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quinta-feira, 25 de junho de 2020

PFF tem uma história centenária em prol dos policiais de ferrovias do Brasil

No dia 26 de junho a Polícia Ferroviária Federal (PFF), completará 168 anos de muitas lutas, resistência, determinação e coragem na defesa de seus interesses. Sua história inicia com a publicação do Decreto nº 641 de 26 de junho de 1852 do imperador Dom Pedro II, com a denominação de Polícia dos Caminhos de Ferro, tendo como funções proteger a malha ferroviária do país e atuar na prevenção de atos de vandalismo e crimes de todos os tipos.

Edson Lima de Menezes, presidente do Sindicato dos Policiais Ferroviários Federais no Estado de São Paulo e diretor Nacional da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), parabenizam todos policiais que ajudaram nestes anos construir um orgulhoso legado dedicado à corporação e também na preservação de um patrimônio importante no desenvolvimento do Brasil.

“Somos uma categoria garantida pelo Art. 144 da Constituição Federal de 1988, no parágrafo 3º define que somos um órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, para realizar patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. Mesmo com esta garantia constitucional somos invisíveis aos olhos das autoridades que insistem em não nos reconhecer plenamente”, lamenta Menezes.

De acordo com o sindicalista ela é a polícia especializada mais antiga do país e que em teoria, deveria ser responsável por todos os aspectos relacionados às ferrovias brasileiras, “incluindo a fiscalização e prevenção de acidentes” nos 26 mil quilômetros de malha ferroviária (trilhos). Só que, infelizmente, caiu no “esquecimento” e cuja carreira praticamente desapareceu por falta de regulamentação.

“A maior parte dos antigos policiais foram demitidos, se aposentaram ou estão emprestados a outras instituições, especialmente, as de gerência e controle dos trens urbanos. Devido o número reduzido, a fiscalização e prevenção de acidentes nas ferrovias, na prática, são feitas por outras instituições ou seguranças privados. Permaneceremos firmes na batalha para garantir nossos objetivos. Parabéns guerreiros!”, deseja Edson.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

No enfrentamento à Covid-19 Brasil tem a pior avaliação mundial


Pesquisa feita na internet pelo Instituto Dalia entre 20 de abril e três de junho com 124 mil pessoas de 53 países, aponta que o Governo Bolsonaro (ex-PSL), coloca o país na última posição no ranking mundial de avaliação das respostas à pandemia de covid-19. No Brasil, foram realizadas 3.032 entrevistas. A margem de erro é de 3,25%.

O levantamento levou em conta a opinião da população residente em cada uma das 53 nações avaliadas. Os dados são do Índice de Percepção da Democracia (IPD). De acordo ele, apenas 34% dos brasileiros acreditam que o presidente lida bem com a pandemia. No mundo, em média, a avaliação positiva dos governos é de 70%.

Outro dado relevante aferido é a indicação de que a maior parte das pessoas em todo o mundo não acredita que a reação governamental à pandemia está sendo exagerada. Nos 53 países pesquisados, cerca de metade da população sente que o governo aplicou a "quantidade certa" de restrições, enquanto 28% acham que seu governo "não fez o suficiente" e apenas 17% acham que o governo fez "demais".

No Brasil, mais de 60% da população avalia que o governo de Jair Bolsonaro não fez o suficiente para conter a pandemia de covid-19. Mais uma vez, é a pior avaliação entre os 53 países do ranking.

Além da reação à pandemia, a pesquisa avaliou também a percepção sobre a democracia em cada um desses países. No Brasil, 54% dos entrevistados acreditam que o nível de democracia no país não é suficiente - com esse resultado o país fica atrás apenas de Polônia e Chile na avaliação de que há falta de democracia.


segunda-feira, 15 de junho de 2020

Ferrenho apoiador e bajulador de Bolsonaro sonegou R$ 2,5 milhões à Previdência Social


A Receita Federal aponta sonegação de contribuição previdenciária por parte da Havan, empresa comandada por Luciano Hang, apoiador do presidente Jair Bolsonaro e investigado no inquérito das fake news. Entre contribuições e multas, a Receita cobra da Havan R$ 1.052.000,00. O processo é de 2013. Em valores corrigidos, o crédito tributário cobrado da empresa alcança R$ 2.486.973,20.

