Após reunião da diretoria da
Associação de Oficiais da PM do Estado de São Paulo realizada quarta-feira
(8/07), o coronel da reserva Glauco Carvalho renunciou ao cargo de
vice-presidente da instituição por discordar da maioria dos demais associados,
que apoiam o presidente Jair Bolsonaro.
Em carta entregue aos
colegas, ele disse: "É a decisão mais coerente que eu poderia tomar. Se
apregoo e defendo a democracia, nada mais justo e lícito que pedir minha saída,
uma vez que o eleitorado da Associação de Oficiais é majoritariamente
bolsonarista", afirmou.
Glauco comandou o
policiamento da capital do Estado antes de passar para a reserva. Em janeiro,
em entrevista ao Estadão, disse que se sentia envergonhado como militar diante
de "tantas ações atabalhoadas, extravagantes, ridículas e mesquinhas"
de Bolsonaro.
Na carta entregue aos
colegas, o coronel volta à carga contra o presidente. "Convivi com um
jovem deputado chamado Jair Messias Bolsonaro no inicio dos anos 90. Ele é a
antítese do que é um militar na acepção lata da palavra", afirmou.
"Como todo espertalhão,
prega a ordem, mas descumpriu a ordem estabelecida em normas legais no final
dos anos 80. Como todo falastrão, defende o militarismo, mas foi um
indisciplinado por excelência. Como todo estelionatário, prega moralismos, mas
é useiro e vezeiro em transgredir preceitos éticos públicos. Como todo incauto,
despreza e desdenha da doença e da dor alheias. Como todo insensato, cria
confusões e disputas em torno de problemas que na realidade não existem. Como
todo radical, agride verbalmente e ofende seus adversários. Como todo imaturo,
não pode ser contrariado. Como todo estulto, quer valer-se das armas para depor
os mecanismos pelos quais ele foi alçado ao poder. Como todo arrivista, quer o
poder pelo poder", disse Glauco.
O coronel também criticou a
aproximação de Bolsonaro com o 'centrão', afirmando que o Planalto hoje
"depõe sua confiança em parte do estamento político contra o qual fez toda
sua campanha", como Roberto Jefferson e Valdemar Costa Neto. "Suas
relações incestuosas com a família Queiroz são o retrato mais aparente da
prática delituosa da família Bolsonaro", afirmou Glauco.
Segundo ele, a oficialidade
cometeu "grave erro, um erro histórico" devido a integrantes que,
"por um engodo, tem feito uma opção que julgo não ser a mais adequada".
"Temos que analisar o quadro desprovido das lentes da ideologia, que esse
governo tanto apregoa. Não podemos agir como torcida organizada. O fim do
campeonato nem sempre pode nos ser benéfico".
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