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terça-feira, 31 de outubro de 2023

Em nove meses Governo Lula criou 1,59 milhão de empregos com carteira assinada no Brasil

O número total de brasileiros com carteira assinada chega a 44 milhões, o maior já registrado na série histórica desde 2002. Sendo que no período de janeiro a setembro de 2023, foram realizadas 17,8 milhões de admissões e 16,2 milhões de desligamentos, resultando em um saldo positivo de 1,59 milhão de empregos formais criados pelo Governo Lula.

De acordo com dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego na segunda-feira (30), foi registrado um crescimento no mercado de trabalho, com a criação destes empregos com carteira assinada nos primeiros nove meses deste ano,

O estoque de empregos com carteira assinada atingiu o marco histórico, de 44 milhões de trabalhadores e trabalhadoras até setembro de 2023, o que representa o maior valor já registrado desde o início da série histórica, que abrange tanto o período do Caged de junho de 2002 a 2019 quanto o Novo Caged a partir de 2020. A variação positiva em relação ao mês anterior foi de 0,48%. Nos últimos 12 meses, de outubro de 2022 a setembro de 2023, o país acumulou 1,4 milhão de empregos formais, decorrentes de 22,8 milhões de admissões e 21,4 milhões de desligamentos.

A criação de empregos formais foi generalizada, abrangendo os cinco principais grupos de atividades econômicas, todas as regiões do país e as 27 Unidades Federativas. Os estados que lideraram em geração de empregos foram São Paulo, com 47.306 postos (+0,35%), Pernambuco, com 18.864 postos (+1,35%), e Rio de Janeiro, com 17.998 postos (+0,51%). Na análise regional, o Sudeste apresentou o maior saldo, com 82.350 vagas formais, seguido pelo Nordeste (75.108), Sul (22.330), Norte (16.850) e Centro-Oeste (14.793).

O setor de Serviços se destacou em setembro, com um saldo positivo de 98.206 postos, com ênfase nas áreas de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (41.724), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (20.383), e Alojamento e Alimentação, especialmente em restaurantes e lanchonetes, com um saldo de 16.642 postos criados.

O setor de Comércio gerou 43.465 novos empregos, destacando-se o Comércio Varejista de Mercadorias em Geral, com predominância de Produtos Alimentícios – Supermercados e Hipermercados. A Indústria contribuiu com 43.214 postos de trabalho, e a Construção Civil registrou um saldo de 20.941 empregos. A Agropecuária, embora com menor geração de empregos no mês, ainda apresentou um saldo positivo de 5.942 postos formais, apesar da desmobilização no cultivo de café, que impactou o setor com uma perda de 6.704 postos em setembro.

A análise de gênero revelou um saldo positivo tanto para mulheres (83.096) quanto para homens (128.668). Além disso, a População com Deficiência (PcD) também experimentou um aumento no emprego, com um saldo positivo de 1.590 postos de trabalho. O emprego formal abrangeu diferentes grupos étnicos, com saldos positivos para pardos (145.519), brancos (49.451), pretos (20.004), amarelos (2.642) e indígenas (232).

Quanto aos salários, o salário médio real de admissão em setembro foi de R$ 2.032,07, mantendo uma estabilidade com uma variação negativa de R$ 8,07 em comparação com o valor corrigido de agosto (R$ 2.040,14). Em relação ao mesmo mês do ano anterior, considerando as variações sazonais, o ganho real foi de R$ 13,92.

Fonte: https://www.brasil247.com/economia/brasil-criou-1-59-milhao-de-empregos-com-carteira-assinada-entre-janeiro-e-setembro-de-2023-0514glvp?fbclid=IwAR03CuaYVCOzjhXQQjWJhuK6R_X2xFRAlxlgKJLblJUJnpuNQs5tz3Wf9Nc

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Ex-embaixador dos EUA no Brasil diz que “Discurso de Lula deve ser lido com atenção em Washington”

O presidente Lula discursou como um “estadista do século XXI” e mandou recado a Washington, capital americana, na abertura da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), segundo Thomas Shannon, ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil e ex-secretário para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado americano. O petista foi o primeiro a se pronunciar no evento nesta terça (19).

“Lula discursou como um estadista do século XXI, e o que ele disse deve ser lido com muito cuidado e atenção em Washington e no resto do mundo. Lula fez alertas sobre o que vem por aí”, afirmou ao jornal O Globo.

Ele avalia que o presidente trata da guerra entre Rússia em Ucrânia pensando em questões globais, como a crise de segurança alimentar e energética. “Lula não quer falar sobre poder, mas sim sobre os desafios que o mundo enfrenta, como a desigualdade”, prossegue.

O embaixador americano classifica o discurso de Lula como “valioso” e da autoria de um “estadista que entende o Sul Global”. Shannon ainda acredita que o pronunciamento de Lula é um recado para a China e para os Estados Unidos.

“O Brasil está tentando lembrar aos EUA e o China que eles não são os únicos países do mundo, e que o mundo não permitirá que o futuro seja capturado por uma disputa estratégica entre ambos. Está frisando esse alerta”, finaliza.

Brian Winter, editor-chefe da Americas Quarterly, também exaltou o presidente brasileiro pelo discurso e afirmou que o pronunciamento “foi de um presidente de um poder regional, e sim de um poder global”. Ele avalia que o petista foi “ambicioso” ao falar durante o evento.

