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segunda-feira, 1 de junho de 2020

Submissão brasileira a Convenção de Bruxelas fortaleceu multinacionais no mercado do aço


Em 1953, firmou-se a Convenção de Bruxelas destinada a regulamentar o mercado de aço em escala mundial, com amplos poderes para fixar preços, cota de fornecimento e sobre preços a serem cobrados a países como o Brasil. E para prejudicar países mais atrasados o Supremo Tribunal da Alemanha votou em 12 de junho de 1973, um acordo no setor de tubos de aço.

O cartel do aço impôs a indústria siderúrgica brasileira regras rígidas que impediu sua expansão, para garantir mercado de exportação às usinas da Alemanha, Estados Unidos, Japão e Inglaterra. Inclusive, um relatório britânico de 1938, confirmava que o cartel internacional de aço unido ao cartel internacional de equipamentos siderúrgicos, havia impedido até aquela data a produção de aço nos países importadores.

No livro: “A Ditadura dos Cartéis - Anatomia de um Subdesenvolvimento” (de 1978, Kurt Rudolf Mirow, P. 81), consta o seguinte relato: - Em 1939, a United Sates Steel em sequencia lógica manifestou seu interesse pela instalação de uma indústria siderúrgica no Brasil e o governo norte-americano somente concordou em fornecer os equipamentos necessários à instalação do empreendimento em Volta Redonda – RJ, só após o País apoiar operações de guerra contra os países do Eixo.

Na ocasião, não era só os americanos que impunham barreiras ao desenvolvimento à indústria brasileira. Existiam obstáculos também internos, como o do Dr. Eugênio Gudin Filho, economista liberal, então ministro da Fazenda entre setembro de 1954 e abril de 1955, durante o governo de Café Filho, que considerava um “absurdo” construir uma usina para produzir cem mil toneladas de aço, que ultrapassava o consumo local.

Este tipo de visão caolha e submissa contribuiu para que o país não galgasse posição de independência em relação às multinacionais do ramo organizadas em cartéis. Um exemplo foi o da empresa Mafersa que na década de 60 inaugurou em Caçapava – SP uma fábrica de rodas de aço para estradas de ferro e foi duramente golpeada pelo London Committee, do cartel internacional de rodas de aço – International Steel Wheel and Wheel Set Armangemet – que autorizou seus membros reduzir seus preços em até 40% e conseguiu paralisar a produção nacional por oito anos.

O governo brasileiro seguiu fielmente a recomendação de não expandir sua produção feita pela Companhia de Assessoria Internacional (Booz – Allen), situada na Bond Street, em Londres, próximo aos escritórios centrais de coordenação de grandes cartéis de aço. “Como consequência da falta ou quem sabe, talvez, teria outros interesses que não os do Brasil, houve um salto nas importações nacionais de aço, a partir de 1972, eliminando a competitividade da indústria de bens de capital”, (A Ditadura dos Cartéis ..., P. 82).

Por: Nailton Francisco de Souza, Diretor Executivo do SindMotoristas – SP e Secretário Nacional de Comunicação da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).


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