dos poucos dados positivos encontrados pelos analistas do IBGE foi na área da Educação. De acordo com os técnicos, a análise educacional mostrou que a proporção de matrículas por cotas no ensino superior público triplicou nos últimos sete anos: de 2009 a 2016, esse percentual subiu de 1,5% para 5,2%.

Nas instituições privadas, no mesmo período, o percentual de matrículas com ProUni subiu 28,1%, passando de 5,7% para 7,3%.

A taxa de ingresso ao ensino superior dos alunos oriundos da escola privada era 2,2 vezes a dos que estudaram na rede pública. Entre os que concluíram o nível médio na rede pública, 35,9% ingressaram no ensino superior, contra 79,2% dos que cursaram a rede privada.

Pretos ou pardos continuam a predominar entre os mais pobres

Entre os pretos ou pardos, 13,6% estavam entre os 10% da população com os menores rendimentos. No outro extremo, porém, apenas 4,7% deles estavam entre os 10% com maiores rendimentos. Já entre os brancos, 5,5% integravam os 10% com menores rendimentos e 16,4% os 10% com maiores rendimentos.

Mulheres pretas ou pardas Grupo mais vulnerável

Os dados da SIS-2018 indicam que a situação é mais grave ainda entre os 7,6 milhões de moradores de domicílios onde vivem mulheres pretas ou pardas sem cônjuge e com filhos até 14 anos. Do total, 64,4% estavam abaixo da faixa de renda de até R$ 406 mensais.

Cresce a proporção de crianças e adolescentes abaixo da linha de pobreza

A proporção de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos que viviam em domicílios com renda de até US$ 5,5 por dia (R$ 406 por mês) passou de 42,9% para 43,4%.

Rendimentos médio mensal

Em 2017, o rendimento médio mensal domiciliar per capita no país foi de R$ 1.511. As menores médias foram no Nordeste (R$ 984) e Norte (R$ 1.011), regiões onde quase metade da população (respectivamente, 49,9% e 48,1%) tinha rendimento médio mensal domiciliar per capita de até meio salário mínimo.




terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Manual de sobrevivência na selva bolsonarista


Na semana passada participei de um debate na Universidade Livre de Berlim que, partindo de questões literárias, terminou por entrar por reflexões sobre a atual situação brasileira. Houve depoimentos candentes sobre o clima de perseguição e violência contra a dissidência ao candidato vitorioso, Jair Bolsonaro (PSL), e sua trupe que se implantou durante a eleição e que tende a se intensificar depois da posse.

Relatos variaram da desarticulação dos programas sociais desenvolvidos durante os governos de Lula e Dilma (como o de apoio às cisternas no Nordeste), imediatamente posta em prática pelo governo Temer, passando pelos conflitos familiares e perseguição desde já a professores, estudantes, até de estupros de mulheres simplesmente porque apoiaram o outro candidato.

No debate e depois dele me veio então a ideia de escrever um manual de sobrevivência na "selva bolsonara".

Expectativas

Em meio a tantas idas e vindas, voltas e contravoltas da "transição", uma coisa é clara: o governo de Bolsonaro será uma grande mascarada. A campanha já foi. O governo vai estender, ampliar e aprofundar o estilo.

Em primeiro lugar trata-se de mascarar o passado; em seguida, o futuro. Para tanto vai ser necessário mascarar indefinidamente o presente.

Mascarar o passado

A ambição do projeto em torno do qual Bolsonaro e sua "equipe" gravitam é mistificar o passado, impondo a ideia de que a ditadura de 1964 a 1985 foi um período idílico entre governo e povo, baseado na ideia de prosperidade com segurança. Vão varrer para debaixo do tapete todas as crises e percalços do regime, não apenas no sentido de edulcorar a repressão.

As crises econômicas de 66/67, o brutal endividamento externo, a falência em ler o que viria a ser a crise do petróleo a partir da guerra de 1973 no Oriente Médio, a transformação do sonho da casa própria no pesadelo da prestação e da inadimplência, o afogamento do ensino público e outras mazelas serão simplesmente negadas.

Em consequência deste delírio seria necessário mascarar tudo aquilo que foi conquista da Constituição de 88, e o período de conquistas sociais vivido durante os governos de Lula e o primeiro de Dilma. Sem falar na presença soberana da política externa brasileira.

Tudo isso vai ser jogado para debaixo do tapete da "maior corrupção que atingiu o país", e também da cobertura fornecida pela falácia anacrônica da "ameaça comunista", que é um dos poucos fios comuns que unem o coral desencontrado que é a "equipe" do futuro governo, onde, curiosamente, o general Mourão vem despontando como uma "voz ajuizada".