O crime é semelhante ao que levou o empresário a ser condenado em segunda instância em 2003. Na ocasião, ele fez um acordo para pagar o que devia e a execução da pena acabou suspensa. O caso mais recente chegou ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que negou recursos e manteve a autuação. A sonegação foi detectada em auditoria sobre atos de 2009 e 2010 realizada na empresa, situada em Brusque (SC).

Segundo relatórios obtidos pelo Estadão, a Havan deixou de declarar e de recolher devidamente a "contribuição previdenciária patronal", a "contribuição destinada a terceiros" (Sesc, Senac, Sebrae, Incra e FNDE), os "incidentes sobre a rubrica de folha de pagamento aviso prévio indenizado" dos funcionários e até a contribuição empresarial que deveria recolher por patrocínio a time de futebol da cidade.

Além disso, entre janeiro e dezembro de 2010, segundo os fiscais, a empresa inseriu na documentação contábil uma compensação de créditos indevidos. A manobra reduziu a contribuição previdenciária patronal incidente sobre a remuneração dos empregados. Isso levou a Receita a apontar suspeita de falsificação de documento, crime previsto no artigo 297 do Código Penal.

Como a possível falsificação não era crime restrito à seara tributária, uma representação foi enviada ao Ministério Público Federal (MPF) antes de o processo administrativo da Receita estar totalmente encerrado. O procurador responsável pelo caso, no entanto, entendeu que a suposta falsificação estava englobada pelos demais crimes e que seria necessário aguardar a conclusão da etapa administrativa.

"Se ao término do Processo Administrativo Fiscal a Secretaria da Receita Federal do Brasil concluir pela ocorrência de crime, certamente será remetida ao (MPF) a devida representação fiscal para fins penais para a adoção das providências cabíveis", salientou o procurador Felipe D'Elia Camargo. Ele também integra a força-tarefa da Operação Lava Jato desde 2018.

Em casos de sonegação, processos são extintos quando a dívida é quitada ou parcelada. A Havan não informou qual providência adotou. Procurada, a Receita afirmou que não comenta casos específicos. A posição do MPF foi acolhida pela Justiça Federal em Santa Catarina no último dia 5 de março.

Após o encerramento absoluto do procedimento administrativo e caso a empresa não queira pagar o desfalque, a Receita poderá novamente enviar uma representação ao MPF. Por sua vez, o órgão ministerial poderá abrir investigação e oferecer denúncia contra Luciano Hang.

Hang foi condenado a três anos, 11 meses e 15 dias de pena privativa de liberdade, além de multa por sonegar R$ 10,4 milhões em contribuições. A punição foi substituída por prestação de serviços comunitários e pagamento de dez salários mínimos mensais durante o período da condenação. Antes de ser obrigado a começar a cumprir as penas, o empresário fez acordo para pagar parte do débito e parcelar o restante. As prestações são pagas até hoje e estão em dia.

Ferrenho apoiador de Bolsonaro, Hang é alvo do inquérito das fake news por vínculo com ações de disseminação de notícias falsas e ameaças a ministros do Supremo. A investigação corre em sigilo. Em maio, operação da Polícia Federal executou mandados de buscas e apreensão em dois endereços dele. Além disso, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou quebra de seus sigilos bancário e fiscal e o bloqueio de redes sociais do empresário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Marqueteiro de Bolsonaro assume existência do “Partido dos Robôs”


Em artigo publicado no jornal O Globo, o empresário Marcos Aurélio Carvalho, um dos donos da AM4, admite o uso de robôs para influenciar o debate público nas redes sociais. Tudo aquilo que a gente já sabe, que a CPI da Fake-news já descobriu. Agora na boca de quem operou.

A democracia moderna foi atravessada por um desafio inimaginável até pouco tempo: a ocupação da pólis por seres irreais. Quem são esses usuários que diariamente emplacam temáticas políticas nos trending topics do twitter, com uma capacidade quase imediata de mobilização em torno de hashtags perfeitamente bem combinadas, perfeitas até demais para serem verdade?

Há uma falha no teste do pato. “Se ele parece com um pato, nada como um pato e grasna como um pato, então provavelmente é um pato” – diz o ditado. E o usuário que se parece com eleitor, reclama como eleitor, apoia como eleitor, mas usa hashtags milagrosamente lançadas, em questão de minutos, aos assuntos mais comentados do momento? É robô.

Tudo que acontece de mais relevante na política nacional vira uma hashtag, ou mais provavelmente duas: uma de apoiadores e outra de detratores. Inicia-se, então, a batalha digital do dia.