O embaixador Rubens Barbosa, ex-chefe da sede diplomática do Brasil em Washington, destacou que Lula destoou de quase todos os chefes de Estado na Assembleia-Geral da ONU nas últimas duas décadas.

“Antes, os discursos tinham foco no público interno, eram relatórios sobre o que acontecia no Brasil. Lula, pela primeira vez, fala sobre o lugar do Brasil no mundo, sobre o que o Brasil aspira e como pode contribuir para alcançar objetivos”, aponta.

O ex-presidente Jair Bolsonaro também é citado nos elogios ao petista. Segundo Renata Segura, subdiretora para a América Latina do centro de estudos Crisis Group, Lula “tentou desfazer o dano causado pelo governo de Jair Bolsonaro e recuperar o papel central do Brasil no mundo, mas deixando claro que o fará seguindo suas próprias regras”.

O ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e pesquisador da Universidade Harvard Hussein Kalout afirma que o discurso foi “sóbrio, equilibrado, consistente e conjugado com os princípios da Constituição e os valores universais da política externa brasileira”.

Para ele, o petista “restaurou a dignidade ao discurso do Brasil na ONU após os calamitosos discursos do presidente Bolsonaro nos 4 anos anteriores”. “Não faltou nada na minha visão. Ademais, foi perspicaz ao excluir da centralidade do discurso o conflito da Ucrânia e ao reiterar o compromisso do Brasil com o direito internacional”, completa.

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Novo Censo revela que no Brasil 6 milhões de pessoas não têm casa própria

Depois de 12 anos sem a principal fotografia da sociedade brasileira, a primeira leva de dados do Censo de 2022 foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) no último 28 de junho e mostrou que o país bateu recorde em casas inabitadas. A cada 100 domicílios particulares, 13 estão vagos. Eles estão à venda, para alugar, abandonados ou serão demolidos. 

O levantamento revela que em 12 anos o número de domicílios vagos aumentou 87%, o que não diminuiu o déficit habitacional para 6 milhões de pessoas, mesmo com11 milhões de casas vazias. São Paulo é o estado que mais impulsiona o dado. Os dois milhões de moradias vazias representam 12% de todas as que existem no estado.

Só na capital paulista, desde o Censo anterior feito em 2010, o número de casas e apartamentos sem ninguém morando duplicou. Atualmente são 588 mil.  A quantidade de casas e apartamentos inutilizados é o dobro do número de famílias que não têm onde morar ou que vivem em condições muito precárias.

O déficit habitacional brasileiro alcança, segundo o último levantamento da Fundação João Pinheiro feito em 2019, quase seis milhões de domicílios. Uma das informações que mais chamou a atenção no novo levantamento do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística foi o crescimento populacional abaixo do esperado.

Os cálculos estimavam que os habitantes do país chegariam a 207 milhões. A pesquisa constatou, no entanto, sermos atualmente 203 milhões. Entre 2010 e 2022, enquanto a população no país cresceu 6%, os domicílios vazios saltaram 87%. Entre 2010 e 2022, o número de domicílios aumentou 34%, chegando a 90 milhões.

Roberto do Carmo, sociólogo e demógrafo explica que o baixo crescimento populacional está associado à diminuição do número de nascimentos – uma tendência observada dos últimos 50 anos para cá – e o aumento da expectativa de vida que, por sua vez, eleva a mortalidade. É o que se chama transição demográfica.

Roberto, que é também professor do departamento de demografia da Unicamp e pesquisador do Núcleo de Estudos de População Elza Berquó, elenca três processos pelos quais o país passa há décadas e que o Censo 2022 reforça. São eles: a crescente população em áreas urbanas, mudanças na estrutura da família e a lógica das cidades regidas pelo mercado imobiliário.

“Ao longo desses 60 anos, houve um aumento da população residindo nas áreas urbanas do Brasil da ordem de 150 milhões de pessoas”, destaca Carmo. “Esse processo longo e complexo aconteceu sem planejamento anterior e grande parte da população até hoje não conseguiu ter acesso a um pedaço de terra para moradia digna”, aponta, e salienta que a dinâmica se reproduz das grandes até as pequenas cidades. 

O professor ponderou que as diferenças entre classe sociais já que famílias de baixa renda compartilham mais numerosamente o mesmo teto, o demógrafo expõe que ao longo das últimas décadas o Brasil vive uma mudança na característica geral das famílias. O aumento dos divórcios e da longevidade são características que podem explicar que existam mais pessoas vivendo sozinhas e, portanto, mais demandas por domicílios.

O grande fator destacado é a “superprodução habitacional”: “As cidades brasileiras, em grande parte, são organizadas pelo mercado imobiliário. E o mercado imobiliário, principalmente nos últimos anos, não tem muita correspondência com a realidade. É marcado pela ideia do imóvel como investimento”, caracteriza.

“Veja, quando há investimento, não é necessário ter uma demanda concreta de pessoas para comprar aquele bem. Com isso, existe essa superprodução de imóveis fora da realidade da demanda habitacional, e isso necessariamente terá que ser revisto à luz dos dados apresentados pelo Censo”, defende Carmo. 

Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2023/07/17/o-brasil-tem-11-milhoes-de-domicilios-vazios-e-6-milhoes-de-familias-sem-ter-onde-morar

Gestão de Bolsonaro fez liberação suspeita de R$ 7,2 bilhões na educação

TCU (Tribunal de Contas da União) quer que sejam anuladas liberações de obras de educação autorizadas sem critérios técnicos, e com suspeitas de corrupção, durante o governo Jair Bolsonaro (PL). As anulações se referem a autorizações no valor total de R$ 7,2 bilhões, feitas gestão do então ministro da Educação Milton Ribeiro, grande aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os ministros do tribunal iniciaram nesta quarta-feira (12) o julgamento final do tema, mas houve um pedido de vista e há um prazo de 60 dias para ser retomado. Tudo indica no processo do TCU que para atender aliados políticos e lobistas, o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) liberou milhares de novas obras ao fracionar empenhos (que reservam o dinheiro de obras) em pequenas quantias, na maioria das vezes de R$ 30 mil.

A liberação de novas obras beneficiou cidades mais ricas, em detrimento daquelas que mais precisam, além de ter ignorado a reserva de recursos para construção já em andamento. Os autos devem ser encaminhados ao Ministério Público Federal para investigar "indícios de ato de improbidade administrativa" e também para a Polícia Federal.

O Tribunal identificou casos em que houve liberações de empenhos após reuniões com Milton Ribeiro intermediadas pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura — pivôs do escândalo. A proximidade dos pastores com o ex-ministro foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo e ele foi demitido em março de 2022, uma semana depois de a Folha de São Paulo revelar áudio em que falava em priorizar pedidos dos pastores a mando de Bolsonaro.

O FNDE firmou, entre 2020 e maio do ano passado, 3.356 termos de compromisso entre o órgão e prefeituras relacionados a novas obras (construção de creches, escolas, quadras e reformas). Ao somar os valores das operações aprovadas a partir de empenhos menores, chega-se a R$ 8,8 bilhões. O valor é 14 vezes superior ao que estava no orçamento para essa finalidade.

Sob Bolsonaro, o órgão passou a liberar empenhos de novas obras sem o cumprimento das exigências burocráticas e legais, como a própria existência de um terreno para que a obra fosse realizada. Isso foi feito por meio das chamadas aprovações condicionais, como a Folha também mostrou em 2022.

"O método adotado pelo FNDE consistia em substituir a análise técnica e prévia do projeto pela denominada 'aprovação técnica condicional' para, em seguida, empenhar parcela ínfima do valor necessário para execução da obra e, ato contínuo, celebrar o intitulado 'termo de compromisso com cláusula suspensiva'", diz o TCU.

Esse formato de aprovações condicionais perpassa 79% das liberações no período (2.657 termos), o que soma R$ 7,2 bilhões, considerando o valor total das obras — não apenas o que foi reservado. São esses os atos que devem ser anulados, segundo o TCU.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/07/tcu-quer-anular-r-72-bi-de-liberacoes-suspeitas-da-gestao-bolsonaro-na-educacao.shtml

 

sexta-feira, 30 de junho de 2023

TSE aprova inelegibilidade de Jair Bolsonaro por mentiras e ataques ao sistema eleitoral brasileiro

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu na sexta-feira (30) por 5 votos a 2 tornar o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos e somente estará apto a se candidatar novamente em 2030, aos 75 anos. Ou seja, ficará afastado de três eleições até lá (sendo uma delas a nacional de 2026).

Os ministros Benedito Gonçalves, Floriano de Azevedo Marques Neto, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes votaram para reconhecer o abuso de poder político e o uso indevido dos meios de comunicação por parte do ex-presidente.

Raul Araújo e Kassio Nunes Marques se manifestaram para livrá-lo da acusação. A ação julgada teve como foco a reunião em julho do ano passado com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.

Na ocasião, a menos de três meses da eleição, Bolsonaro fez afirmações falsas e distorcidas sobre o processo eleitoral, alegando estar se baseando em dados oficiais, além de buscar desacreditar ministros do TSE.

A sessão desta sexta-feira foi aberta com o voto de Cármen. "De pronto, com todas as vênias do ministro Raul Araújo, estou anunciando à vossa excelência que estou acompanhando o ministro relator", afirmou.

Depois de Cármen Lúcia, votou o ministro Kassio Nunes, que disse não ver gravidade suficiente para condenar Bolsonaro, mas defendeu o sistema de votação.

Em seguida, Alexandre de Moraes, presidente do tribunal, também acompanhou o relator, Benedito Gonçalves. O ministro classificou a reunião com embaixadores em que o ex-presidente desacreditou, sem provas, o sistema de votação como um "monólogo eleitoreiro".

Além de ter declarado Bolsonaro inelegível, o TSE decidiu que o caso será encaminhado ao TCU (Tribunal de Contas da União) e a inquéritos criminais em curso no STF (Supremo Tribunal Federal) para apurar se cabem investigações contra Bolsonaro além da seara eleitoral. A corte de contas pode analisar, por exemplo, se houve uso indevido de prédio público, no caso o Palácio da Alvorada, para realização da reunião com os embaixadores.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/06/tse-forma-maioria-para-tornar-bolsonaro-inelegivel-por-mentiras-e-ataques-ao-sistema-eleitoral.shtml

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Tio da senadora Damares é responsável por avião preso com quilos de maconha

A Polícia Federal (PF) realizou no sábado (27) uma operação que resultou na prisão em flagrante de um indivíduo por tráfico interestadual de drogas. O suspeito foi detido no aeroporto de Belém, quando tentava transportar 290 quilos de skunk, uma forma concentrada de maconha.