Mascarar o futuro

Dois dos "sonhos" (na verdade, pesadelos) preferidos da "equipe", cujo "coach" é o delirante Olavo Carvalho, são: a) realinhar a política externa do Itamaraty e do país como um todo, em torno da visão de Trump e dos Estados Unidos como os messias que salvarão o Ocidente da débâcle diante do "comunismo" e dos perigos "muçulmano" e outros; e b) enquadrar a juventude através de uma doutrinação ideológica e partidária no ensino, da creche à pós-graduação, que a vacine contra a possibilidade do temido "retorno das esquerdas" e seus "temas conexos", ou seja, temas "comunistas" e "deletérios", como igualdade de gênero, combate à homofobia e outros preconceitos etc.

Além disso, será necessário mascarar todas as crises futuras como "futuras aberturas para um melhor destino". O eventual "desemprego" passaria a se chamar de "liberdade"; a fome, a falência da saúde pública, serão rebatizadas como "correção dos rumos estatizantes" e por aí irá. A doutrinação ideológica unidimensional será rebatizada como "liberdade de expressão e pensamento" contra a ideologia "estatizante", "comunista" e "destruidora da família". E assim por diante.

Ergo, mascarar continuamente o presente

Os primeiros momentos do governo Bolsonaro prometem ser uma montanha russa de sobe-e-desce, trepida-trepida, balança mas não cai, ou cai e aqui e ali, em quase todas as frentes. Por exemplo, e dos menores, da busca de uma tecnologia de ponta passaremos a uma tecnologia pontuda, com possível propaganda de travesseiros, com o ministro-astronauta.

Haverá trombadas com o Congresso, prováveis turbulências internas e externas com a nova política externa "de cabeça erguida", conforme o futuro chanceler, mas ao mesmo tempo com ela enfiada na areia do anacronismo anticomunista, na obtusidade dos aspectos mais retrógrados do trumpismo, e assim por diante.

Na economia, viraremos porquinhos de laboratório das experiências mais radicais de neoliberalismo desde Pinochet. Vão privatizar até a cadeira do presidente.

Tudo isto só vai se manter de pé, ou de quatro, através de uma brutal repressão em todos os sentidos. Vai começar pela criminalização dos movimentos sociais, tipo MST, MTST. Vão tentar, com ajuda da tigrada da toga, aleijar ou extirpar definitivamente o PT da cena política.

Nas universidades, nas escolas, na saúde pública, haverá perseguições implacáveis. Com aluda da alcateia de oportunistas, haverá a instituição da delação premiada contra terceiros. Como houve na ditadura: nas universidades grupos de docentes denunciavam outros grupos de "inimigos" para ocupar cargos de direção, favores internos, fluxo financeiro, etc.

Todo fracasso será revestido com a capa do sucesso. As redes sociais regurgitarão e vomitarão sucessos. O que não for sucesso "ainda" será creditado à herança maldita dos governos no PT. Haverá ajuda nisso, pelo menos na parte econômica, por parte da mídia mainstream tradicional, que será domesticada. Vão aprovar, como vaquinhas de presépio, a criminalização dos movimentos sociais, a perseguição ao PT, a repressão aos dissidentes.

Haverá vagidos débeis contra os aspectos mais abstrusos da política governamental, por exemplo, na Folha de S.Paulo. Vamos ver até onde aguentam.

Ainda não sei como tentarão controlar a internet e dobrar a mídia alternativa e seus jornalistas, mas isso virá.

Esqueçam políticas de proteção ao meio ambiente. As ONGs e partidos de extrema-esquerda, que ajudaram a criticar acerbamente os governos petistas, terão lágrimas de sobra para chorar o leite derramado e as florestas esturricadas. Mas isso vai ser mascarado como "ordem e progresso". Enfim, nosso inferno vai ganhar muitos matizes.

Entre eles o das novas disputas sucessórias que já estão começando.

Pós-Bolsonaro

Há, visivelmente, desde já, três projetos em marcha. O mais vistoso é o de Moro, amealhando o aparato judicial e policial disponível. Faz parte deste projeto manter Lula na cadeia, como cereja do bolo, e destruir a "máquina de corrupção do PT", a "maior da história do Brasil".

Vai haver o industriamento em escala industrial da pressão sobre o aparato político, em particular o Congresso. Ponto forte: terá o apoio da tigrada da toga. A ver se empalma o "acaudilhamento" da PF e arredores. Ponto fraco: Moro agora é vitrine, e está perdendo prestígio na seara internacional rapidamente.

Há o projeto Bolsonaro. Dizer que não pretende a reeleição é algo que tem nariz comprido e pernas muito curtas. Ainda mais com a prole que tem, tão ávida quanto descalibrada.

Ponto forte: está na Presidência. Ponto fraco: ele mesmo, inseguro, instável, despreparado, sujeito a chuvas internas e trovoadas externas que o deixam tão assustado como quando deveria ir a um debate na Globo e nunca foi.

Correndo por fora, há o "ajuizado" Mourão. Pode ganhar a simpatia da caserna, é seu ponto forte. Pode ser visto como o porta-voz da caserna, é seu ponto fraco. O meio financeiro e empresarial pode não gostar. Idem, o meio financeiro internacional e estadunidense, que desde a Guerra das Malvinas olha o meio militar latino-americano com desconfiança e desde o fracassado golpe contra Hugo Chávez em 2002 com desdém.