Existem, porém, as batalhas reais e as batalhas que nascem forjadas e se tornam reais. As primeiras não deixam de interessar à análise do cenário dicotômico, mas as segundas merecem especial atenção crítica. Robô não vota. Então por que importa tanto o tumulto que ele faz? Porque a movimentação de usuários irreais tem o condão de pautar o debate. A aparência de que um assunto está sendo comentado faz com que ele passe a ser comentado de fato. Está feito o sequestro da pauta política de um país.

A movimentação de uma expressiva quantidade de usuários falsos tem a perigosa capacidade de criar uma bolha inflacionária política ou eleitoral. O que significa isso? Que ela traz uma falsa robustez a uma ideia, a uma pessoa ou a uma causa. Esse conjunto de robôs desprovidos de título de eleitor cria uma “bolha” de apoiadores - frágil, posto que mentirosa. Mas a demonstração da ampla adesão à ideia chama mais gente, desta vez pessoas reais. É uma bolha inflacionária política e eleitoral, na medida em que carrega uma pessoa nos ombros invisíveis de celulares conectados a contas falsas e entrega a ombros verdadeiros de quem sentiu que estava aderindo a um forte movimento, “que subitamente eclodiu”. Então, pouquíssimo importa que robô não vota, não comparece a manifestação, não bate panela na janela, desde que ele consiga fazer pessoas reais, capazes de tudo isso, aderirem ao movimento.

Não pode ser subestimada a grande susceptibilidade de uma pessoa real se juntar a um movimento de origem falsa. As pessoas entram diariamente nas redes sociais em busca de um tema para comentar. Não é mais só uma questão de programação comportamental, é também uma questão de pertencimento. Se uma hashtag entra para os trending topics, para muitos isso significa quase automaticamente que o assunto em torno dela merece um comentário ou uma ação.

Muita ficção científica foi produzida no passado, especulando sobre robôs usurpando empregos e até postos de comando humanos; mas pouco se imaginou sobre robôs usurpando o debate público humano, o debate sobre a própria forma de uma sociedade humana se organizar e se deixar liderar.

Qual é o grande mal disso? Justamente pela fugacidade do “assunto do momento”, a batalha política passou a ser diária, pontual e pormenorizada. Houve um claro esvaziamento da política de identificação de ideias e propostas, em favor da política de identificação de posturas e falas, cotidianamente. É um rumo perigoso para se tomar: o debate político deixar de ser sobre ideias e passar a ser sobre circunstâncias. A transitoriedade do apoio gera graves crise de representatividade e de capacidade de se liderar, pelo prazo necessário para fazer qualquer diferença.

Se esses fatos estão postos e estamos falando de uma realidade enquanto ela acontece (vide batalha de hashtags do dia), o que se há de fazer? Muito se debate, acertadamente, sobre regulação, investigação e inibição da presença digital fake. Mas conhecem-se os desafios de se controlar algo que é pouco rastreável, que desconhece fronteiras territoriais e faz-se esbarrar em alcances jurisdicionais.

Sem dúvidas, a melhor forma de encarar é escancarar. Não se questiona a importância de a comunidade digital global continuamente trabalhar para evoluir em segurança, rastreabilidade e confiança; e de as comunidades jurídicas amadurecerem os debates sobre controle, responsabilização e desmobilização. Mas a contribuição mais eficaz e imediata virá – e já tem vindo – das iniciativas de jogar luz sobre as trevas da mobilização robotizada em torno de pautas políticas.

Não tem fidelidade partidária no Partido dos Robôs sem Voto. É preciso apostar alto na “trollagem” contra os robôs. Isso significa expor suas contradições, suas obviedades, suas falhas, seus movimentos e suas inconsistências. Talvez seja essa uma boa releitura moderna do enigma da esfinge. Precisamos decifrar as redes a serviço do fake, sob pena de vermos devorado o debate público tal como se conhece. Nas urnas: um homem, um voto. Nas redes: um homem, um post.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Bolsonarista, dono da Havan agora é um risco ao mandato do presidente

A cidade catarinense de Brusque tem um morador ilustre entre seus 130 mil habitantes, Luciano Hang, 36o maior ricaço do país, fortuna de 8 bilhões de reais em 2019. O dono das lojas Havan abriu a porta de casa às 6h da manhã em 27 de maio e deu com a Polícia Federal (PF). Os agentes tinham ido recolher seu celular e computador, por ordem do juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Graças ao inquérito sobre milícias digitais e fake news conduzido por Moraes, motivo da ida da PF a Brusque, o empresário bolsonarista tornou-se um risco ao mandato de Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Não é à toa que o ministro da Justiça, André Mendonça, pediu ao STF um habeas corpus para todos os alvos do juiz, apesar de não haver ninguém do governo entre eles.