Essa apreensão poderia ser apenas mais uma entre as realizadas diariamente pela PF, porém, o avião em questão pertence à Igreja Quadrangular-PA que, por meio de um comunicado, admitiu ser a proprietária da aeronave apreendida.

Em comunicado, a igreja afirmou ter acionado a PF assim que tomou conhecimento do conteúdo ilícito que seria transportado pelo suspeito sobre um carregamento de entorpecentes com destino à cidade de Petrolina os agiram prontamente.

O responsável pela droga foi abordado antes da decolagem e chegou a tentar fugir, mas foi capturado em seguida. De acordo com informações era o pastor Josué Bengtson e seu filho, Paulo Bengtson que utilizava a aeronave.

Josué Bengtson é líder espiritual na Igreja Quadrangular no Pará e também é tio e padrinho político de Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Família no governo Bolsonaro (2019-2022) e atualmente senadora pelo Distrito Federal.

A carreira política de Damares Alves foi impulsionada pelas mãos de seu tio: primeiro nos anos 1980, quando Damares foi ordenada pastora da Quadrangular, e após formar-se em Direito e obter a OAB, começou a atuar em outra esfera política e religiosa.

Nos anos 1990, Damares Alves foi trabalhar no gabinete de Josué Bengtson (PTB-PA) - o nepotismo estava começando a ser extirpado da política -, posteriormente, Damares trabalharia em uma série de gabinetes da esfera religiosa, até se tornar ministra da Família e hoje, senadora.

Josué Bengtson, tio de Damares, é o secretário executivo da Igreja Quadrangular do Pará. Sobre a droga encontrada na aeronave, ele e seu filho declararam não ter conhecimento de que o skunk seria carregado na aeronave.

terça-feira, 16 de maio de 2023

PF identificou que gastos de Michelle Bolsonaro eram pagos em dinheiro vivo

A Polícia Federal (PF) identificou depósitos em dinheiro vivo na conta de Michelle Bolsonaro operados por Mauro Cid., ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) preso pela PF. De acordo com as investigações ele acertava com assessores pagamentos com recursos públicos das despesas da então primeira-dama.

Além do uso de dinheiro vivo, a PF comprovou que uma empresa com contrato com a Codevasf abasteceu esse dinheiro para o pagamento de contas da Michelle. A imprensa divulgou diálogos de Mauro Cid com assessoras de Michelle em que ele demonstra preocupação com os pagamentos das despesas da então primeira-dama, porque poderiam resultar em acusações de "rachadinha".

Os áudios foram enviados por um aplicativo de mensagens. As informações são do portal UOL, que teve acesso à transcrição das conversas e aos detalhes da investigação da PF (Polícia Federal) que resultou na prisão do tenente-coronel em 3 de maio. Cid é investigado por suposta inserção de dados falsos em cartões de vacinação contra a covid-19 de Bolsonaro e de outras pessoas. Saiba quem é Mauro Cid e quais crimes foram imputados a ele.

Pela investigação, Michelle Bolsonar usava um cartão de crédito vinculado à conta de Rosimary Cardoso Cordeiro, sua amiga e assessora no Senado. Com a quebra de sigilo bancário de Cid e mais funcionários do Planalto, a PF detectou depósitos em dinheiro vivo para Rosimary. O objetivo seria pagar as despesas feitas com o cartão de crédito e tentar ocultar a origem do dinheiro.

Segundo Leornado Sakamoto, colunista do UOL,“um cerco está se fechando a Michelle Bolsonaro por conta das mutretas reveladas por investigações da Polícia Federal sobre a origem do dinheiro que pagava seus gastos. Ela, que acusou o Palácio do Planalto de ser um lugar ‘consagrado aos demônios’ antes de Jair, mostrou que, na verdade, o que assombrava os servidores da Presidência da República era o temor sobre as maracutaias que a envolviam”, completou.

ÁUDIOS

Em 30 de outubro de 2020, a assessora Cintia Nogueira envia áudio a Giselle Carneiro demonstrando preocupação com o uso do cartão de crédito de Rosimary.

Leia a transcrição:

“Então hoje é essa situação do cartão realmente é um pouco preocupante. O que eu sugiro para você é o seguinte: no momento que você for despachar com ela [Michelle Bolsonaro], é esse assunto. Você pode falar com ela assim sutilmente, né? (…) Mas eu acho que você poderia falar assim: dona Michelle, o que a senhora acha da gente fazer um cartão para a senhora? Um cartão independente da Caixa. Pra evitar que a gente fique na dependência da Rosy. E aí a gente pode controlar melhor aqui as contas. (…) Pode alertá-las o seguinte, que isso pode dar problema futuramente, se algum dia, Deus o livre, a imprensa descobre que ela é dependente da Rose, pode gerar algum problema.”

A situação voltou a ser abordada em 25 de novembro de 2020, em um áudio de Giselle a Mauro Cid. Leia:...

