O Brasil vive o mais longo
período de aumento de desigualdade da sua história, com crescimento da
concentração de renda há 17 trimestres, segundo estudo do economista da FGV
Social Marcelo Neri. O levantamento mostra ainda que o número de pobres cresceu
no país e chegou a 23,3 milhões em 2017, dado mais recente. São pessoas que
vivem com menos de R$ 233 por mês.
O desemprego elevado, que
ainda atinge 12 milhões de pessoas, é a principal causa para a alta da
desigualdade. A dificuldade de encontrar uma vaga prejudica ainda mais os
jovens. A renda do trabalho dos brasileiros com idade entre 20 e 24 anos
encolheu 17% entre o quarto trimestre de 2014 e o segundo trimestre de 2019,
diz o estudo.
Se considerados, além dos
desempregados, as pessoas que desistiram de procurar emprego diante da
dificuldade de encontrar uma vaga, trabalhadores que fazem uma jornada semanal
inferior a 40 horas e gostariam de trabalhar mais, e pessoas que procuraram
vaga mas não estavam disponíveis para começar por razões diversas, como não ter
com quem deixar o filho, é possível dizer que falta trabalho para 28,4 milhões
de brasileiros.
Esse grupo ficou estável em
relação ao começo do ano, mas cresceu na comparação com o segundo trimestre de
2018, em 923 mil pessoas. O número de desalentados, aqueles que desistiram de
procurar vaga por falta de esperança, foi estimado em 4,9 milhões de pessoas.
A desigualdade de renda no
Brasil aumentou nos últimos 17 trimestres – 51 meses – consecutivos e deu início
ao maior período já documentado no país, de acordo com o estudo do economista
Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Na avaliação do diretor técnico
do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, essa alta é resultado da política econômica do
governo, desde o impeachment de Dilma Rousseff.
“O país voltou a ter
políticas econômicas que aumentam a desigualdade, principalmente por conta do
desemprego e uma situação precária do mercado de trabalho. Tudo isso converge
nesse resultado”, explica Clemente, à Rádio Brasil Atual, ao relacionar a
elevação da pobreza com o aumento do desemprego.
Segundo o estudo, nem mesmo
em 1989, que constitui o nosso pico histórico de desigualdade brasileira, houve
um movimento de concentração de renda por tantos períodos consecutivos. Durante
os últimos17 trimestres – desde o início de 2015, quando os derrotados nas
eleições de 2014 começaram a passar por cima do resultado das urnas –, a renda
da metade mais pobre da população caiu cerca de 18%, somente o 1% mais rico
teve quase 10% de aumento no poder de compra.
“Esse crescimento também
elevou a pobreza, tínhamos 8,4% da população vivendo em estado de pobreza,
agora são 11,2%. Temos 23 milhões de pessoas vivendo em situação de pobreza.
Nesses quatro anos, perdemos o que construímos e ganhamos durante uma década,
quando o Brasil foi considerado um exemplo de país na redução de pobreza, mas
interrompido com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff”, afirmou o diretor
técnico do Dieese.
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