Segundo
o Ipea, essa queda impactou mais os domicílios de renda mais alta, o que fez
com que, nos três primeiros meses de 2022, houvesse uma redução de
desigualdade, em relação ao mesmo período de 2021. Os dados do estudo mostram
que os domicílios de renda mais alta foram os que tiveram uma queda da renda
habitual de 3,98%, enquanto a faixa de renda baixa teve uma queda de 1,17%.
De
acordo com o Ipea, a maior redução dos rendimentos entre aqueles com renda mais
alta deve-se a queda da renda dos trabalhadores do setor público. Os empregados
com carteira no setor privado, sem carteira no setor privado e, sobretudo, do
setor público encontraram dificuldade em negociar reposições salariais ao longo
de 2021, apesar da recuperação do crescimento da atividade econômica observada
no ano.
No
primeiro trimestre de 2022 a renda domiciliar do trabalho da faixa de renda
alta era 28 vezes maior que a da faixa de renda muito baixa, valor menor que no
primeiro trimestre de 2021: que era 28,8.
Em
2022 houve ainda um aumento da proporção de domicílios com renda do trabalho.
Isso, segundo o Ipea, é uma das consequências da pandemia. No primeiro
trimestre de 2020, 22,35%, o equivalente a pouco mais de um a cada cinco
domicílios no país, não possuía renda proveniente do trabalho. Essa porcentagem
aumentou para 28,55% no mesmo período de 2021 e, em 2022, chegou a 23,35%.
O
recorte regional indica que a renda efetiva mostrou maiores quedas nas regiões
Sudeste e Sul, com quedas de 8,2% e 6,1% respectivamente. Em relação ao gênero,
as mulheres tiveram queda maior que os homens nos rendimentos efetivos e habituais.
Segundo o Ipea, essas quedas foram de 6,7% para as mulheres contra 5,5% para os
homens na renda efetiva no primeiro trimestre de 2022 e de 8,7% para as
mulheres contra 8,3% para os homens na renda habitual.
O
estudo mostra ainda que, apesar da queda na renda no primeiro trimestre de 2022
em relação ao mesmo trimestre de 2021 se deve, em parte, ao retorno de
trabalhadores menos qualificados ao mercado de trabalho, tanto a renda efetiva
quanto a habitual ainda estão abaixo dos níveis anteriores à pandemia, havendo
queda da renda em comparação com os primeiros trimestres de 2019 e 2020.
O Ipea considera a renda efetiva como o que os trabalhadores receberam de fato pelo trabalho e a habitual como o que costumam receber.
Menor valor desde 2012
Hoje
(10) também o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Rendimento de todas
as fontes 2021. A pesquisa do IBGE mostra que, no segundo ano de pandemia, em
2021, o rendimento médio dos brasileiros caiu para o menor patamar registrado
desde 2012. O rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2021 foi de
R$ 1.353. Em 2012, primeiro ano da série histórica da pesquisa, esse rendimento
era o equivalente a R$ 1.417. Em 2020, no primeiro ano de pandemia, era de R$
1.454.
A
pesquisa do IBGE considera não apenas a renda por trabalho, mas todos os
rendimentos, incluindo, por exemplo, aqueles provenientes de programas sociais
como o auxílio emergencial. Os dados são referentes ao ano passado e não
chegam, como o Ipea, a tratar de 2022.
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