Haveria outras candidaturas, por ora, previsíveis com novos nomes do velho sistema, mas ironicamente buscando colar-se no rótulo de "nova política", "antissistema", e num previsível fracasso econômico. Doria, Amoêdo, Witzel, Zema são nomes que passaram a "existir".

Autodefesa

Não esperemos qualquer ajuda por parte de instituições jurídicas, a não ser patetices apatetadas oriundas de seus escalões superiores.

Haverá ajuda internacional sim, mas de efeito limitado.

Temos de contar com o fato de que se houve, e houve, manipulação da informação e de consciências por parte das equipes virtuais da campanha de Bolsonaro, com certeza uma grande parte dos que nele votaram ouviram, nestas mentiras que lhes foram servidas via Facebook, WhatsApp etc., exatamente aquilo que queriam ouvir para justificar seu voto pelo embrutecimento político, para justificar aquilo que seu ressentimento, medo da ascensão dos "outros", das "outras" e de tudo mais, sua sensação de desamparo, exigiam que fizessem.

Quando um erro ético dessa monta é cometido, a primeira tendência é afincar-se a ele. Depois, esquecer o que foi feito. Quando a onda Bolsonaro passar, e ela vai passar, vamos ouvir, de milhões de corações pulsantes: "Votei em Bolsonaro? Eu não!! Como você pode imaginar isso de mim, que sempre defendi a democracia?" etc.

Portanto, preparemo-nos. As amizades perdidas não se recomporão. Ou pelo menos muitas delas. As vozes familiares não se reconciliarão, pelo menos durante muito tempo.

Como dizia alguém, "hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás".

A primeira coisa a fazer é manter o equilíbrio interno, e não ceder à tentação de imitar o comportamento dos bolsonaros. Vi horrorizado o vídeo da professora em Brasília gritando palavrões e impropérios enquanto o "eleito" passava em direção ao centro do processo de transição. Entendo a raiva e o desabafo. Mas não é por aí. Vejo também com preocupação a atitude de amigos e correligionários que propagam mensagens e informações sem checar sua procedência e veracidade. Temos de manter o princípio da credibilidade. Da seriedade. Do respeito a si mesmos e a outrem.

Segundo, é preciso organizar-se. Evitar ações individuais e voluntariosas. Valorizar a informação compartilhada. Valorizar a mídia alternativa. Evitar a militância depressiva. Alertar sobre perseguições, descalabros, violências, sim, mas também, e principalmente, sobre resistência, alegria, humor, reação ao fascismo. Valorizar as formas coletivas de resistência, de organização, mídias, sindicatos, associações de todos os tipos, organizar comitês de defesa da democracia em todos os quadrantes.

Estudar história. A pior sensação que as ditaduras transmitem é de que serão eternas. Não, elas passam. A de 64 passou. Agora tem gente querendo traze-la de volta. É uma minoria. São ditadores de pijama. Há muito outros, milhões, que embarcaram, mistificados, nesta canoa. Vai ser duro, mas poderão ser ganhos para a causa democrática. Assim como os e as abstencionistas. Os pequenos e as pequenas Pilatos e Pilatas. Poderão crescer.

Isto aqui já vai enorme. Voltaremos ao assunto. Por ora, pensemos como Mário Quintana:

Esses, que hoje
Atravancam meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Nova diretoria do SINDMOTORISTAS (Gestão 2018/19) tomou posse


Em sessão solene realizada segunda-feira (26/11), no Auditório Elis Regina no Centro de Convenções do Anhembi, a diretoria do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transportes Rodoviário Urbano de São Paulo (SINDMOTORISTAS – SP) foi empossada. Autoridades de São Paulo, Taboão da Serra, Sergipe e Brasília, dirigentes sindicais de diversos segmentos, empresários, militantes e familiares participaram do evento.

Nos próximos cinco anos, a nova geração de dirigentes terá que encarar uma conjuntura pra lá de adversa. O presidente reeleito Valdevan Noventa disse que o futuro mandato será de grandes desafios, já que em fase de conclusão, aproximam-se a licitação e adequação das linhas de ônibus urbano que acarretará significativas mudanças no sistema de transporte da capital.

“Estamos preparados para enfrentar os obstáculos que surgirão. Não baixaremos a guarda, sobretudo, neste momento de transição política do país. A atual conjuntura já sinaliza que a nossa luta em defesa dos trabalhadores (as) será ainda maior, em 2019. Conclamo para que nossos companheiros (as) cobradores nos ajudem a defender seus empregos, cada dia mais ameaçados com as novas tecnologias”, disse Valdevan.

A preocupação do sindicalista é com o desemprego estrutural que se avizinha, caso a licitação seja aprovada nos moldes planejados pela Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP). No edital constam novas modalidades de transportes por aplicativo; readequação de itinerários com inaugurações de novas linhas do metrô e a legislação trabalhista que enfraquece a representação sindical e dificulta as negociações coletivas.