No inquérito das fake news, Hang teve seus sigilos fiscal e bancário quebrados. Pelo que já foi investigado em 15 meses, Moraes acha que o empresário faz parte do núcleo financiador da “associação criminosa”, que é como o togado define as milícias digitais. A quebra vale para o período 1 de julho de 2018 a 30 de abril de 2020. Ou seja, abrange a campanha presidencial.

Existem no TSE duas ações de cassação da chapa Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão em condições de ser abastecidas pelas descobertas do inquérito das milícias digitais. Ambas são de autoria da coligação de Fernando Haddad, do PT. Em uma delas, o dono da Havan é réu também.

No dia da ação policial na casa de Hang, os advogados do PT requisitaram ao juiz do TSE que cuida das duas ações, Og Fernandes, o corregedor-geral da corte, para que as descobertas do inquérito das milícias digitais sejam aproveitadas. O objetivo é usá-las de prova para reforçar a alegação de que houve abuso de poder econômico e uso de fake news a favor do ex-capitão na eleição.

Detalhe: Alexandre de Moraes assume agora uma vaga de membro titular do TSE, tribunal que sempre conta com três juízes do Supremo entre seus sete integrantes.

Em 29 de maio, Og Fernandes mandou um despacho a representantes da campanha de Bolsonaro, para que eles opinem sobre o compartilhamento pedido pelo PT. Deu três dias de prazo para uma reposta. Depois disso, fará a mesma consulta ao Ministério Público Eleitoral.

A ação na qual Bolsonaro e Hang são réus baseia-se em reportagem da Folha de 18 de outubro de 2018. Segundo o jornal, houve compra de disparo maciço de mensagens de Whatsapp para difamar Haddad e o PT. Cada contrato de disparo seria de 12 milhões de reais. O dono da Havan seria um dos pagadores, o que ele nega. Desde a 2016, doação empresarial de campanha é contra a lei.

Além de financiamento irregular, a ação aponta uso indevido dos meios de comunicação. Se espalhou mentiras contra Haddad e o PT, o bolsonarismo violou o Código Eleitoral. O artigo 323 veta “divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado”. Dá até um ano de prisão e multa.

A ação lembrava que “Hang coagiu os funcionários da empresa de que é proprietário a votarem no mesmo candidato que agora beneficia com as doações ilegais”. A coação foi ele dizer aos funcionários que os demitiria, se a esquerda ganhasse. O Ministério Público do Trabalho entrou na Justiça, e em 3 de outubro de 2018 conseguiu proibi-lo de fazer essa ameaça, sob pena de multa de 500 mil reais.

Duas semanas antes, em 13 de setembro de 2018, Hang havia sido multado pelo TSE, em 10 mil reais, por ter pagado para disseminar conteúdo a favor da candidatura de Bolsonaro através do Facebook. O chamado impulsionamento tinha ocorrido em agosto. Nesse caso, a reclamação no TSE havia partido da campanha do tucano Geraldo Alckmin.

Agora em maio, Hang foi condenado a pagar uma indenização de 20 mil reais ao reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, por ter mentido sobre ele e o xingado no Twitter em 24 de julho de 2019. Uma ninharia para o bilionário, mas um precedente a pesar contra ele e Bolsonaro no TSE.

A segunda ação petista contra o presidente no TSE que pode ser abastecida pelo inquérito do Supremo sobre fake news também baseou-se em reportagem da Folha. Esta é de dezembro de 2018, um complemento daquela de outubro. Mostra como algumas empresas foram usadas pela agência que foi a principal contratada da campanha de Bolsonaro, a AM4, para driblar a lei.

Na reportagem de outubro, a Folha dizia que as subcontratadas pela AM4 compraram de terceiros, uma ilegalidade, dados com o número de telefones de eleitores que receberiam mensagens de Whatsapp. Na de dezembro, que a rede de subcontratadas “recorreu ao uso fraudulento de nome e CPF de idosos para registrar chips de celular” e garantir o disparo massivo de mensagens políticas”.

