"É
claro que em todos esses períodos nós temos uma preocupação imensa com a
disseminação de desinformações, com campanhas de desinformação que são
orquestradas por comportamentos inautênticos, o tribunal está obviamente atento
a isso, tomando atitudes preventivas, e obviamente nós estamos, antes de tudo,
adotando a perspectiva segundo a qual a informação deformada se combate, se
enfrenta com informação correta", declarou.
"Claro
que, se houver necessidade de chegarmos ao ponto tal em que o tribunal
eleitoral tenha que sancionar alguns comportamentos, a Justiça Eleitoral
obviamente não se furtará de exercer de sua atividade também sancionadora e
punitiva", reforçou ele.
Fachin
não citou nominalmente o presidente Jair Bolsonaro ao fazer esses alertas,
embora tenha defendido o atual modelo de votação. Bolsonaro tem feito duros
ataques — sem apresentar evidências — contra a confiabilidade das urnas
eletrônicas.
A
declaração de Fachin vem também no mesmo momento em que se discutiu a decisão
de Nunes Marques, outro ministro do STF, de devolver o mandato ao deputado
estadual Fernando Francischini. O político do Paraná, filiado ao União Brasil,
teve seu mandato cassado pelo TSE em 2021 por divulgar notícias falsas sobre o
processo eleitoral. No dia da votação do primeiro turno das eleições de 2018, o
parlamentar fez uma live em que afirmou haver fraude nas urnas eletrônicas, mas
sem apresentar nenhum tipo de prova. Ele alegou que os equipamentos estavam
impedindo o registro de votos para o então candidato à Presidência Jair
Bolsonaro.
A
decisão de Nunes Marques sofre críticas das mais diversas áreas da sociedade e
causou um grande desconforto dentro do STF. A 2ª Turma da Corte julgará o caso
de Francischini nesta terça. O plenário da Corte também analisará a pauta numa
sessão virtual.
Forças Armadas
O
presidente do TSE defendeu a participação das Forças Armadas no apoio aos
trabalhos do tribunal na preparação das eleições, seja ajudando na logística de
envio das urnas para as zonas eleitorais mais remotas, seja pela presença na
Comissão de Transparência das Eleições, a qual disse que tem sido
"técnica".
"Não
há indício de qualquer fissura na institucionalidade das Forças Armadas",
disse ele, ao destacar que não vê nenhum tipo de iniciativa dos militares que
poderia embaraçar o resultado do pleito.
Comandante
em chefe das Forças Armadas, Bolsonaro reiteradamente tem usado o discurso de
proximidade dos militares e ascendência sobre eles para defender a legalidade
do processo eleitoral.
Fachin
disse que os "ruídos" estão no campo da política e que, no campo
jurídico e de administração das eleições, não há "nenhuma circunstância
que esteja impedindo o desenrolar normal do cronograma" do pleito,
assegurando que haverá, sim, a eleição em outubro e a diplomação dos escolhidos
até o dia 19 de dezembro.
Ao
rebater indiretamente um comentário recorrente de Bolsonaro, o presidente do
TSE disse que não há "sala escura" na Justiça Eleitoral e que o
processo é "profundamente transparente" e aberto às entidades
fiscalizadoras.
Fachin
repetiu que o tribunal tem atuado para garantir a presença de observadores
internacionais e convidados para acompanhar etapas do processo eleitoral.
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