“A concorrência predatória com a Uber Juntos, modalidade pela qual passageiros que não se conhecem compartilham o carro, com pontos de embarque e desembarque definidos no momento da solicitação do serviço, obrigará as empresas a reduzir sua frota, consequentemente, postos de trabalho serão eliminados”, comentou o presidente.

Que recém-eleito deputado federal por Sergipe, declarou que será a voz da classe trabalhadora no Congresso Nacional. “Estarei na resistência a qualquer tentativa de precarização dos direitos trabalhistas e contra uma reforma da Previdência Social que transforme a aposentadoria em algo inatingível para os assalariados”, afirmou.

No encerramento agradeceu os trabalhadores (as) pela confiança e por dar-lhe a honra de ser presidente pela segunda vez do maior sindicato de transporte da América Latina e representante da classe trabalhadora no Congresso Nacional.

“Quero lembrar aos diretores e delegados sindicais da enorme responsabilidade que é representar essa categoria. Por isso, trabalhem incansavelmente para garantir dias melhores para os nossos companheiros do transporte. Que sirvam de inspiração as vitórias obtidas esse ano!”, finalizou Noventa.


sexta-feira, 2 de novembro de 2018

O futuro depende de que?


O que se conhece como emprego, ocupação, direitos sociais e trabalhista e Estado estão mudando e se transformarão radicalmente nos próximos anos. O que virá é completamente desconhecido. Organizada a partir do mundo do trabalho, a luta por direitos, pela liberdade, democracia, igualdade e justiça terá que ser reinventada.

Crianças e jovens de hoje serão os construtores do novo mundo, por meio do trabalho. Somente eles, que participarão desta construção, poderão achar as respostas para problemas, desafios, conflitos e contradições que surgirão, e serão inéditos. Para esse mundo que romperá com as atuais referências, será necessário criar adequadas formas de organização, de mobilização e de luta. A luta social e sindical terá que ser profundamente modificada.

E quais serão essas mudanças todas? A organização do sistema produtivo capitalista, oriundo das três revoluções industriais, está ficando para o passado. Há novos paradigmas produtivos irrompendo no cotidiano no mundo da produção e do consumo, alterando todas as dimensões do mundo do trabalho.

A riqueza financeira, reunida em fundos de investimento e articulada pelos bancos, está comprando as empresas nacionais e multinacionais e a riqueza natural. O objetivo é gerar o máximo lucro para distribuir resultados trimestrais para os acionistas. As estratégias e funções econômicas e sociais dessas organizações são outras.

Verdadeiros tsunamis de inovação tecnológica visam a incrementar a produtividade e passam a substituir intensivamente o trabalho humano na indústria, na agricultura, no comércio e nos serviços. As mais variadas máquinas tomam o lugar do homem na força de trabalho e, de maneira acelerada, ampliam as possibilidades de substituir a inteligência humana em amplas áreas de conhecimento e profissões. Os efeitos disruptivos sobre as ocupações, os empregos e as profissões já são, e serão cada vez mais surpreendentes, e, muitas vezes, devastadores.

São transformações por dentro do sistema capitalista de produção, de consumo e de distribuição, que agora se defrontam com as potencialidades e o poder das máquinas; com o desemprego estrutural de massas excluídas; com o aumento da desigualdade, sem precedentes; com os problemas ambientais (as mais diversas formas de poluição, a mudança climática e o aquecimento global); com as múltiplas formas de guerra, inclusive a nuclear; com a escalada da violência, das drogas, do tráfico. Ou seja, a quantidade (quase incontável), a complexidade e a escala dos problemas afetarão de maneira radical diversas dimensões do mundo do trabalho.

Essas transformações promoverão rupturas em todo o sistema produtivo. Os agentes econômicos já viabilizam a máxima flexibilidade para promover, atuar e reagir a essa transformação, sem resistência e com segurança. As mudanças institucionais (reforma trabalhista, por exemplo) preparam e entregam esse ambiente.

As reformas dos Estados, privatizações e venda de recursos naturais oferecem ao mercado ampliadas oportunidades de negócio. Está claro para a elite que as democracias devem ser controladas, para não gerar insegurança (a chamada confiança do investidor), e orientadas para aguentar as mudanças. Onde não for possível ou houver resistência, as democracias podem ser sacrificadas. O Brasil, com as riquezas e o sistema produtivo, é um dos maiores jogadores nesse mundo e faz parte desse tsunami transformador.


O sindicalismo tem o desafio de mergulhar na reflexão sobre o futuro, prospectar os desafios, articular a compreensão da complexidade e enunciar lutas inovadoras para essa nova etapa histórica. O sindicalismo tem, mais uma vez, a tarefa de trazer para o jogo social o trabalhador como sujeito coletivo, como classe, como ator político que constrói a história de todos, das nações, dos países e, hoje, do planeta.