Nas duas reportagens, há uma mesma empresa subcontratada citada, a Yacows. Um ex-funcionário da Yacows, Hans River, depôs à CPI das Fake News em fevereiro. Na época, ele mentiu ter dado a informações a uma jornalista da Folha, Patricia Campos Mello, em troca de “sair” com ela. Patricia foi a principal autora das reportagens. Graças a River, virou alvo das milícias digitais bolsonaristas.

Fonte: https://www.cartacapital.com.br/politica 

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Congresso articula frente democrática contra Bolsonaro


O acirramento da crise política e institucional, com atos pró-fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) e em defesa de intervenção militar, começa a dar corpo no Parlamento à ideia de criação de uma ampla frente democrática. Deputados de vários partidos, de diferentes espectros ideológicos, defendem a necessidade de se deixarem de lado as diferenças políticas e de todos se unirem para evitar a implantação de uma ditadura no país, uma ameaça que eles cada vez mais enxergam nos atos do presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.

Embora não participe diretamente das negociações, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já manifestou a deputados sua simpatia pela ideia. Atacado constantemente por Bolsonaro, Maia tem evitado o confronto e pregado o diálogo e o respeito à democracia. Mas não deseja ser o líder do movimento. Parlamentares de diferentes correntes começam a se organizar para discutir a criação de uma frente democrática nos próximos dias. Lideranças do PT, do PSDB e do MDB têm indicado apoio à iniciativa.

O entendimento em comum entre parlamentares de vários partidos ouvidos pelo Congresso em Foco é de que esse tipo de movimento já partiu da sociedade civil, como demonstraram o ato pró-democracia encampado por torcidas organizadas de clubes de futebol e a publicação de manifestos assinados por juristas, políticos, intelectuais e artistas neste fim de semana. “Só há uma forma de enfrentar o fascismo, é todos se unirem. Temos de conversar com quem pensa diferente da gente”, defende a líder do PCdoB, Perpétua Almeida (AC).

Para a deputada, nessa aliança cabem parlamentares de esquerda, centro e direita. “Só não cabem os fascistas. Ou nos unimos ou o fascismo de Bolsonaro avançará”, afirmou. “Estados Unidos e União Soviética se uniram contra o nazismo. Temos de dialogar com quem pensa diferente da gente, mas está conosco no campo democrático”, reforça.

Na Câmara já existem grupos suprapartidários que se reúnem para discutir o aperfeiçoamento da Casa, como o Câmara Viva e o Centro da Convergência Democrática. Integrante do primeiro, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) considera urgente a união dos parlamentares em defesa das instituições democráticas e contra o avanço do autoritarismo.

“O Congresso precisa se afastar de qualquer flerte com o autoritarismo e isso deve ser uma mensagem forte para o Centrão, que não deve fortalecer um projeto que tem como fim fechar ou pelo menos limitar o Congresso e o STF”, diz o deputado que, apesar de ser filiado ao PL.

Marcelo Ramos lembra que o país já conviveu governos impopulares, como os de Dilma Rousseff e Fernando Collor, que caíram após perder apoio no Congresso e na sociedade. Mesmo assim, ressaltou, ambos respeitaram as regras do jogo democrático e se submeteram à ordem constitucional do Judiciário e do Legislativo. Para ele, esse não é o caso de Bolsonaro.

“Mas agora é diferente. Temos um governo que confunde a legitimidade do voto da maioria nas eleições com poderes totalitários sobre outros Poderes e até sobre a própria Constituição”, considera. Na avaliação do deputado, não há mais como adiar a formação de uma frente parlamentar ampla. “Os 70% não aceitam mais que 30% se imponham como maioria.”

Para o líder do PT, Enio Verri (PR), há clima no Congresso para a construção de uma frente com o mesmo perfil dos movimentos de artistas, intelectuais, políticos e juristas que se manifestaram em defesa da democracia no fim de semana. Entre eles, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o ex-candidato à Presidência pelo PT Fernando Haddad e personalidades como Caetano Veloso e Fernanda Montenegro.

“Divergimos muito do ponto de vista econômico do centro e da centro-direita. Mas votamos muitas vezes juntos quando se trata da defesa dos direitos humanos”, afirma Verri. O deputado petista defende a constituição de uma frente políitca como a das Diretas Já, que reuniu políticos de espectros políticos diferentes em defesa da retomada da democracia e das eleições diretas.

