Os ministros do tribunal
iniciaram nesta quarta-feira (12) o julgamento final do tema, mas houve um
pedido de vista e há um prazo de 60 dias para ser retomado. Tudo indica no
processo do TCU que para atender aliados políticos e lobistas, o FNDE (Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação) liberou milhares de novas obras ao
fracionar empenhos (que reservam o dinheiro de obras) em pequenas quantias, na
maioria das vezes de R$ 30 mil.
A liberação de novas obras
beneficiou cidades mais ricas, em detrimento daquelas que mais precisam, além
de ter ignorado a reserva de recursos para construção já em andamento. Os autos
devem ser encaminhados ao Ministério Público Federal para investigar
"indícios de ato de improbidade administrativa" e também para a
Polícia Federal.
O Tribunal identificou casos
em que houve liberações de empenhos após reuniões com Milton Ribeiro
intermediadas pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura — pivôs do
escândalo. A proximidade dos pastores com o ex-ministro foi revelada pelo
jornal O Estado de S. Paulo e ele foi demitido em março de 2022, uma semana
depois de a Folha de São Paulo revelar áudio em que falava em priorizar pedidos
dos pastores a mando de Bolsonaro.
O FNDE firmou, entre 2020 e
maio do ano passado, 3.356 termos de compromisso entre o órgão e prefeituras
relacionados a novas obras (construção de creches, escolas, quadras e
reformas). Ao somar os valores das operações aprovadas a partir de empenhos
menores, chega-se a R$ 8,8 bilhões. O valor é 14 vezes superior ao que estava
no orçamento para essa finalidade.
Sob Bolsonaro, o órgão passou
a liberar empenhos de novas obras sem o cumprimento das exigências burocráticas
e legais, como a própria existência de um terreno para que a obra fosse
realizada. Isso foi feito por meio das chamadas aprovações condicionais, como a
Folha também mostrou em 2022.
"O método adotado pelo
FNDE consistia em substituir a análise técnica e prévia do projeto pela
denominada 'aprovação técnica condicional' para, em seguida, empenhar parcela
ínfima do valor necessário para execução da obra e, ato contínuo, celebrar o
intitulado 'termo de compromisso com cláusula suspensiva'", diz o TCU.
Esse formato de aprovações
condicionais perpassa 79% das liberações no período (2.657 termos), o que soma
R$ 7,2 bilhões, considerando o valor total das obras — não apenas o que foi
reservado. São esses os atos que devem ser anulados, segundo o TCU.
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