É preciso pensar 10, 20, 30 anos para a frente. Por isso, os principais protagonistas desse movimento são os jovens trabalhadores. Serão eles que estarão produzindo, revelando as contradições da nova produção e distribuição desse outro sistema capitalista. É esse mundo, que será nosso também, mas produzido pelos jovens, que deve instruir o debate. Serão os jovens de hoje que terão que imaginar e criar outras formas de luta a partir do mundo do trabalho. São eles que terão que se colocar em movimento. Nós seremos seus companheiros de luta e estaremos juntos, para o que der e vier, enquanto estivermos vivos!

Por: Clemente Ganz Lúcio é sociólogo, diretor técnico do DIEESE, membro do CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. 

Centrais Sindicais não aceitarão reforma da Previdência injusta!


Representantes das centrais sindicais CSB, CSP/Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) decidiram na quinta-feira (01/11), na sede do Dieese, em de São Paulo, intensificar a luta contra a proposta de reforma da Previdência do futuro governo de Bolsonaro (PSL).

Durante a reunião os sindicalistas elaboraram um documento unitário com as próximas ações do movimento sindical, entre as quais a realização de um seminário, em 12 de novembro, para iniciar a organização da campanha nacional sobre a ‘Previdência que queremos’.

Segundo Nailton Francisco de Souza (Porreta) diretor Nacional de Comunicação da Nova Central, a derrota da classe trabalhadora nas Eleições 2018, exigirá muita solidariedade e unidade de ações para enfrentar a “Agenda Ultradireitista” que o próximo presidente da república tentará impor para a sociedade brasileira.

A vitória eleitoral de forças políticas com visão ultraliberal na economia, ultraconservadora nos costumes e com viés autoritário na política, infelizmente, nos colocaram em um beco sem saída. Para podermos enfrentar as avalanches de ataques aos direitos e preservamos a Constituição Federal de 1988, necessitaremos de muita unidade nas ações e nas lutas que virão”, disse Nailton.

Que enxerga no Congresso Nacional e no STF - Supremo Tribunal Federal-, uma espécie de “Porto Seguro” dos movimentos sociais e sindicais no equilíbrio dos embates contra o “Regime Hibrido de Bolsonaro”, que é a mistura velhas e novas de forma de controle e autoritarismo com verniz democrático.

“Passado a ressaca e a bordoada que recebemos nas urnas, temos que nos preparar e reerguer nosso exército para evitarmos mais violência, censura e terror. A conversa olho no olho nos locais de trabalho, nas praças, nos bairros, nos bares, nos sindicatos e nas residências, para conscientizar a população em geral de que o governo Bolsonaro, investirá pesado para nos apontar como culpados e inimigos internos no possível fracasso de seu governo”, alertou Porreta.

No final do encontro os sindicalistas aprovaram o seguinte manifesto:

São Paulo, 1º de novembro de 2018.

Reunidas hoje, 1º de novembro, na sede do DIEESE, em São Paulo, as Centrais Sindicais CSB, CSP/Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical e Nova Central decidiram:

- Intensificar a luta contra a proposta da reforma da Previdência Social, divulgada recentemente pelos meios de comunicação;

- Organizar o movimento sindical e os segmentos sociais para esclarecer e alertar a sociedade sobre a proposta de fim da aposentadoria;

- Realizar um seminário, em 12 de novembro, para iniciar a organização da campanha nacional sobre a Previdência que queremos;

- Retomar a luta por uma Previdência Social pública, universal, que acabe com os privilégios e amplie a proteção social e os direitos.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

O Voto não tem preço, mas tem consequências!


O candidato que votei e apoiei para presidente obteve 44,87% dos votos válidos, infelizmente, foi derrotado no 2º turno pelo candidato do PSL que somou 55,13% dos votos válidos. Durante a campanha me esforcei para esclarecer as diferenças entre os planos de governo de cada um dos candidatos. De um lado tínhamos Fernando Haddad que se comprometeu com a “Agenda Unitária da Classe Trabalhadora” e o outro que anunciava que acabaria com o movimento sindical.

Como sindicalista sei que as responsabilidades de um líder sindical neste momento são enormes. Ao mesmo tempo em que precisa conduzir a gestão de sua entidade, precisa consolidar sua liderança diante da sua categoria e orientá-la e conscientizá-la em momentos decisivos como no período de Eleições - Majoritárias e Proporcionais.

Em uma sociedade quando problemas econômicos, políticos e sociais são mal diagnosticados, aparecem uma gama de oportunistas e salvadores da pátria com propostas mirabolante e enganosa para resolvê-los. Reconheço que por um breve período de tempo os sintomas podem diminuir de intensidade. Os problemas podem até desaparecer. Mais tarde, porém, eles reaparecem, dessa vez, com superpoderes. O alívio temporário é um ardil, e um ardil perigoso!