“A sociedade já começou esse movimento. O Congresso ainda não, porque está pautado pela conjuntura, pela busca de medidas para enfrentar a pandemia. É incrível como, no meio de uma pandemia, nós tenhamos que discutir uma crise política”, observa.


Haddad: 'Bolsonaro expulsou médicos de Cuba e importou terroristas da Ucrânia'


O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad criticou a aproximação do governo de Jair Bolsonaro com grupos neonazistas. "Bolsonaro expulsou médicos de Cuba e importou terroristas da Ucrânia. Bela troca!", escreveu ele pelo Twitter.

Neste domingo, 31, uma bandeira associada a grupos neonazistas ucranianos apareceu na manifestação de apoiadores de Jair Bolsonaro na Avenida Paulista. O dono da polêmica bandeira ucraniana é o instrutor de segurança Alex Silva, 46, que mora no país europeu desde 2014.

Ele veio ao Brasil em março, para abrir uma filial da academia de tiro e táticas militares em que trabalha em Kiev, capital do país, e acabou ficando retido aqui em razão da pandemia.

Simpatizante de Bolsonaro, Silva tem participado de manifestações, sempre portando a bandeira nas cores vermelha e preta do Pravyi Sektor (Setor Direito), organização paramilitar criada em 2013 que virou partido político na Ucrânia.

No mesmo horário, manifestantes de grupos antifascistas de torcidas organizadas protestaram em defesa da democracia e contra o fascismo, mas foram reprimidos pela Polícia Militar.

Submissão brasileira a Convenção de Bruxelas fortaleceu multinacionais no mercado do aço


Em 1953, firmou-se a Convenção de Bruxelas destinada a regulamentar o mercado de aço em escala mundial, com amplos poderes para fixar preços, cota de fornecimento e sobre preços a serem cobrados a países como o Brasil. E para prejudicar países mais atrasados o Supremo Tribunal da Alemanha votou em 12 de junho de 1973, um acordo no setor de tubos de aço.

O cartel do aço impôs a indústria siderúrgica brasileira regras rígidas que impediu sua expansão, para garantir mercado de exportação às usinas da Alemanha, Estados Unidos, Japão e Inglaterra. Inclusive, um relatório britânico de 1938, confirmava que o cartel internacional de aço unido ao cartel internacional de equipamentos siderúrgicos, havia impedido até aquela data a produção de aço nos países importadores.

No livro: “A Ditadura dos Cartéis - Anatomia de um Subdesenvolvimento” (de 1978, Kurt Rudolf Mirow, P. 81), consta o seguinte relato: - Em 1939, a United Sates Steel em sequencia lógica manifestou seu interesse pela instalação de uma indústria siderúrgica no Brasil e o governo norte-americano somente concordou em fornecer os equipamentos necessários à instalação do empreendimento em Volta Redonda – RJ, só após o País apoiar operações de guerra contra os países do Eixo.

Na ocasião, não era só os americanos que impunham barreiras ao desenvolvimento à indústria brasileira. Existiam obstáculos também internos, como o do Dr. Eugênio Gudin Filho, economista liberal, então ministro da Fazenda entre setembro de 1954 e abril de 1955, durante o governo de Café Filho, que considerava um “absurdo” construir uma usina para produzir cem mil toneladas de aço, que ultrapassava o consumo local.

Este tipo de visão caolha e submissa contribuiu para que o país não galgasse posição de independência em relação às multinacionais do ramo organizadas em cartéis. Um exemplo foi o da empresa Mafersa que na década de 60 inaugurou em Caçapava – SP uma fábrica de rodas de aço para estradas de ferro e foi duramente golpeada pelo London Committee, do cartel internacional de rodas de aço – International Steel Wheel and Wheel Set Armangemet – que autorizou seus membros reduzir seus preços em até 40% e conseguiu paralisar a produção nacional por oito anos.

O governo brasileiro seguiu fielmente a recomendação de não expandir sua produção feita pela Companhia de Assessoria Internacional (Booz – Allen), situada na Bond Street, em Londres, próximo aos escritórios centrais de coordenação de grandes cartéis de aço. “Como consequência da falta ou quem sabe, talvez, teria outros interesses que não os do Brasil, houve um salto nas importações nacionais de aço, a partir de 1972, eliminando a competitividade da indústria de bens de capital”, (A Ditadura dos Cartéis ..., P. 82).

Por: Nailton Francisco de Souza, Diretor Executivo do SindMotoristas – SP e Secretário Nacional de Comunicação da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).