“Coronel, bom dia. Ontem eu conversei com a senhora Adriana para saber se ela tinha falado com a dona Michelle, né. Ela falou que conversou. Explicou, falou todos os problemas, preocupações, né. (…). Mas, então, o resultado foi que a dona Michelle ficou pensativa. Segundo a dona Adriana, ficou pensativa, mas que vai continuar com o cartão. E ela falou que tem, tem os comprovantes assim, né? Que esse cartão já era bem antes do presidente ser eleito. Mas de qualquer maneira, a dona Adriana falou que ela ficou pensativa, né? Ontem mesmo já fizemos uma compra, mas foi em outro cartão. Então eu estou vendo que realmente tá sendo de pouco uso o da Caixa. Mas por enquanto é isso. Obrigada, tchau.”.

Ao ouvir o relato de Giselle, o tenente-coronel respondeu, na mesma data, que o caso poderia ser alvo de investigação por se assemelhar a um esquema de rachadinha e comparado ao que ocorreu com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O filho do presidente foi denunciado à Justiça por supostamente praticar rachadinha na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) –em maio de 2022, a denúncia foi arquivada.

Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/justica/gastos-de-michelle-eram-pagos-em-dinheiro-vivo-indicam-audios/)

Petrobras muda regras de reajuste nos preços dos combustíveis

Na terça (16), a Petrobras divulgou nova política de preços de combustíveis, em substituição à PPI (paridade de importação), que definia reajustes da gasolina e do diesel com base em simulações sobre o custo de importação dos produtos. Pelas novas regras, segundo o presidente da estatal, Jean Paul Prates, contribuirá para reduzir os preços no país.

A empresa não deixará de acompanhar as cotações internacionais do petróleo e seus derivados e diz que os reajustes continuarão sem periodicidade definida, "evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio".

Em comunicado, Prates repetiu que a estratégia comercial tornará a Petrobras mais eficiente e competitiva, atuando com mais flexibilidade para disputar mercados com seus concorrentes. "Vamos continuar seguindo as referências do mercado, sem abdicar das vantagens competitivas de ser uma empresa com grande capacidade de produção e estrutura de escoamento e transporte em todo o país", afirmou.

A política do PPI foi implantada no governo Michel Temer (MDB), como estratégia para blindar a estatal contra ingerências políticas após um período de represamento de preços que trouxe grandes prejuízos à companhia durante a campanha para a reeleição de Dilma Rousseff, em 2014.

Seus críticos, porém, diziam que a política penalizava o consumidor ao repassar para o mercado interno custos como o transporte dos combustíveis até o país e as volatilidades do mercado internacional de petróleo.

No comunicado distribuído nesta terça, a Petrobras defende que a nova política "mantém um patamar de preço que garante a realização de investimentos previstos no Planejamento Estratégico, sob a premissa de manutenção da sustentabilidade financeira da companhia".

"A Petrobras reforça seu compromisso com a geração de valor e com sua sustentabilidade financeira de longo prazo, preservando a sua atuação em equilíbrio com o mercado", completa a companhia.

Os reajustes continuarão a ser definidos por um grupo formado por dois diretores e pelo presidente da estatal, com acompanhamento do conselho de administração, que é hoje mais alinhado ao governo do que em gestões anteriores.

A empresa não divulgou uma fórmula de precificação dos combustíveis. Diz que os valores serão definidos com base nas alternativas de suprimento, ou seja, a concorrência, e no custo de oportunidade, isto é, por até qual valor a estatal poderia vender o produto.

Claudio Schlosser, diretor de Logística, Comercialização e Mercados, diz no comunicado que o modelo vai considerar a participação da Petrobras e o preço competitivo em cada mercado e região, a otimização dos ativos de refino e a rentabilidade de maneira sustentável.

O fim do PPI era promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), depois de um ano em que os preços dos combustíveis atingiram recordes históricos no país, em resposta à escalada das cotações internacionais após o início da guerra na Ucrânia.

Foi comemorado nesta terça por sindicatos que apoiaram a campanha do presidente da República. "Depois de quase sete anos assombrando o povo brasileiro, o pesadelo chega ao fim", disse o coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/05/petrobras-abandona-paridade-internacional-nos-precos-dos-combustiveis-diz-agencia.shtml


quarta-feira, 3 de maio de 2023

Operação da PF prende tenente-coronel do Exército ligado à Bolsonaro

Autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pessoas próximas a ele foram alvos de uma operação da Polícia Federal (PF), na manhã de quarta-feira (3), que investiga a inclusão de dados falsos sobre vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

Na ação o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, Max Guilherme, policial militar que atuou na segurança presidencial e outros foram presos. No total, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva em Brasília e no Rio de Janeiro.

A polícia fez busca e apreensão na residência de Bolsonaro, e apreendeu seu celular o de sua esposa Michelle e outras envolvidos na investigação. O Secretário de Saúde de Duque de Caxias também foi preso. O ex-presidente não foi alvo de mandado de prisão, mas deve prestar depoimento nas próximas horas na PF em Brasília.

PF apreende US$ 35 mil com ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

A Polícia Federal apreendeu cerca de US$ 35 mil (R$ 175,2 mil, no câmbio atual) na casa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

O que aconteceu?

A PF encontrou o dinheiro em um cofre ao prender Cid na manhã de hoje. Além dos US$ 35 mil, os agentes também apreenderam R$ 16 mil. Sua defesa não comentou a apreensão.