A realidade mais ampla dos problemas do Brasil é impossível de percebermos, sobretudo quando nos matemos apegados à pequena imagem que temos diante de nós. Há ocasiões em que a realidade é muito mais ampla do que parece e nos sentimos num beco sem saída e os problemas – complexos e sistêmicos – pioram dias após dias.

Uma escolha precipitada deve agravar mais os sérios problemas que hoje enfrentamos. Os problemas e as soluções parecem multifacetados demais, excessivamente complexos. As pessoas sentem-se imobilizadas em praticamente todos os seus projetos. Além de culpadas. Isso é o que acontece quando pessoas são individualmente responsabilizadas por problemas sociais complexos.

O efeito que podemos exercer sobre problemas sistêmicos torna-se extremamente desmedido nesse modo de lidar com a responsabilidade, e passa a transferir essa responsabilidade das instituições falidas, dos lideres e especialistas combalidos para o homem das ruas. Para entender como a personalização da culpa se tornou onipresente no século XXI, basta assistir a programas de entrevistas com políticos.

Todos funcionam a partir da mesma premissa básica: não controlamos nossa vida e sofremos ou prosperamos em consequência das nossas decisões. Dia após dia, apresentadores famosíssimos e especialistas de inúmeras áreas oferecem dicas rápidas e milagrosa para seguirmos no caminho do progresso ruma uma nação soberana. Só que por trás dos discursos, existem os interesses implícitos da classe dominante, que se negam dividir as riquezas produzidas pelos trabalhadores (as).

Se o futuro presidente colocar em prática sua política de desrespeito às minorias, de desrespeito aos direitos humanos e civis, de insuflar o ódio e a violência, sem sombras de dúvidas, resistiremos com bravura aos retrocessos nos direitos sociais e trabalhistas.

Para enfrentar o mau tempo que possa vir, nos inspiramos na receita do escritor argentino Alejandro Robino - Instruções para tempo ruim:

Primeiro de tudo, não se desespere e se você não seguir as regras que o furacão vai querer impor.
Refugie-se na casa e proteja as persianas assim que todas as suas estiverem seguras.
Compartilhe o companheiro e a conversa com os companheiros, os beijos furtivos e as noites clandestinas, com quem você garante ternura.
Não deixe a estupidez prevalecer.
Defenda-se.
Para estética, ética.
Seja sempre atento.
Não será o suficiente para eles empobrecerem e eles vão querer subjugá-lo com sua própria tristeza.
Rir bem alto
Mófese: a direita está mal capturada.
Será imperativo jantar todos os dias até a tempestade passar.
São coisas simples e simples, mas não menos eficazes.
Diga ao lado bom dia, por favor e obrigado.
E a casca da sua mãe quando eles pedem de cima.
Jogue-o com o que ele tem, mas nunca sozinho.
Eles sabem como emboscá-lo na solidão desavisada de uma tarde.
Lembre-se que os artistas sempre serão nossos.
E o esquecimento será feroz com a trupe de impostores que os acompanha.
Tudo vai ficar bem se você me ouvir.
Nós vamos sobreviver de novo, estamos bronzeados.
Vamos cuidar das crianças que vão querer podar.
Só é necessário estar bem equipado e não nos poupar de bondade.
Devemos deixar os indispensáveis ​​poemas, vinho tinto e violão à mão.
Sorria para os mais velhos como uma vacina contra a angústia diária.
Seja piedoso com os amigos.
Não confunda os ingênuos com os traidores.
E mesmo com estes, ter um perdão fácil para quando eles retornam com as ilusões alinhadas.
Ninguém é deixado aqui.
E sim, seja perseverante e tenaz, escreva religiosamente todos os dias, todas as tardes, todas as noites.
Ainda mantém a teimosia se a fé se desfizer.
Nisso, não haverá trégua para ninguém.
A poesia machuca esses bastardos.

Por: Alejandro Robino - Dramaturgo, diretor de teatro, professor, escreveu desde 1991 mais de dez peças e dirigiu mais de vinte entre si e os outros. Suas peças foram estreadas e publicadas na Argentina e no exterior, além de obterem prêmios na especialidade. Ela leciona na Universidade de Buenos Aires, no Teatro del Pasillo e em sua oficina privada. De contínua atividade pedagógica itinerante em seu país e no exterior, ditou inúmeros cursos, oficinas e seminários nas disciplinas: atuação, direção, dramaturgia e análise textual.

Haddad defenderá o povo contra as eventuais medidas de Bolsonaro que venham contra os direitos do povo


A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta terça-feira (30) que a legenda dará “todas as condições” para que o candidato derrotado da sigla à Presidência, Fernando Haddad, exerça a partir de agora o papel de articulador de uma frente democrática em defesa dos direitos dos brasileiros. Segundo ela, esse papel que será exercido por Haddad, como uma espécie de líder da oposição, é maior do que o próprio PT.

