No domingo (31), ao final da
reunião do G20, grupo dos 20 países mais ricos do mundo, Bolsonaro deslocava-se
para a Embaixada do Brasil na Itália para se encontrar com apoiadores, quando
foi abordado por jornalistas. O correspondente da Globo, Leonardo Monteiro,
perguntou a Bolsonaro por que ele não participou dos eventos daquela manhã na
reunião de cúpula. Bolsonaro ficou isolado dos demais líderes na maior parte da
reunião.
“É a Globo? Você não tem
vergonha na cara?”, respondeu Bolsonaro. Em seguida, o jornalista foi agredido
por um segurança, que lhe deu um soco no estômago. Jamil Chade, colunista do
UOL, tentou filmar o ocorrido, e acabou também agredido. Um segurança lhe
aplicou uma chave de braço e tomou seu celular, que foi jogado no chão. Também
houve agressão a uma jornalista da Folha de S. Paulo e a outra da TV Globo.
“Repudiado por governantes
do mundo inteiro, em cada evento de chefes de Estado o senhor mostra que o país
foi relegado a uma situação de um pária na comunidade internacional”, escreve o
presidente da ABI. “Na reunião do G-20 neste fim de semana, mais uma vez, o
senhor foi obrigado a ficar pelos cantos, como aqueles convidados indesejados a
quem ninguém dá atenção. Como reação, age como um troglodita, hostilizando e
estimulando agressões a jornalistas que lhe fazem perguntas corriqueiras. É de
dar vergonha”, diz a carta.
Leia
a íntegra da carta aberta da ABI:
Mais uma vez o senhor
envergonha o Brasil, presidente. Repudiado por governantes do mundo inteiro, em
cada evento de chefes de Estado o senhor mostra que o País foi relegado a uma
situação de um pária na comunidade internacional.
Na reunião do G-20 neste fim
de semana, mais uma vez, o senhor foi obrigado a ficar pelos cantos, como
aqueles convidados indesejados a quem ninguém dá atenção. Como reação, age como
um troglodita, hostilizando e estimulando agressões a jornalistas que lhe fazem
perguntas corriqueiras. É de dar vergonha.
Na cerimônia de abertura do
evento do G-20, no sábado, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi,
cumprimentou os chefes de Estado e de governo com um aperto de mão, mas o
evitou claramente, fato devidamente registrado pela imprensa italiana. Não quis
ser fotografado ao seu lado. Mas as coisas não ficaram por aí.
Percebendo que era quase um
penetra na festa, o senhor preferiu não aparecer para a foto oficial com os
estadistas do mundo inteiro. Sentiu a rejeição generalizada. Tampouco sentiu-se
à vontade para participar do passeio organizado pelo governo italiano para os
líderes do G20, que tiraram fotos jogando moedas na Fontana di Trevi, tradicional
ponto turístico de Roma.
Mas o vexame e a vergonha
foram maiores. Não pararam por aí. Seus seguranças agrediram jornalistas
brasileiros e roubaram seus equipamentos em represália a perguntas simples
sobre as razões pelas quais o senhor não cumpriria a agenda comum aos demais
chefes de Estado.
Repórteres da TV Globo e do
jornal Folha de S. Paulo e um colunista do Uol foram à delegacia de polícia
formalizar queixa das agressões praticadas por seus seguranças. Foi, talvez, um
acontecimento inédito.
Mesmo assim, o senhor e os
demais membros de sua comitiva, aí incluídos representantes do Itamaraty, foram
incapazes de uma palavra de desculpa aos profissionais que estavam apenas
trabalhando. Ao contrário, continuaram hostilizando os jornalistas brasileiros.
A ABI mais uma vez faz o
registro: com o seu comportamento avesso à democracia e com ataques constantes
à imprensa e ao trabalho dos jornalistas, o senhor estimula essas agressões.
Assim, torna-se também responsável por elas.
E, como numa bola de neve,
elas só aumentam seu isolamento e o repúdio que o senhor recebe da comunidade
internacional. Pior, o isolamento não é só seu. Atinge e envergonha o país que
o senhor representa. O senhor está tornando o Brasil um pária na comunidade
internacional, presidente. Tenha compostura.
Por:
Paulo
Jeronimo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
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