Em depoimento à CPI da Covid
no Senado, Araújo, que deixou o posto ao ser demitido em março deste ano,
afirmou que o Itamaraty agiu desde o início, através das embaixadas, para
buscar informações sobre pesquisas de medicamentos e vacinas contra a Covid-19.
No entanto, o ex-chanceler afirmou que decisões sobre busca de insumos foram
tomadas pela pasta da Saúde.
"O Itamaraty,
praticamente em todos os momentos, atuou por coordenação com o Ministério da
Saúde", disse Araújo, acrescentando que a estratégia de negociações em
relação à vacina Oxford/Astrazeneca e o consórcio Covax Facilities, foram definidos
pela Saúde. "Houve uma estratégia, como eu disse, definida, ao que eu sei,
fundamentalmente pelo Ministério da Saúde."
Questionado sobre a decisão
do governo brasileiro de aderir ao Covax pelo mínimo exigido --a compra de
vacinas equivalente a 10% da população, em vez do máximo permitido, 50%--
Araújo garantiu também que a decisão foi tomada pela Saúde.
"Essa decisão não foi
minha, não foi do Ministério das Relações Exteriores, foi uma decisão do
Ministério da Saúde, dentro da sua estratégia de vacinação", garantiu.
"Foi uma decisão tomada, entendo, pelo Ministério da Saúde, e não sei se
coordenou com outros órgãos, mas não com o Itamaraty."
Ao ser perguntado sobre quem
teria dado a ordem no ministério, respondeu: "Não sei quem deu a ordem.
Entendo que qualquer decisão do Mistério da Saúde é do ministro". À época,
o ministro da Saúde era Eduardo Pazuello, que será ouvido na quarta-feira pela
CPI.
A adesão do Brasil ao
consórcio foi feita em setembro de 2020. Em dezembro, foi anunciada a decisão
pelo valor mínimo - o equivalente a 42,5 milhões de doses de vacina, o
suficiente para imunizar apenas 21,25 milhões de brasileiros.
À época, como mostrou a
Reuters, o governo brasileiro apostava no contrato para desenvolvimento da
vacina Oxford/Astrazeneca, produzida no Brasil pela Fundação Osvaldo Cruz. Ao
mesmo tempo em que optou por um contrato pequeno com o consórcio, o ministério
arrastou por meses as negociações com a Pfizer, que foram concluídas apenas em
março.
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