A Executiva Nacional do PT se reuniu nesta terça-feira (30), dois dias após a derrota na disputa pelo Palácio do Planalto, na sede da sigla, no centro de São Paulo. Haddad, que obteve 44,87% dos votos válidos, foi derrotado no 2º turno pelo candidato do PSL, Jair Bolsonaro (que somou 55,13% dos votos válidos).

Segundo Gleisi, a executiva do PT decidiu na reunião construir uma ampla frente pela democracia e “pelos direitos do povo” que vai se posicionar como oposição ao governo Bolsonaro. Apesar da derrota na corrida presidencial, a presidente petista ressaltou que a legenda sai fortalecida do processo eleitoral. O PT foi o partido que mais elegeu governadores (Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí) e a maior bancada na Câmara, com 52 deputados.

No encontro, que começou por volta das 10h e terminou perto das 15h, os dirigentes petistas e Haddad debateram os próximos passos que pretendem dar no novo contexto político do país. Além de Gleisi e Haddad, participaram da reunião, entre outros, a ex-presidente Dilma Rousseff e o líder do partido na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS).

“O Fernando Haddad, no nosso entender, tem um papel muito importante e relevante nesse processo, que é um papel maior do que o PT. Ele sai depositário da esperança e da luta do povo pela democracia, de diversos setores da sociedade. E o PT dará toda as condições para que Fernando Haddad possa exercer esse papel de articulador junto com outras lideranças sociais e outras lideranças de partidos políticos para consolidar essa frente”, declarou a presidente do PT à imprensa ao final da reunião.

Com a votação de 47 milhões de votos que Haddad obteve no 2º turno e o apoio de diferentes setores, Gleisi acredita que o PT sai desta eleição com uma “grande responsabilidade perante o Brasil”.


Por que abandonaram a frente ampla

O desastre histórico poderia ser evitado? Os que definiram o caminho que nos levou ao atual retrocesso civilizacional irão agarrar-se à tese da inevitabilidade. É um habeas corpus poderoso. Qualquer questionamento será tratado como rebaixamento da discussão, argumento “dor de cotovelo” de uma alternativa hipoteticamente mais correta que jamais poderá ser comprovada.


A crise do capitalismo, os ventos que empurram o mundo para a direita e a facada inesperada serão avocados para sustentar que não havia saída. “Como podem ver, a vitória esmagadora comprova que nada podia ser feito. Qualquer um perderia”. Será? Houve alguma novidade na conjuntura? Milhões se levantaram quando Lula foi preso? Não era previsível uma poderosa onda de direita? Fomos pegos de surpresa?

A falta de governabilidade sobre os fatos é sempre um confortável caminho para justificar o fracasso. Que razões motivaram as decisões que nos levaram ao isolamento? Na eleição nacional, o PT prefere perder liderando a ganhar liderado. Hegemonismo clássico de olho na sobrevivência partidária. Foi coerente com sua história e trajetória. Sai como a maior força da Câmara. Bancada federal e burocracia sobreviveram. “Salvaram-se todos”.

O PCdoB, que tinha como resolução a construção de uma Frente Ampla, aderiu à Frente de Esquerda. Existem algumas hipóteses para a guinada. A primeira é que não foi possível construir a sonhada Frente Ampla. As conversas com atores mais amplos de outros partidos com o objetivo de construir uma liderança mais ampla para a Frente foram verdadeiras ou apenas rito formal para justificar mais uma adesão ao PT?

A segunda hipótese é o pragmatismo imposto pela necessidade de ultrapassar a cláusula de barreira. Neste caso, a opção petista foi consequência da não construção ao longo do processo de alternativas ou imposição da realidade objetiva? PDT, PSB e Psol cresceram bancadas e votações. O PT perdeu deputados, mas manteve a maior bancada. O PCdoB viu sua votação encolher e foi barrado pela cláusula de barreira.

A terceira hipótese é que prevalece entre os comunistas a visão de que não existe caminho para a esquerda sem o PT. Seria necessário o amadurecimento da sigla - que viria com a derrota - para construir junto com os companheiros um novo caminho.

O resultado vai fazer aflorar virtudes ou aprofundará a visão hegemonista como instrumento de sobrevivência? Prevalecerá a postura dos governadores petistas que foram contra a candidatura própria ou a aliança entre a bancada e a burocracia partidária, apoiada por Lula?

O PSB engavetou nesta eleição o esforço de Eduardo Campos de conferir identidade nacional à legenda. Os socialistas decidiram não ter candidato e não apoiar ninguém em nome de seus projetos estaduais. É possível pensar interesses estaduais descolados da questão nacional? Bolsonaro promoverá um cerco?

Ciro caminhou isolado. O isolamento foi resultado da falta de habilidade do pedetista? Da falta de força? Se fosse um candidato mais “dócil” do PDT, do PSB, do PCdoB ou de outro partido mais amplo, o PT teria apoiado?

PT e Bolsonaro foram protagonistas de uma polarização que empurrou o país para o abismo. Lula é vítima da exceção e do arbítrio. Decidiu responder com o fígado mordendo a isca que lhe colocaram ou a derrota sempre foi uma “possibilidade aceitável”?