O militar presta depoimento hoje à PF contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

Após o depoimento, sobre a suposta inclusão de dados falsos de vacinação, Cid deverá ser conduzido para cumprir a prisão preventiva. Por ser militar da ativa, ele tem a prerrogativa de ser preso em um quartel do Exército, e não em um presídio comum.

Cid também tem direito a uma Sala de Estado Maior, um tipo de cela que não possui grades, por exemplo. O ex-ministro Anderson Torres, delegado da PF, está em uma Sala de Estado Maior.

 

Fake News: Regular plataformas digitais é questão civilizatória

A tentativa de golpe no 8 de Janeiro e a recente onda de violência nas escolas intensificaram na opinião pública o debate sobre a necessidade de regulação das plataformas digitais para evitar ou diminuir os riscos de propagação de conteúdos ilegais por meio da internet. A urgência de uma legislação que responda a esse desafio se justifica e encontra no Congresso Nacional uma proposta que tramita há três anos, com ampla oitiva dos atores envolvidos, seja o segmento econômico, seja a sociedade civil ou a academia.

O Projeto de Lei 2.630, chamado de Lei de Combate às Fake News, cria um conjunto normativo que se inspira nas melhores experiências internacionais — entre as quais o Ato dos Serviços Digitais editado pela União Europeia — e se baseia no tripé liberdade, transparência e responsabilidade na internet. A proposta valoriza a liberdade de expressão e, ao mesmo tempo, assegura direitos para os usuários ao obrigar os provedores a ser mais transparentes quanto a seus algoritmos e códigos de conduta e ao responsabilizá-los civilmente por danos causados por conteúdos ilegais patrocinados.

As empresas terão de observar o “dever de cuidado”: identificar conteúdos ilícitos, tais como apologia ao crime, indução ao suicídio, injúria racial, ataques ao Estado Democrático de Direito, entre outros, para evitar sua promoção e circulação, assim como já fazem em casos de pedofilia ou de direitos autorais. Quando alertadas sobre um conteúdo ilegal, deverão agir com diligência na moderação para diminuir potenciais riscos. O usuário terá, em contrapartida, o direito de questionar a moderação quando achar que foi injustamente cerceado.

Tais medidas são necessárias para enfrentar a pandemia de desinformação e discurso de ódio que tem crescido nas redes sociais, algo que se tornou um desafio para democracias de todo o mundo. Em grande medida, isso ocorre pelo modelo de negócios das plataformas, que promove extremismos para gerar engajamento.

O jornalista americano Max Fisher, autor do livro “A máquina do caos”, fruto de anos de investigações sobre o assunto, afirmou em entrevista que “ao desenhar sistemas que buscam o que mais engaja a atenção, o mais eficaz é o ódio, o nós versus eles, as conspirações paranoicas”. Se a assertiva é verdadeira, o poder público, por meio do Legislativo, está obrigado a regular tal atividade para mitigar os riscos de lesão a direitos individuais e coletivos dela decorrentes.

Não é razoável que pessoas ou empresas lucrem com a difusão em massa de desinformação sobre vacinas, causando danos inestimáveis à saúde pública, algo que vimos acontecer durante a pandemia. Nem que grupos criminosos se organizem para tentar um golpe de Estado, tendo por base uma campanha de mentiras para desacreditar o sistema eleitoral veiculada nas redes e grupos de mensagem. Ou, ainda mais grave, que perfis incentivem atentados em escolas, e a plataforma que os hospeda lave as mãos.

Não existe um mundo virtual e outro real, como alguns querem acreditar. Os avanços tecnológicos já criaram quase a simbiose entre eles, numa marcha que tende a acelerar ainda mais com a introdução da inteligência artificial. A esfera digital faz parte da vida em sociedade, e seus efeitos importam na realidade de cada um de nós. E, definitivamente, não há liberdade para o cometimento de crimes, seja nas ruas ou nas redes!

A internet e as redes sociais são maravilhas contemporâneas que encurtaram distâncias, proporcionaram encontros e reencontros antes impensáveis, uma economia digital pujante e criativa, soluções tecnológicas que revolucionam e impactam todas as áreas de atuação. Impedir o uso destrutivo dessas ferramentas e reverter toda essa potência para o bem da humanidade é uma questão civilizatória, um dos maiores desafios do nosso tempo. Mãos à obra!

Por: Orlando Silva, deputado federal (PCdoB-SP), é o relator do PL das Fake News

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Na PF Bolsonaro diz que só soube de joias em 2022, mas seu gabinete tentou reaver colar um ano antes

Num depoimento de três horas à Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro deu, pela primeira vez, explicações oficiais sobre a tentativa de esconder do fisco caixas com joias e diamantes presenteadas pelo regime da Arábia Saudita. Segundo a defesa, o ex-presidente disse que só soube um ano depois da existência das joias que tinham sido apreendidas pela Receita Federal em outubro de 2021.

No depoimento, Bolsonaro alegou que pediu a auxiliares para obter informações sobre as joias apreendidas para evitar um suposto “vexame diplomático” porque as peças tinham sido dadas como presente e poderiam ir a leilão. As declarações de Bolsonaro se chocam, no entanto, com os documentos do seu próprio governo. Como mostrou o Estadão, foram feitas pelo menos oito tentativas para retirar as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões do cofre da Receita no aeroporto de Guarulhos. Três tentativas ocorreram ainda em 2021, sendo que uma delas partiu do gabinete presidencial.

