Defendeu que o Brasil
precisa retornar à normalidade ética e democrática para não só voltar ao
caminho da inclusão e da justiça social, mas também ajudar o mundo a superar
seus mais fundamentais desafios, como as mudanças climáticas, a fome e a
miséria.
“Uma nova inserção do Brasil
no cenário mundial passa, necessariamente, pela reconstrução do país, num
processo de eleições democráticas e verdadeiramente livres, sem fake news,
diferentemente do que ocorreu em 2018”, afirmou (assista abaixo à íntegra do discurso, que pode ser lido aqui).
Denunciou que o governo de
Jair Bolsonaro, resultado direto do processo reacionário que tirou Dilma
Rousseff da Presidência e o levou à prisão injustamente, corrói as finanças
públicas e destrói setores da economia essenciais, como os de engenharia, óleo
e gás, acabando com a maior empresa do povo brasileiro, a Petrobras, para
transformar o Brasil “numa economia onde apenas especuladores e oportunistas
obtêm benefícios”.
“O objetivo indisfarçável do
golpe era reverter o projeto de país soberano, voltado para o desenvolvimento
econômico, social e ambientalmente sustentável, com a geração de emprego e
distribuição de renda para a imensa maioria historicamente excluída”,
ressaltou. “O resultado é que, em apenas cinco anos, os trabalhadores perderam
direitos fundamentais, o desemprego e o custo de vida explodiram, programas
sociais foram abandonados ou descontinuados, incluindo o Bolsa Família. A fome
voltou ao cotidiano das famílias”, acrescentou.
O
que fazer?
Apesar do diagnóstico e da
consciência de que o desafio do Brasil, hoje, é maior que o enfrentado em 2003,
quando chegou à Presidência, Lula fez questão de se dizer otimista na
capacidade do país de se reerguer e voltar a contribuir para a construção de um
mundo mais justo.
Internamente, o Brasil
precisa voltar a fazer política voltada para o seu povo, disse o criador do
Partido dos Trabalhadores. “A ideia de que não tem dinheiro é induzida para que
você guarde para pagar ao sistema financeiro. Quando, na verdade, você poderia
gastar, era só ter vontade de fazer uma coisa mais produtiva para o país. (…)
Tem gente que acha que dinheiro é bom é dinheiro guardado. Não. Dinheiro bom é
dinheiro transformado em investimento, em educação, em obras, em estrada,
ferrovia, ponte, em laboratório, em universidade… Porque é um dinheiro que vai
ter retorno, que vai voltar”, defendeu, pouco antes de classificar o ministro
da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, de um “destruidor de países”.
Globalmente, após retomar
sua soberania, caberá ao Brasil contribuir para que o mundo supere seus
desafios. “O Brasil são 213 milhões de seres humanos, das mais diversas
origens, com capacidade de trabalhar, aprender, ensinar e sonhar. Na medida em
que o povo brasileiro volte a decidir sobre os rumos do país, estou certo de
que atuaremos fortemente em todas as iniciativas para superar a indecente
desigualdade entre países, e garantir a segurança ambiental do planeta. Esta é
a nossa vocação e foi nossa prática quando governamos”, assegurou.
Lula, então, defendeu a
união da humanidade por meio de uma nova governança global, na qual todos os
governos, e também a sociedade civil, tenham voz. “Até quando a ganância dos
ricos, o isolacionismo dos governos e o individualismo vão prevalecer sobre os interesses
do planeta e da humanidade? Estamos falando da responsabilidade dos Estados
nacionais e da recuperação do papel da Política, em seu mais elevado sentido,
para enfrentarmos juntos e coordenadamente o desafio da desigualdade. O atraso,
a pobreza e a fome não são mandamentos divinos. São o resultado do que fazemos
ou deixamos de fazer neste mundo”, conclamou.
“O mundo ainda vive a grande
crise causada pela pandemia. Como ocorreu depois de outras grandes crises, é
necessário reconstruir as instituições internacionais sobre novas bases. Não
podemos continuar governados pelo sistema criado após a Segunda Guerra Mundial.
É urgente convocar uma conferência mundial, com representação de todos os
Estados, e participação da sociedade civil, para definir uma nova governança
global, justa e representativa”, propôs.
E concluiu: “Neste planeta
que compartilhamos, o futuro da humanidade precisa ser construído com diálogo e
não autoritarismo, com paz e não com violência; com mais livros e não mais
armas; com mais escolas para termos menos presídios. Com mais verdade, e menos
mentiras. Com mais respeito à natureza, para assegurarmos a água, o ar e a vida
para nossos filhos e netos. Com mais acolhimento e solidariedade, e menos
exclusão”.
Fonte: https://ptnacamara.org.br
https://www.youtube.com/watch?v=hKecZMAo66Y
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