Numa guerra claramente assimétrica, enfrentar o inimigo de peito aberto é suicídio. Os esquerdistas gritam: “o centro não existe mais! Foi arrebanhado pela direita!” Será?

Um candidato mais amplo apoiado pela esquerda, ou por parte dela, jamais levaria à conformação de forças que se juntou em torno da extrema-direita. Poderia perder da mesma forma? Obviamente que sim. Perder é do jogo. Perder com a política errada, um grave erro.

#NaoVaiTerGolpe, #LulaLivre, #EleNao. Esquerdistas cantaram a fantasia da guinada triunfante à esquerda enquanto conduziam o exército para o abismo. Abandonar a Frente Ampla foi um erro histórico.

Todos precisam baixar a bola. Ciro cometeu grave erro no segundo turno. Depois de conduzir a esquerda para uma derrota histórica, não tem cabimento o PT querer impor sua liderança.

Só uma nova conformação política, ampla, de frente, livre de sectarismos, conseguirá oferecer resistência ao que se avizinha. Contra as sombras, sabedoria, amplitude e firmeza histórica. É o único caminho.

Por: Ricardo Cappelli - https://congressoemfoco.uol.com.br

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Bolsonaro não informou à Justiça Eleitoral parte dos gastos de sua campanha no primeiro turno


Jair Bolsonaro já disse não ter controle sobre as fake news que seus apoiadores postam nas redes sociais. O candidato também disse que não pode se responsabilizar por eventuais atos de violência de seus eleitores. Agora, os brasileiros e brasileiras tomam conhecimento que o candidato Jair Bolsonaro não informou à Justiça Eleitoral, até o momento, diversos gastos de sua campanha.

O pacote ainda não declarado inclui os detalhes de viagens que o candidato fez a pelo menos 16 cidades de sete estados, onde participou de carreatas, comícios com caminhões de som, entrevistas coletivas, entre outros.

Por lei, toda a movimentação financeira dos candidatos feita até 8 de setembro deve ser informada de forma discriminada à Justiça Eleitoral para divulgação na internet. Aqui é importante anotar que o grosso da campanha de Bolsonaro ocorreu antes disso, já que ele sofreu o ataque a faca no dia 6 de setembro em Juiz de Fora (MG).

A lei eleitoral (9.504/97), ratificada pela resolução 23.553/2018 do TSE, é que determina — em seu artigo 50, inciso II — que todos os candidatos devem informar à Justiça até 13 de setembro, de forma discriminada, a movimentação de receitas e gastos de sua campanha realizadas até 8 de setembro.

De acordo com a legislação que rege o tema, “a não apresentação tempestiva da prestação de contas parcial ou a sua entrega de forma que não corresponda à efetiva movimentação de recursos pode caracterizar infração grave, a ser apurada na oportunidade do julgamento da prestação de contas final”.

Reportagem da Folha de S.Paulo levantou que, de acordo com os dados da prestação de contas parcial ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) feita por sua equipe, Bolsonaro só informou, até agora, um custo de R$ 955 mil na campanha do primeiro turno, excluídas doações a outros candidatos. O jornal aponta, ainda, que a declaração de gastos do candidato do PSL é bem inferior à da maior parte das outras campanhas presidenciais.

O jornal explica que “enviou perguntas detalhadas aos principais advogados responsáveis pela campanha de Bolsonaro e à assessoria do candidato”, mas que, após dois dias de tentativas, “não houve resposta”.

A poucos dias do segundo turno, acrescenta a reportagem, “Bolsonaro declarou pagamento a apenas seis pessoas: o coordenador financeiro, dois auxiliares, dois seguranças e a intérprete de libras”.

As contas do capitão reformado somam 27 itens de gasto (R$ 843 mil) até o dia em que sofreu o atentado.

Os maiores valores declarados até o momento são:

R$ 285 mil para uma agência de viagens, locação de veículos e hospedagem (Pontestur);

R$ 135 mil para a Mosqueteiro Filmes, empresa de produção dos programas de TV e rádio;

R$ 115 mil para a AM4 Brasil Inteligência Digital, de serviços da internet.

Além da ausência do detalhamento do custo das viagens, o jornal destaca que não há informação sobre aquisição de suprimentos para os dois comitês de campanha cedidos pelo PSL.

Entre o começo oficial da campanha (16 de agosto), e o atentado sofrido, a Folhaidentificou nas viagens de Bolsonaro um padrão que passa por carreatas e comícios, pelo uso de caminhões de som e realização de entrevistas coletivas em hotéis. Essa foi a estrutura utilizada em praticamente todas as cidades que visitou.

O jornal destaca que não existe, porém, “discriminação sobre quem pagou ou quanto custou o transporte aéreo ou terrestre, gasolina, hospedagem, alimentos, água, suprimentos, aluguel de salões de hotéis, caminhões de som e demais equipamentos dos comícios e carreatas”.