Bolsonaro recebeu três caixas que estão avaliadas em cerca de R$ 18 milhões. Duas caixas foram trazidas da Arábia Saudita para o Brasil pela comitiva do então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque em outubro de 2021. Uma delas continha colar de diamantes destinado à primeira-dama Michelle Bolsonaro e foi apreendida pelos fiscais da Receita no aeroporto de Guarulhos. A caixa estava na mochila de um assessor de Bento Albuquerque.

Outra caixa, com relógio, anel e abotoaduras entrou no País sem ser notada. A terceira caixa fora recebida pelo próprio Bolsonaro em 2019, quando visitou o governo saudita.

Logo após a apreensão, ainda em outubro de 2021, o gabinete de Bolsonaro enviou um ofício ao ministério de Bento falando da necessidade de destinação das joias para o acervo pessoal ou da presidência. Até o Itamaraty foi acionado para tentar liberar as joias naquele ano.

Bolsonaro recebeu três caixas de joias. A primeira, com colar de diamantes, seria para Michelle Bolsonaro. Acabou apreendida pela Receita Federal em outubro. As outras duas estavam com o próprio ex-presidente. Uma tinha entrado no País naquele mesmo mês sem ser vista pela Receita Federal. Estava escondida na bagagem de mão da comitiva do então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Ela continha um jogo de relógio, anel e abotoaduras.

Uma terceira caixa havia sido recebida pelo própria Bolsonaro quando visitou aquele País em 2019. O ex-presidente só admitiu estar com as joias depois que a existência delas foi noticiada pela Estadão.

As duas caixas que estavam em seu poder tinham sido guardadas numa fazenda do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet em Brasília. Foi para lá que Bolsonaro despachou caixas com presentes que julgou ser parte de seu patrimônio pessoal.

O Tribunal de Contas da União (TCU) tem entendimento diferente. Considera que as peças são um presente dado pelo regime da Arábia Saudita ao representante do governo brasileiro e fazem parte do acervo público da Presidência da República. Não pode ser vendidas, nem ficar para uso pessoal do ex-presidente. O TCU mandou Bolsonaro devolver todas as caixas que estavam em seu poder. A terceira caixa foi entregue na véspera do depoimento.

Ao final do depoimento, o ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, Fabio Wanjgarten, usou sua rede social para dizer que o ex-presidente respondeu a todas as perguntas feitas pela PF, mas não deu mais detalhes.

quarta-feira, 15 de março de 2023

Ações afirmativas como instrumento de combate à desigualdade social

As ações afirmativas são políticas públicas focalizadas que buscam minorar a desigualdade política, social e econômica entre grupos de uma sociedade. Esse tipo de ação faz-se necessário quando a assimetria de oportunidades entre grupos sociais deriva de suas características culturais, fenotípicas, biológicas ou de injustiças históricas, comuns em sociedades que sofreram processos de colonização escravocrata, segregação racial, guerras civis.

Ações afirmativas também são fundamentais em sociedades multiculturais ou com intensos fluxos migratórios. Sua premissa básica é promover igualdade de acesso a oportunidades. Suas ações propõem o tratamento desigual aos desiguais para a construção de uma distribuição equitativa de bens e oportunidades. São importantes mecanismos para a ampliação da mobilidade social ascendente.

Elas permitem, ainda que de forma reduzida, que os caminhos percorridos por indivíduos de determinados grupos sejam frutos de sua escolha, e não de suas circunstâncias. Pois abarcam a promoção dos direitos civis, a emancipação material e a valorização de patrimônio cultural.

Diferenciam-se das ações antidiscriminatórias. Estas são dispositivos para punir e coibir atos de discriminação e para conscientizar e educar em relação ao tema da discriminação. Já as ações afirmativas são medidas para favorecer os grupos que sofrem discriminação.

O termo foi utilizado pela primeira vez nos EUA, na década de 1960, referindo-se a políticas governamentais voltadas para combater-se a desigualdade entre brancos e negros. Suas linhas de atuação abrangem: a priorização no atendimento de serviços públicos como educação e saúde; a proteção social e empregabilidade; o reconhecimento legal de suas tradições culturais e o fomento à sua continuidade e o combate ao preconceito sofrido por caminhos jurídicos, políticos e sociais.

 

Tipos de ações afirmativas

As ações afirmativas visam minorar as distorções impostas pela desigualdade. São empreendidas, principalmente, pelos governos, mas podem ocorrer também no ambiente empresarial, por iniciativa de grupos da sociedade civil organizada e mesmo por organizações multilaterais. Quanto ao modo de aplicação, também é variável, pode ser centralizado ou descentralizado, voluntário ou determinado por lei.

A dimensão socioeconômica, que abrange educação e renda, é a principal seara em que essas ações são desenvolvidas. São exemplos de ações afirmativas políticas sociais: bolsas; auxílios; reserva de vagas prioritárias em programas de habitação; creche; empréstimos; redistribuição de terras; cotas em diversos níveis de ensino e em concursos públicos; estímulo à contratação de indivíduos de grupos sociais discriminados; fundos de estímulo e preferência em contratos públicos.

Além da dimensão material, oportunizada principalmente pelo acesso à educação, ao emprego, à habitação e aos meios de subsistência, as ações afirmativas englobam também a dimensão simbólica e cultural por meio de políticas de proteção a estilos de vida de povos tradicionais, como: povos indígenas; quilombolas; ciganos e ribeirinhos.

Outro exemplo é o estabelecimento de metas mínimas de participação na imprensa, como em novelas, propagandas e programas de TV, isso aumenta a representatividade de grupos que, mesmo compondo grandes grupos populacionais, têm sido sistematicamente excluídos de posições de visibilidade midiática.

Outro foco das ações afirmativas é a dimensão política, posto que a sub-representação de determinados grupos nas esferas de poder transforma-os em minorias políticas, cujas demandas não são devidamente absorvidas nas casas legislativas e nos cargos de decisão política e jurídico-administrativa.

Por isso, as leis e programas que procuram ampliar a participação de pessoas oriundas de grupos com baixa representação nos parlamentos, como verbas específicas destinadas a suas candidaturas ou reserva de vagas no Legislativo, são também exemplos de ações afirmativas.

Importância das ações afirmativas

As ações afirmativas desempenham importante papel no combate à desigualdade social e às segregações. Elas permitem que pessoas de origens distintas alcancem espaços de influência no âmbito educacional, político, econômico, socioprofissional e cultural. Não se trata de concessão de benefícios ou privilégios, mas da efetivação de direitos assegurados pela Constituição.

A princípio, pode parecer que essas ações são vantajosas somente para os indivíduos que, por meio delas, alcançam novos espaços. Todavia, as instituições e a sociedade também saem fortalecidas desse processo.

Permitir que pessoas com origens e vivências distintas participem da construção do conhecimento acadêmico, da formulação e operação das leis, das funções de Estado, da associação política, das diversas posições hierárquicas no mercado de trabalho, significa construir o caminho para que o perfil demográfico da sociedade seja representado em todas as suas atividades produtivas e decisórias e que essas sejam consideradas legítimas perante a população como um todo.

A própria saúde do tecido social depende dessa interconexão de pessoas participando de várias instituições com suas visões de mundo produzindo um debate público comum. A exclusão de determinados grupos, além da perniciosa desigualdade socioeconômica, gera conflitos, violência, radicalismos e numa situação extrema impede a pactuação de consensos mínimos que nos constituem enquanto sociedade, tais como a democracia, a ciência, a cidadania, e os direitos civis básicos.

Ações afirmativas no Brasil

As cotas para pessoas com deficiência no serviço público são consagradas pela Constituição de 88. A Constituição Cidadã também assegura os direitos dos povos originários. Em 2007, o Governo Federal instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, que reconhece formalmente as especificidades desses grupos e garante seus direitos territoriais e socioeconômicos e a valorização de sua cultura.

A partir da década de 2000, foram desenvolvidas ações afirmativas para a população negra, com a qual o Brasil tem uma dívida histórica pelos quase quatro séculos de escravidão e por não ter formulado políticas específicas para os ex-escravizados após a abolição, relegando-os à pobreza e precariedade, principalmente nas grandes cidades, o que prejudicou de forma crucial a eles e a sua descendência.

Dentre as ações afirmativas no Brasil para a população negra, podemos citar:

o Estatuto da Igualdade Racial

a Lei de Cotas no Ensino Superior

as Leis 10.639/03 e 11.645/08

Em 2014, a Lei 12.990 instituiu a reserva de 20% das vagas no serviço público federal para a população negra.

A primeira universidade brasileira a adotar o sistema de cotas para estudantes de escolas públicas foi a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Inicialmente, a reserva de vagas era de 50%. A partir de 2004, a divisão passou a ser:

20% das vagas para estudantes de escolas públicas;

20% para quem se autodeclara negro ou indígena;

5% para outras minorias étnicas, pessoas com deficiência ou filhos de agentes públicos.

Assim, 45% das vagas da UERJ são destinadas a indivíduos nessas condições desde que tenham baixa renda per capita. A partir de 2012, com a Lei de Cotas, todas as universidades e institutos federais reservam 50% de suas vagas a estudantes de escolas públicas.

A Universidade Federal de Goiás instituiu cotas sociais e raciais em 2008 com o programa UFGINCLUI.

A Universidade Federal de Goiás instituiu cotas sociais e raciais em 2008 com o programa UFGINCLUI.

As ações afirmativas para ampliar a participação feminina na política existem desde a década de 1990, mas sem conseguir grandes resultados nas décadas seguintes. Em 2018, o STF garantiu que 30% do fundo partidário sejam destinados a candidaturas femininas.

Em 2012, o Supremo Tribunal Federal decidiu por unanimidade que as ações afirmativas são constitucionais e de suma importância na correção das desigualdades. O Estado brasileiro tem avançado nessa pauta, ainda que haja muito por fazer.

Por outro lado, as grandes empresas brasileiras têm deixado a desejar. Segundo pesquisa realizada, em 2016, pelo Instituto Ethos e apoiada pela ONU e OIT, as grandes empresas brasileiras não desenvolvem ações para promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres e entre brancos e negros. Quando o fazem, são ações pontuais, sem planos e metas de médio e longo prazo.